A semana passada foi marcada por uma forte piora do humor de investidores nacionais e estrangeiros com relação ao Brasil. O reflexo disso ficou evidente no comportamento do Ibovespa, que passou a cair logo na segunda-feira e foi acentuando o movimento até a quinta-feira. Mais uma vez – e parece perseguição –, o ministro da Fazenda foi à televisão pedir aos empresários não elevarem preços. Essa nova aparição teve seu papel para piorar a sensação de que alguém perdeu o controle da situação, o que não ajuda em nada. Em várias oportunidades nossa publicação deixa claro que, grande parte do sucesso da equipe econômica se deve à crença mantida pelos agentes (empresários, consumidores e setor financeiro) na capacidade do time que “bola” e conduz as políticas econômicas.
O câmbio, dentro desse cenário, também reagiu com mau humor e, apesar da forte entrada de dólares logo no início da semana, as expectativas negativas superaram os efeitos do fluxo efetivo de moedas e fizeram com que o dólar ensaiasse uma valorização como há muito não se via. Também no mercado cambial, desde quinta-feira (depois do almoço para ser mais preciso), houve uma melhoria no humor geral, o que reduziu a pressão do dólar. A rigor, para a indústria, esse seria um efeito colateral bom, porém, por motivos ruins. Ou seja, a melhoria da competitividade do produto nacional através do câmbio estava sendo dada com base numa perspectiva ruim para a economia. Não iria adiantar muito, neste caso.
Outro fato a ser levado em conta é o comportamento das duas maiores empresas nacionais: Vale e Petrobras. Novamente os papéis dessas empresas caminharam como se as leis da economia fossem diferentes no Brasil. O fato é que são diferentes, pois há um grau de intervenção estatal ímpar em empresas de capital aberto pelas bandas de cá. A Vale amarga semanas de queda, apesar de o mercado de commodities metálicas se manter aquecido tanto em demanda quanto em preços (até mesmo porque preço e demanda agregada mantêm correlação). Lucros, vendas e perspectivas têm gerado menos efeito do que a intervenção branca do governo na gestão da empresa. Cabe ressaltar que a gestão da Vale, nos últimos anos, foi responsável pelo posicionamento da empresa como a maior player desse segmento no mundo.
Para a Petrobras, a alta do petróleo, que chegou a atingir mais de US$ 120 o barril, não influenciou o preço das ações, dado que, de fato, a empresa não tem liberdade na formação de preços ao consumidor. Ou seja, o petróleo pode subir ou cair, por um período até longo, que não há alteração nas perspectivas de receitas da empresa. Essa é mais uma “bizarrice”, uma “jabuticaba” nos mercados acionários. Por outro lado, a recente tendência de queda do preço do petróleo (algo que também havia sido previsto no Economix) não deve influenciar o desempenho da empresa. Ou seja, a Petrobras basicamente continua a ser uma estatal que tem alguns acionistas privados. Se fosse uma empresa de mercado, efetivamente, seria um gigante ainda maior, talvez a maior do mundo.
Assessoria Técnica
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