A última semana foi melhor do que a média que temos acompanhado já há muito tempo. Em grande parte porque muitos investidores foram atrás de bons negócios, ou de “barganhas”, como diz o jargão de mercado. A queda consistente da bolsa em São Paulo acaba fazendo com que certas empresas passem a ter ações consideradas “pechinchas”, pelo menos para alguns analistas.
De fato, devemos concordar que, em média, para o longo prazo, ações de empresas como Vale ou Petrobras não são maus negócios. O problema é que existem muitos problemas rondando a economia brasileira. Segue aquele rosário que já conhecemos: percepção de imperícia de alguns integrantes da equipe econômica, inflação resistente, ingerência na Vale, marco regulatório ruim para a Petrobras.
Se alguém parar para pensar, um desses problemas parece ter sido solucionado: as autoridades da área econômica pararam de dar seu ar da graça no noticiário diário, causando a péssima impressão de que estavam batendo cabeças. Para os outros problemas, esperamos solução no médio prazo, principalmente a inflação, o mais sensível de todos.
O Ibovespa havia voltado a patamares de julho do ano passado, mas ensaiou recuperação na semana passada. Além das pechinchas, houve boas notícias como a manutenção da baixa taxa de desemprego relativa ao mês de abril, que retira um pouco da discussão um arrefecimento abrupto da economia, pelo menos por enquanto.
Do lado negativo, ficou o anúncio da exclusão de São Paulo como sede da Copa das Confederações, em 2013. Essa notícia não chega a ser uma surpresa, mas vai indicando que a probabilidade de São Paulo não sediar nem mesmo a Copa do Mundo (quem dirá a abertura) está crescendo. Uma eventual exclusão paulista como sede dos jogos em 2014 será de fato uma má notícia, pelo que isso representa em termos de imagem.
Um risco mais sério é o de o Brasil, por falta de infraestrutura e de condições de provê-la, perder a Copa do Mundo. Hoje um risco pequeno, mas não totalmente afastado, e deve-se prestar muita atenção a isso, porque o efeito de imagem para o País seria quase catastrófico.
O próprio comandante da Autoridade Olímpica do Brasil, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, atribui à economia bem encaminhada o fato do Brasil receber os dois maiores eventos esportivos do mundo nesse curto espaço de tempo. A mesma lógica indica que se o País perder algum desses eventos em cima da hora, será também por culpa da piora da economia em termos gerais. Um sinal de incapacidade de resolver os problemas brasileiros. Imagem é tudo no mundo de hoje.
Para as próximas semanas, alguns indicadores devem ser acompanhados de perto: pesquisa industrial mensal, PIB do primeiro trimestre e preços ao produtor. Todos indicadores muito relevantes do IBGE e começam a ser divulgados amanhã (31/5). A expectativa é de crescimento fraco da indústria, (cerca de 4% com relação a abril de 2010), o PIB crescendo ao redor de 5% e os preços ao produtor variando 0,5%.
Números diferentes do que esses não estão “no preço” e vão mudar o humor do mercado, para bem ou para mal.
Assessoria Técnica
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