terça-feira, 22 de março de 2011

Japão domina noticiário e atenção dos mercados

 Não dá para falar de investimentos – ou de qualquer assunto, no momento atual – sem que surjam os temas Japão e Líbia (Oriente Médio). Foi mais uma semana em que os noticiários ficaram hipnotizados pelos eventos pós-terremoto e tsunami no Japão. Para sermos honestos, até mesmo a situação caótica na Líbia foi deixada de lado. Em parte, o mundo esqueceu a Líbia por conta da magnitude dos danos sofridos pela população japonesa, que não foram triviais, com ameaças de acidente nuclear, algo que desde a invenção da bomba atômica não ocorreu nem uma dezena de vezes.

Mas é fato que os noticiários ficaram mais atentos aos problemas japoneses, também pela sua importância econômica. Essa evidência de que o mundo considera o Japão mais importante do que a Líbia nos traz algumas conclusões, e a principal é: estávamos certos quando minimizávamos os efeitos da guerra civil na Líbia sobre a economia global. O único efeito relevante é a oferta de petróleo no planeta, mas mesmo isso não chega a ser fatal.

Para falar da semana passada, o Japão basta: as bolsas ficaram muito voláteis, e, por motivos óbvios, os mercados muito nervosos. A rigor, esse tipo de fenômeno é tão pouco usual que ninguém de razoável boa-fé consegue efetivamente calcular os efeitos para a economia global. Dá para imaginar que, após o rescaldo – e felizmente parece mesmo que o pior já passou –, o que deve acontecer é um aumento do endividamento japonês e vai começar a temporada de reconstrução. Em termos econômicos, isso deve acelerar o consumo da segunda economia do mundo (ou terceira, a depender do câmbio do dia). Portanto, era de se esperar que o mercado acionário ficasse meio arisco, principalmente na Ásia. Na Europa, os efeitos foram em média negativos para as bolsas, assim como nos Estados Unidos. No Brasil, parece que o efeito foi o de paralisar ainda mais nosso mercado. O câmbio parece ter sido congelado pelo Banco Central novamente, e a bolsa andou como caranguejo: de lado!





O saldo da semana foi basicamente zero tanto para câmbio, quanto para o Ibovespa. Nada enseja alguma modificação de comportamento nos mercados nesses dias. Aliás, no final da semana, após a situação no Japão parecer ter sido controlada, a Líbia voltou ao noticiário. No final da sexta-feira, começaram ataques militares ao país. Já foi antecipado neste boletim que a tendência é de que Kadafi não resista muito. Talvez apenas Rússia e China, em todo o mundo, sejam potência militares que possam resistir a ataques da OTAN de forma contundente. No mais, não há economia ou força militar no mundo que resista mais do que dois ou três meses. Com isso, a oferta de petróleo deve ser normalizada (provavelmente expandida para recuperar tempo perdido) em breve, e os mercados já precificaram isso.

Esse cenário não chega a ser nenhum segredo, e levanta uma questão: se todos conhecem esse caminho, por que quando ocorrem esses fenômenos os mercados não reagem mais ordenadamente? Os preços do petróleo subiram muito, e começam a cair, os problemas japoneses geraram tensões acima do que a tragédia pedia etc. Uma dica: especuladores vivem do boato e detestam os fatos... Algumas pessoas acreditam neles e preferem ver o mundo sob o prisma do terror e das catástrofes. Mais uma dica: para essas pessoas, mantemos nossa recomendação de aplicar em CDBs de bancos grandes! 


Assessoria Técnica 

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