Outra semana em que os mercados andaram de mau humor. O Ibovespa caiu mais 1% e agora em 2011 a queda está perto de 10%. Esse desempenho continuado acaba alimentando mais mau humor, ou seja, há uma sensação forte pairando de que o País está com um pouco de falta de rumo. Na realidade, não tivemos notícias ruins na semana passada. O simples fato de que nada muda, e a manutenção de um noticiário basicamente de fofocas entre ministros e autoridades está desgastando a imagem do governo. Muitos analistas começam a duvidar da capacidade realizadora da atual equipe, e isso reduz as perspectivas econômicas do país. Confiança é muito importante para o lado real da economia, assim como é para os mercados financeiros.
Enquanto pairar essa dúvida quanto ao controle inflacionário e a capacidade de tocar projetos do governo, o mercado vai reagir mal. Como já foi dito várias vezes, as ingerências do governo também não são efetivamente bem-vindas. O conjunto da obra nesse ano não é bom, e nas bolsas isso se reflete com a perda de ânimo e com a venda de posições. No câmbio, a forte entrada de dólares continua a ocorrer com efeito colateral da alta taxa de juros, mas a rigor o País desenvolve um déficit em contas correntes, significativo enquanto, quase paradoxalmente, o câmbio se valoriza.
No curto prazo a tendência é de manutenção deste cenário meio cinzento, até porque os dados de inflação acumulada em 12 meses devem crescer até agosto e esse assunto tem sido nevrálgico para a avaliação do início de mandato da Presidente Dilma. Não é culpa dela, é de fato uma herança, mas ninguém quer saber de quem é a culpa, só precisamos da solução. Enquanto a inflação não estiver equacionada e a taxa de juros mais baixa, a tendência é mesmo a economia ir se esfriando, a confiança caindo e os investidores vão optar por carteiras mais ortodoxas (que rendem muito no Brasil, se comparadas a outros países). O receio de um cenário de inflação elevada concomitante a desaceleração econômica se torna cada dia mais provável.
No caso do câmbio, mais do mesmo. Juros altos ensejam entrada de dólares. Ainda que esse mau humor dos últimos meses tenha revertido parte da supervalorização do real, no curto prazo a tendência é que a nossa moeda se mantenha forte. Esse quadro pode e deve mudar quando as taxas de juros no hemisfério norte voltarem a subir, o que somente deve ocorrer no segundo semestre, mais especificamente bem no final do ano. Resumo da ópera: inflação elevada e juros altos vão manter a tendência de queda da confiança do consumidor, redução da propensão a investimentos em ações e valorização do câmbio. Não necessariamente de forma linear e ininterrupta, mas como tendência mesmo. O lado bom: os sinais para a mudança de humor serão evidentes: juros externos subindo, e inflação refluindo no Brasil.
Assessoria Técnica
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