Nesta época do ano, é natural começar a surgir um grande número de projeções econômicas: câmbio, juros, bolsa, PIB, produção industrial e inflação são as principais. Neste mesmo momento, também começa a temporada de brincadeiras acerca da precisão destas projeções. Leigos e mesmo alguns analistas olham com certa desconfiança para esses números, que quase nunca se confirmam. Os modelos matemáticos sofisticados são colocados à prova por muita gente que entende e por uma porção ainda maior de pessoas que não entende de economia.
A Fecomercio possui seus modelos de projeção, e também reconhece sua limitada capacidade para acertar números no prazo de um ano. A entidade acredita que o grande inimigo das projeções é a mania de precisão decimal. É exatamente essa espécie de “arrogância técnica” que seduz os leitores a guardar os boletins do começo do ano e depois tripudiar em cima dos resultados que não aconteceram. Evidentemente a própria equipe técnica da Fecomercio tem suas vítimas, e certamente é vítima de outras equipes. Mas algumas providências são tomadas para que as nossas projeções não sejam ridicularizadas: as dotamos de simplicidade e nunca trabalhamos com casas decimais. As projeções ficam menos precisas, mas muito mais condizentes com a efetiva capacidade preventiva. Além disso, não é razoável fazer projeções para muitos indicadores, pois as chances de erro se multiplicam. Vamos ver:
Taxa de Câmbio: entre R$ 1,65 e R$ 1,75 no final de ano. É verdade que a taxa de câmbio sempre foi muito difícil de prever, por conta de sua volatilidade elevada. Porém, incrivelmente em 2010, a taxa de câmbio passou a flutuar pouco e com uma direção lenta de valorização evidente. Também parece que encontrou o piso ao redor de R$ 1,65. Como as contas externas parecem que não vão sofrer grandes alterações neste ano e a recuperação econômica americana deve ser gradual, não existem elementos para que se preveja uma alteração forte do câmbio;
Juros: essa variável depende da inflação e do nível de atividade. Como ambos estão em alta, é muito provável que o Banco Central eleve a Selic para algo entre 12% e 13%. Com isso as taxas ao consumidor também devem crescer 2 ou 3 pontos porcentuais em média até o final do ano.
Bolsa: essa talvez seja hoje a mais difícil projeção a ser feita. Apesar de analistas apostarem na bolsa ao redor de 85 mil pontos ao final do ano, a Fecomercio tem um horizonte mais modesto. Se o Ibovespa chegar até 75 mil pontos, o resultado será considerado bom. Vale lembrar que os analistas já apostavam em mais de 85 mil ponto para o final de 2010. O índice tem andado de lado neste ano, a não existem grandes motivos para crer que haverá grande valorização, mas como apontamos, o grau de precisão neste tipo de projeção é o menor de todos.
PIB: só os efeitos estatísticos da inércia do crescimento de 2010 são suficientes para fazer a economia crescer 2,5% a 3%. Nossas projeções para o PIB em 2011 são de crescimento entre 3% e 4%.
Produção Industrial: a produção cresceu 10% no ano passado, mas está desacelerando rapidamente. Deve crescer entre 4% e 6% neste ano.
Inflação: o IPCA está rodando na casa de 8% a 9% ao ano, mas o Banco Central deve agir mais fortemente nos próximos meses. Não acreditamos que dê tempo de jogar a inflação para o centro da meta. O IPCA deverá fechar entre 5,5% e 6% em 2011, mas no final do ano “rondando” em torno dos 4,5% da meta.
Uma outra curiosidade sobre projeções: elas não são feitas para que se grave na pedra e depois se cobre dos analistas por seus erros. Elas são feitas para que, no momento de sua publicação, os leitores tenham uma ideia de como a economia está se encaminhando. Em grande medida a culpa da desconfiança é da falta de esclarecimento de como utilizar e sobre os limites dessas projeções. Mas servem como bons indicadores ao menos do que se acha do futuro, neste momento.
Assessoria Técnica
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