quarta-feira, 2 de março de 2011

O momento econômico


Exatamente como se imaginava, os mercados estão “andando de lado”. O câmbio tem tido comportamento muito pouco volátil ao longo de 2011 e a bolsa, apesar de oscilar mais, está alternando semanas razoáveis com semanas ruins, o que a mantém no patamar de 66 mil a 70 mil pontos. 

Também antecipamos que o ano seria complicado, principalmente por fatores internos como o déficit fiscal e o déficit em contas correntes. Em economia, esse fenômeno é chamado de “déficits gêmeos”. Geralmente, o déficit fiscal interno obriga o país a buscar financiamento externo, ou seja, gera um déficit externo. Aparentemente é exatamente isso que ocorre: a falta de poupança interna, principalmente do lado do governo que gasta muito, faz com que o país tenha que completar seus gastos em investimento e consumo com recursos externos. 

A este cenário somou-se o problema internacional da “Primavera Árabe”.  O Brasil não tem relações político/comerciais muito fortes com os países do norte da África e do Oriente Médio, apesar da política de aproximação dos últimos anos. Os efeitos desses movimentos populares se restringem, portanto, ao preço do petróleo. 

Como hoje o Brasil é basicamente um país autossuficiente em petróleo, os efeitos não atingem o patamar estratégico, e resumem-se às pressões de preços.  Ironicamente, foi essa alta de preços do petróleo em duas semanas – passando de US$ 95 para US$ 110 por barril – que fez com que o desempenho do Ibovespa fosse razoável no período. A bolsa de São Paulo tem seu índice muito influenciado pelo desempenho de apenas duas empresas: Petrobras e Vale. Tanto pelo tamanho, como pelo volume negociado, o que ocorre com essas empresas praticamente dita o resultado geral do mercado.

A alta dos preços do petróleo complicam a atuação do Banco Central para conter a inflação, mas são boas notícias para a Petrobras, que acabou tendo seus preços elevados nestas semanas.

O Ibovespa não devolveu os 3,5% de alta da semana passada por conta exatamente do desempenho da Petrobras. A queda da semana foi de 1,6%, e o índice continua a patinar neste ano. Continuamos a apostar nesse comportamento para as próximas semanas. O câmbio, por sua vez, se manteve extremamente comportado. Na semana, a variação foi 0, e no ano há pequena desvalorização de 0,8%, praticamente estável. Esse comportamento também deve prevalecer.

Atenção 1
Hoje, o Banco Central deve elevar a Selic em mais 0,5 ponto porcentual. Geralmente, esses movimentos já estão precificados, mas certamente cria um ambiente mais favorável à renda fixa e coloca pressão de baixa nos investimentos em renda variável (ações).

Atenção 2
Os preços do petróleo têm subido por causa dos movimentos populares em países árabes como a Líbia. Todavia, a história mostra que, ao longo do tempo, os movimentos vão se acomodando e que a dependência da venda de petróleo dessas economias é de tal monta que em questão de semanas ou no máximo alguns meses a oferta é normalizada e os preços voltam a cair. Foi assim nas duas invasões do Iraque e em outros momentos tensos na região. Isso indica que a Petrobras atingiu preços provavelmente exageradamente elevados nos últimos dias. 

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