segunda-feira, 16 de maio de 2011

Cidades amigáveis: Que bom morar num desses municípios!

Atualmente, existem vários grupos de pessoas pensando a vida em grandes aglomerados urbanos. O escopo de trabalho que um dia era tema apenas de arquitetos e urbanistas ultrapassou esses limites e hoje é discutido por todos os tipos de profissionais, por moradores e até mesmo pelo poder público. Muitos eventos têm como tema a qualidade de vida em grandes centros urbanos. Em grande medida, os problemas ao redor do mundo, nesses grandes centros, são os mesmos, ou muito parecidos. As soluções originais, baratas e eficientes devem gerar novos paradigmas que se contraponham ao olhar tradicional, que, aparentemente, está ficando obsoleto e não dá mais conta de tratar dos problemas diários de grandes aglomerações.
Os problemas são quase os mesmos em cidades gigantes: transporte, segurança, poluição, desigualdade social, violência, degradação dos centros urbanos e criminalidade principalmente vinculada ao narcotráfico. Essas são as principais reclamações de quem vive em uma cidade grande em 2011, ainda administrada como era no século XX. São Paulo, por exemplo, é a quarta maior cidade do mundo, com mais de 11 milhões de pessoas em suas cercanias. A maior é Bombaim, na Índia, com 12 milhões de habitantes, depois Karash, no Paquistão, e Moscou, na Rússia. A Região Metropolitana de São Paulo é a oitava em população, com 20 milhões de habitantes, e Tóquio a maior metrópole do planeta, com 40 milhões de habitantes. Essas dimensões muito além do que se poderia prever ao se planejar uma cidade no início do século passado impõem criatividade para lidar com os problemas modernos. Uma cidade dessas é raramente amistosa, agradável de se viver.
Se é assim tão desagradável viver numa dessas cidades, o que ainda atrai tanta gente para esses locais? A resposta de James Carville, marqueteiro de Bill Clinton, a George Bush (pai) nas eleições americanas cabe bem aqui: “É a economia, estúpido!”. Esse aglomerado de pessoas em um raio pequeno de distância proporciona oportunidades ímpares, mas infelizmente não estamos conseguindo, no Brasil e em muitos outros lugares, compatibilizar oportunidade de negócios e efervescência cultural com qualidade de vida para a maioria. Esse é o trabalho a ser feito.
Existem, contudo, exemplos de projetos modernos que revitalizaram cidades e melhoraram a qualidade de vida em algumas regiões de grande população: Nova York, Barcelona e Milão são exemplos de cidades que buscaram soluções radicais para problemas radicais. Barcelona, com seu centro totalmente degradado, aproveitou os Jogos Olímpicos de 1992 e abraçou um projeto de revitalização total que é o maior legado daqueles jogos. Milão, também degradada, não teve como estopim uma competição ou evento mundial, mas sim o investimento institucional de uma das maiores empresas do mundo: a Pirelli. A empresa patrocinou uma reforma geral no espaço urbano, com um projeto chamado “La Bicoca”. Nova York brigava contra a escalada da violência, e adotou no início da década de 1990 um projeto também radical: o “Tolerância Zero”. Não é o caso de descrever aqui todos esses projetos que são de forma geral conhecidos do público. O fato é que essas ações realmente foram fundamentais para praticamente solucionar os problemas dessas cidades. Também é fato que, em cada um desses exemplos, houve um esforço comum entre cidadãos e suas organizações, iniciativa privada e o poder público. Essa semelhança talvez nos dê uma dica do que deva ser discutido e de que forma as ações podem realmente surtir efeito.
O prefeito é importante, porque os problemas de um local devem ser resolvidos localmente. A interlocução deve ser rápida, eficiente e muito próxima, assim como a cobrança. Uma mudança nas regras eleitorais é importante porque o vereador, que é de fato esse canal de interlocução entre o cidadão e o poder público, deve ser referência distrital. O eleitor tem que saber quem é o vereador da sua região. Não há sentido em votar em qualquer candidato espalhado por uma cidade de 1.600 km2 e com 11 milhões de pessoas.
Finalmente, é importante que as grandes cidades discutam esses temas. É importante compatibilizar emprego, oportunidades, investimentos e bem estar. Não só é importante, como é factível. Estudos, esforços, seminários e vontade política podem levar a soluções em São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte e outras cidades de milhões de habitantes, de forma a tornar a prosperidade econômica em qualidade de vida, em sensação de bem estar e bem morar.

Assessoria Técnica

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