terça-feira, 15 de março de 2011

Nem terremoto japonês tira o marasmo do mercado brasileiro

A semana passada foi uma semana curta, com o feriado de carnaval. Mas nada de novo aconteceu nos mercados financeiros do Brasil. Nem mesmo o maior terremoto da história do Japão alterou o quase marasmo de nossos mercados cambiais e de ações. O que a bolsa ganha em uma semana, tem perdido na imediatamente posterior. Claro que isso não é uma regra, mas como tem acontecido desta forma, fica mais evidente a falta de direcionamento do mercado acionário neste momento. Com o câmbio, as variações também têm sido muito pequenas. De um lado há pressões para desvalorização advindas do déficit em contas correntes (e um pouco de pressão política de alguns setores industriais), de outro há entrada de dólares através de investimentos diretos e de rolagem de dívidas, também batendo recordes. No resultado líquido, existem mais pressões de valorização da moeda do que para desvalorizar, por enquanto.

O importante, principalmente em momentos em que não há clareza sobre os mercados, é ficar atento. Por isso, reservarmos um dia por semana, no mínimo, para avaliar o comportamento dessas variáveis mais relevantes. Sempre que houver algo que se destaque, além dessas variáveis (bolsa e câmbio), avaliaremos os efeitos. Nesses dias, além do mercado acionário em geral e do câmbio, é bom ficar de olho no preço do petróleo (que a rigor começou a se ajustar) e sem dúvida para eventuais problemas pós-terremoto. Se até o momento não houve muita influência do terremoto sobre os preços de ativos aqui no outro lado do mundo, não quer dizer que o rescaldo de uma catástrofe desse porte sobre a segunda maior economia do globo não possa trazer alterações relevantes nos próximos dias.

O que é relevante nesta semana? Em primeiro lugar, o varejo deve ficar mais atento à inflação e seus efeitos. O Banco Central divulgou uma ata que, a princípio, é otimista. Entende-se da leitura da ata da reunião do Copom que elevou a Selic para 11,75% que haverá apenas mais uma elevação de 0,5 ponto porcentual na taxa básica de juros. Mas, por outro lado, o Banco Central não descarta agir com outras ferramentas para conter os preços, e certamente a variável mais relevante nesta equação é o crédito ao consumidor. Podemos esperar em breve novas restrições ao crédito, como redução do limite de prazos, talvez um aumento do IOF ou mesmo novas regras aumentando os depósitos compulsórios, o que retiraria dinheiro de circulação.

Vale ressaltar que até o momento o mercado de crédito está caminhando bem, sem risco evidente de inadimplência ou indícios de superaquecimento. O que ocorre de fato é que, infelizmente, a conjunção de falta de estrutura no Brasil para crescer mais acelerado, aumento dos preços internacionais de commodities e o consumo maior de bens duráveis por conta do crédito vai obrigar o Banco Central a interceder neste cenário, coisa que em outras circunstâncias ou economias não ocorreria.

Resumindo: o mercado de crédito não atravessa um problema em si, mas será a válvula de descompressão para reduzir consumo e, com isso, os índices de inflação. 

Assessoria Técnica  

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