Se olharmos sua participação nas nossas exportações, os números são ainda piores: enquanto na Itália as micro e pequenas empresas respondem por 43% das mesmas, no Brasil elas são responsáveis por míseros 1,2%. Se analisarmos a taxa de mortalidade dessas empresas veremos que o problema é gravíssimo pois menos de 25% das mesmas sobrevive após 5 anos da fundação.
Onde está o problema? A maior parte dos diagnósticos que tem sido feitos apontam que a principal razão é a baixa produtividade. Isso é conseqüência de vários aspectos que afetam não apenas as pequenas, mas também a totalidade das empresas que operam no Brasil. Bons exemplos de causas para essa baixa produtividade são a taxa de juros ou a alta carga tributária, mas essas são causas que afetam todos os tipos de empresas. A maioria dos estudos mais recentes apontam que existem três fatores que são específicos e que afetam primordialmente a micro e a pequena.
O primeiro destes fatores é que os brasileiros, em sua maioria, optam por estabelecer atividades em negócios já testados e com baixo nível de inovação tecnológica. Em outros países, é comum, o empreendedor quando abre seu negócio tentar introduzir uma inovação tecnológica no mercado enquanto no Brasil isso é raro acontecer. A grande maioria do empreendedor brasileiro abre seu negócio não por que teve uma idéia inovadora, mas por que precisa sobreviver.
O segundo fator importante é de ordem cultural e está relacionado ao fato do pequeno empresário brasileiro enxergar no seu concorrente um inimigo que deva ser abatido, mas nunca um possível aliado para, por exemplo, em conjunto, realizarem exportações as quais seriam muito difíceis quem atua sozinho. A união das micro é a razão do sucesso da micro empresa italiana, mas isso não existe no Brasil. Na Espanha, as micros de um determinado setor se unem e criam um centro de pesquisas que as atenda a todas.
Finalmente, o terceiro fator é a falta de informação do pequeno empresário. A pesquisa constatou que a grande maioria desconhece desde a existência de linhas de financiamento especiais até os cursos de capacitação gratuitos.
Esses três fatores estão ligados ao fato de se ser pequeno. Como superar isso? Temos um bom modelo baseado em se ajudar quem é pequeno e que funciona muito bem em nossa agricultura. Trata-se do modelo da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Nossa agricultura é uma das mais eficientes do mundo, em boa parte graças a Embrapa, criada há mais de 40 anos. O modelo ali adotado se baseia na própria Embrapa fazer a pesquisa necessária, desenvolver a tecnologia e disseminar esse conhecimento para os agricultores. Mas não é justamente isso que está faltando alguém fazer para as micro e pequenas empresas? Evidentemente não seria necessário criar uma nova estatal, basta identificar qual das inúmeras instituições que já atuam ligadas à micro e pequena empresa poderiam melhor desempenhar esse papel.
Durante a última campanha eleitoral, a presidente Dilma por diversas vezes externou a necessidade de se apoiar muito mais vigorosamente a micro e a pequena empresa brasileira. Ao assumir o governo, tem reiterado que sua meta mais importante é extirpar a miséria em nosso país. Os dois temas estão totalmente interligados ou alguém acredita que seria possível gerar empregos para todos excluídos que queremos incorporar à nossa economia? A saída está em desenvolver o empreendedorismo. Isso significa eliminar a burocracia, facilitar o acesso ao credito, reduzir taxas de juros, mas, principalmente, educar e capacitar essa imensa massa de brasileiros desvalidos para que tenham e administrem seu próprio empreendimento.
Ajudar a pequena empresa brasileira a ser inovadora, facilitar a realização de consórcios entre elas e disseminar informações importantes que melhorem sua gestão são os fatores que vão criar as condições fundamentais para que elas tenham condições de superar sua crônica baixa produtividade. Só com um segmento de pequenas e micro empresas produtivo e competitivo poderemos atingir o tão almejado desenvolvimento sustentado.
Essa justamente será a linha a ser adotada no Conselho da Pequena Empresa da Fecomercio, ou seja , pretendemos contribuir com a discussão dos temas acima, encontrar as soluções exequíveis e encaminhá-las para as autoridades propugnando pela sua implantação.
Paulo Roberto Feldmann é presidente do Conselho da Pequena Empresa da Fecomercio
muito bom ...
ResponderExcluire otimo tudo isso
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