O Banco Central (BC) produz um indicador chamado de IBC-BR, que tem por finalidade antecipar a atividade econômica que é divulgada com 90 dias de atraso, e somente trimestralmente, pelo IBGE. O indicador tem mostrado forte aderência com os resultados efetivos, com grande poder de previsão.
O primeiro dado do ano de 2011 está em linha com o que os analistas mais otimistas acreditavam. Como se pode notar na tabela abaixo, as taxas de crescimento foram se reduzindo em novembro e dezembro, a ponto de o crescimento do último mês do ano passado ter sido apenas 1,4% para uma média de 7,5% no ano todo. O que poderia indicar uma forte desaceleração não se confirmou nos dados de janeiro, que apresentou expansão de 5,1% em relação a janeiro de 2010.
O crescimento em janeiro, de mais de 5%, confirma os resultados de vendas no varejo, ainda aquecidos. Esse cenário pode sugerir que o Banco Central vai ter muito trabalho para conter a demanda. Somado a esses dados, tivemos a contratação recorde para fevereiro, o que antecipa mais um dado do IBC-BR acima das projeções. Com renda e emprego garantidos, provavelmente os consumidores continuarão a acessar crédito, até o momento em que o BC tenha a ideia (nada boa) de intervir mais pesadamente nos mercados. Nesse sentido, a ata da última reunião da diretoria da autoridade monetária foi tranquilizadora. Os técnicos e diretores do BC parecem estar resignados ao fato de que não conseguirão reduzir o consumo interno abruptamente, e também parecem entender que para atingir tal objetivo seria necessária uma dose exagerada de remédio (Selic, no caso), que poderia se tornar um veneno e matar o paciente. O BC vai tolerar uma inflação por volta de 6% até o final deste ano.
Vamos acompanhar os indicadores de vendas de fevereiro e março para termos uma boa ideia desse começo de ano, mas as informações disponíveis dão conta de uma taxa de crescimento pouco superior a 5% no primeiro trimestre, com reversão súbita da desaceleração que parecia evidente no final de 2010. Bom para o consumidor e para o varejo. Existe jeito mais eficaz de se combater a inflação, sem cortar investimentos ou penalizar o consumo: racionalizar os gastos públicos.
Assessoria Técnica
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