quarta-feira, 30 de março de 2011

Em breve, mais um indicador confiável

O IBGE vai lançar, em 5 de abril, um indicador de preços do atacado, que vai se chamar IPP (Índice de Preços ao Produtor). O indicador será complementar ao IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) que é o índice de preços escolhido pelo governo para ser a referência para a meta de inflação. Enquanto o IPCA mede a inflação que atinge o bolso do consumidor na etapa final da cadeia de produção, o IPP será o indicador do que ocorre com os preços nos elos intermediários desta cadeia. Não existe uma correlação perfeita entre os preços do produtor e os que chegam ao consumidor final, mas com dois indicadores confeccionados sob os tradicionais cuidados e perfeição técnica do IBGE, será possível levantarmos uma série bastante interessante de hipóteses ao longo dos próximos meses.

O indicador novo do IBGE será, sem dúvida, o melhor marcador do que acontece com os preços no atacado, com metodologia moderna e totalmente livre de suspeições. Nasce para avaliar a evolução dos preços de 320 produtos, em 23 setores, na porta da fábrica, sem impostos e fretes – o que retira do indicador uma contaminação indevida, pois se as condições de transporte e/ou as regras tributárias mudam, esses fenômenos não vão interferir no comportamento dos preços capturados pelo IPP.

O índice será produzido com coletas em 1,4 mil empresas, de periodicidade mensal, já disponibilizando, no momento de seu lançamento, uma série de história que teve início em janeiro de 2010. Para se ter uma ideia da seriedade do indicador, o projeto se iniciou em 2001, sendo que a implementação do piloto ocorreu em 2006. Somente dez anos depois do início do projeto, e cinco anos após o piloto, é que o IBGE considera que o índice está metodologicamente acabado.

Para o setor público será um índice de muita importância, pois com essas informações o governo poderá rastrear melhor o “DNA” da inflação. Será mais fácil entender as origens de processos de altas de preços (a rigor, de quedas também) e isso facilita a utilização de instrumentos tanto para acelerar quanto para desaquecer a economia. Também será interessante avaliar, ao longo dos meses, como se dá o processo de transferência de preços entre a indústria, o varejo e o consumidor. Essa poderosa ferramenta será ainda utilizada como um dos componentes para que as autoridades antecipem o desempenho do PIB, antes do término da coleta e processamento dos números das divulgações oficiais, que tendem a ser um tanto defasadas.

Esse indicador também será extremamente relevante nas novas negociações de contratos como o de concessões e de reajustes em contratos particulares e do setor público. Atualmente, os índices usados são muito pouco apropriados, por sofrerem influências externas muito severas e também por deterem metodologia e ponderação inadequadas ao momento econômico do País. De qualquer forma, é sempre bem-vindo um novo indicador, ainda mais da qualidade que sabemos o IBGE possuir. Para a Fecomercio, é mais um avanço e mais um grau de liberdade que ganhamos no acompanhamento periódico que se faz em prol do setor. A seguir os setores da indústria de transformação que serão pesquisados para a confecção do IPP:

Indústrias de Transformação : 

10 - Fabricação de produtos alimentícios
11 - Fabricação de bebidas
12 - Fabricação de produtos de fumo
13 - Fabricação de produtos têxteis
14 - Confecção de artigos de vestuário e acessórios
15 - Preparação de couros
16 - Fabricação e produtos de madeira
17 - Fabricação de celulose, papel e produtos de papel
18 - Impressão e reprodução de gravações
19 - Fabricação de coque. de produtos derivados do petróleo e de biocombustíveis
20B - Fabricação de sabões, detergentes, produtos de limpeza, cosméticos, produtos de perfumaria e de higiene pessoal
20C - Fabricação de outros produtos químicos
21 - Fabricação de produtos farmoquímicos
22 - Fabricação de produtos de borracha e de material plástico
23 - Fabricação de produtos de minerais não metálicos
24 - Metalurgia
25 - Fabricação de produtos de metal, exceto máquinas e equipamentos
26 - Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
27 - Fabricação de máquinas, aparelhos e materiais elétricos
28 - Fabricação de máquinas e equipamentos
29 - Fabricação de veículos automotores, reboques e carrocerias
30 - Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos automotores
31 - Fabricação de móveis 

Assessoria Técnica 

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