sexta-feira, 11 de março de 2011

A semana e o carnaval

Se fosse possível fazer projeções sobe investimentos em ações e depois pedir aos mercados que colaborassem com suas projeções, os resultados talvez não fossem tão próximos às previsões como têm sido. O movimento da semana passada foi de alta de 1,7%, contra a queda de 1,7% na semana anterior. Já estamos alertando para esse fenômeno que ocorre com as ações no Brasil hoje: a falta total de direcionamento. Existem muitos motivos para otimismo e talvez o mesmo número de motivos para ficarmos ressabiados. O que acontece então? Uns escolhem a aposta otimista e outros a menos favorável, os mercados se tornam pouco direcionados. Pelo menos é o que ocorre neste momento.

Em 2011, a Bovespa caiu 1,9% até agora e o câmbio se valorizou 0,4%. Em ambos os casos podemos dizer que o mercado andou “de lado”, feito caranguejo. Essa falta de direcionamento deve permanecer ainda por alguns dias, semanas, talvez meses, salvo se uma notícia muito boa ou muito ruim acabar por fazendo o papel de catalizador de um viés mais evidente para esses mercados.  Ficando no campo das probabilidades, também é fácil antever que nada de muito diferente vai ocorrer nos próximos dias, até porque os eventos muito raros – para bem ou para mal – são justamente isso, “raros”.

O mais entediante da economia é justamente essa análise fria, que pouco emociona e não lida com as “teorias de conspiração”, nem revela “segredos milagrosos”. Essa opção pelo óbvio, apesar de ser um pouco chata, tem um grande valor informativo. É claro que, de tempos em tempos, eventos muito raros e inesperados acabam por fazer com que as projeções se mostrem ineficazes, mas isso ocorre muito menos do que se quer fazer crer, ou seja, alguns analistas fazem sua reputação sempre projetando coisas bizarras, que a cada dez anos, esporadicamente, ocorrem. Quando acertam, esse tipo de analista corre para amealhar a fama momentânea, e poucos se lembram de quantos erros foram cometidos à espera desse acerto muito distinto e fora da curva. Este boletim escolheu o caminho do óbvio e mais chato, porque quer informar, e não pretende ser a prova de que os analistas que o produzem são imbuídos de poderes sobrenaturais.

Tudo isso para dizer: é fato que o petróleo terá mais dias de sobe e desce por conta da crise no Oriente Médio. É fato que a bolsa vai sambar para lá e para cá de acordo com essas notícias, mas na média vai ficar entre 65 mil e 70 mil pontos, e é outro fato, muito chato, que o câmbio deverá permanecer neste patamar nas próximas semanas.  Abaixo duas dicas da semana passada e o que ocorreu de fato:

Nesta semana o Banco Central deve elevar a Selic em mais 0,5 ponto porcentual. Normalmente esses movimentos já estão precificados, mas certamente criam um ambiente mais favorável à renda fixa e coloca pressão de baixa nos investimentos em renda variável (ações). O que ocorreu: elevou! 

Atenção:
Os preços do petróleo têm subido por causa dos movimentos populares em países árabes como a Líbia. Todavia, a história mostra que, ao longo do tempo, os movimentos vão se acomodando e que a dependência da venda de petróleo dessas economias é tamanha, que em questão de semanas ou no máximo alguns meses a oferta é normalizada e os preços voltam a cair. Foi assim nas duas invasões do Iraque e em outros momentos tensos na região. Isso indica que a Petrobras atingiu preços provavelmente exageradamente elevados nos últimos dias. O preço do petróleo refluiu um pouco e novas emoções nos aguardam na Líbia com o ultimato desta semana a Kadafi.




Assessoria Técnica  

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