Os analistas econômicos são, em geral, comparados a engenheiros de obras prontas. Depois dos fatos, quase todos dizem que sabiam que isso ou aquilo iria ocorrer. Todos hoje sabem que, em 2006 ou 2007, investir em imóveis na planta ou em terrenos em seria excelente. Claro, passados cinco ou seis anos, e com a valorização imobiliária já posta na mesa, fica fácil dizer “eu sabia”! Mas, exceção à brincadeira, de fato é relativamente fácil antecipar alguns fenômenos, e vamos tentar antecipar alguns e avaliar outros brevemente.
Voltando cinco ou dez anos, era fato que se vislumbrava no País um grande aquecimento do mercado de telefonia móvel. E isso aconteceu. Os dados do IBGE mostram um estrondoso crescimento do consumo de serviços de telefonia celular, principalmente entre as classes C, D e E. Era evidente que o setor de segurança iria ter bom desempenho, principalmente nas grandes cidades. O consumo de produtos de beleza também cresceu exponencialmente entre as faixas de renda mais baixas, e a aposta era certa, se fossem feitas análises mais detidas. Isso era quase evidente, se levássemos um pouco a sério as apostas de que a classe de consumo emergente não iria ser novamente boicotada por um longo período de estagnação econômica – talvez estejamos vivendo o melhor período econômico desde o milagre do início dos anos 1970. Era evidente que, com o crescimento da China os preços dos minérios iriam evoluir, as commoditiesagrícolas poderiam até dobrar de custos e empresas desses setores seriam boas opções de investimento. Isso já aconteceu!
O que parecia um filme de ficção científica, hoje está se tornando realidade em regiões como a Chácara Klabin, na capital paulista. Uma rede de câmeras nas ruas, integrada a 120 portarias de condomínios da região, monitorada em uma base fixa particular do bairro e também à distância pela polícia está sendo implementada a um custo baixíssimo. Esse tipo de serviço, tecnologicamente sofisticado, está começando a se viabilizar para famílias de renda média, e, dado o estado da segurança pública, deve continuar a crescer.
O setor de saúde promete bons resultados para planos de saúde e cooperativas no interior, depois de já terem avançado bastante nas capitais. Pelo mesmo motivo da segurança, a falha do sistema público de saúde abre caminho para bons anos de retornos crescentes, agora nessa nova fronteira social e também geográfica – os analistas esquecem que a nova fronteira não é apenas a classe de renda mais baixa, mas o grupo de pessoas que vive no interior do País. Isso já está acontecendo!
Outra mudança em curso se calca no acesso à internet e a smartphones, que podem modificar severamente o padrão de consumo e de pagamentos. O futuro deve ser diferente em termos de conexões sociais e financeiras, e isso enseja que setores de tecnologia, principalmente vinculados à inteligência de negócios no varejo, nos serviços e nos meios de pagamento tendem, a ser boas opções de investimento. Espera-se que as classes emergentes também se tornem clientes bancários, que comprem mais a prazo, se endividem mais, e tenham cartões de pagamento. Os grupos de compra coletiva podem se formar como boas opções para consumidores não apenas no Rio e em São Paulo, mas no interior também, acompanhando o cabeamento por fibra ótica, da mesma forma que o desenvolvimento americano seguiu o telégrafo e as linhas férreas. Isso vai acontecer!
Bom, esses são alguns exemplos dos setores e oportunidades que estão com a janela de oportunidades se fechando, totalmente abertas e começando a se abrir. Mas se é tão fácil assim, por que exi stem pessoas que não enriqueceram? E daqui a dez anos poderemos perguntar por que novamente aqueles que perderam as oportunidades em 2000, também perderam em 2011, mesmo com os alertas e indicações? A resposta é: talvez seja simples antecipar com razoável precisão a evolução de mercado, mas:
Não é trivial juntar recursos no volume necessário para jogar o jogo pesado de muitos desses setores;
Quem gostou de algumas ideias deve ter em mente que não estará sozinho e, se pretende ficar rico, terá que convier com a premissa de que terá concorrentes, e fortes; Essas grandes oportunidades também são grandes riscos, se não forem bem estudadas; A opção de investir em grandes empresas desses segmentos nem sempre é viável. Primeiro, pela pouca oferta de empresas de capital aberto; segundo, pela pouca cultura do venture capital no Brasil.
Resumo: se você tem muito dinheiro, provavelmente surfou outras ondas como essa e já sabe disso. Se você não tem , provavelmente vai invejar o desempenho dos ricos nos próximos anos, ou terá que se arriscar muito. Algumas vezes dá certo.
Assessoria Técnica
Assessoria Técnica
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