Depois de uma semana bombardeados sobre o casamento do Príncipe William, teremos outra semana monotemática: Bin Laden. Para quem é analista com foco em economia, algumas situações são anedóticas. No caso do casamento real, tivemos que responder muitas perguntas sobre a venda de objetos relativos à festividade ou mesmo sobre os efeitos sobre a moda. É impossível medir essas consequências de forma científica, mas podemos afirmar que são praticamente irrelevantes. Com o evento Bin Laden a coisa é um pouco diferente, porque se trata da pessoa mais procurada do mundo e do catalisador do evento do século: os ataques terroristas do 11 de setembro de 2001.
A morte de Bin Laden não será um evento indiferente ao mundo, inclusive nos negócios, embora seja muito difícil entender os reais desdobramentos desse fenômeno. Em primeiro lugar, no curto prazo, a tendência é de que os americanos se encham de orgulho e confiança (de curta duração) e provoquem um movimento de leve alta nas bolsas de seu país. Isso é bastante comum não só lá, pois não podemos esquecer que, apesar da sofisticação dos mercados financeiros, as bolsas são operadas por homens e seu comportamento humano não difere muito do resto dos cidadãos. Até resultados de Copa do Mundo ou a morte de um ídolo como Ayrton Senna acabaram por influenciar os movimentos de curto prazo nas bolsas. No longo prazo, o efeito tende a ser zero.
Outro movimento de curto prazo, mas que, neste caso pode ser mais duradouro, é o dos preços do petróleo. A tendência é de que, se não houver uma reação de terrorismo que surpreenda o mundo, os preços caiam um pouco. Principalmente porque esse tipo de “vitória” americana reforça a percepção de poderio ocidental e melhora a posição de negociação. Além disso, essa operação de sucesso enseja outras operações de sucesso contra alguns líderes mundiais antiamericanos. Se não houver operação de fato, certamente o recado será dado, e isso também reforça a posição americana, facilitando alguns diálogos e ensejando maior colaboração do que ocorreria numa eventual operação fracassada.
Definitivo: certamente o mundo será diferente, mas não nos atrevemos a tentar antecipar como. Poucos hoje percebem, mas, após a queda das Torres Gêmeas, o mundo mudou muito. O clima de insegurança cresceu, as condições para viajantes em todos os países ficaram complexas, os prêmios de seguro aumentaram e houve até efeito sobre o preço das passagens. Não é possível, ao menos aqui no Economix Express, identificar quais efeitos permanentes vão ocorrer, mas podemos arriscar que:
1. Analistas de risco vão reposicionar suas avaliações para investimentos financeiros e diretos, com mudança de padrões, de prêmios exigidos e alocação de recursos;
2. Seguradoras vão reposicionar suas operações e preços ao redor do mundo. Se não houver uma movimentação radical no curto prazo, a percepção de vitória americana tende a crescer e a sensação de segurança em geral também;
3. Efeitos midiáticos serão diversos, com filmes, documentários, odes ao heroísmo da equipe etc;
4. Efeitos eleitorais serão os mais relevantes, principalmente nos EUA, onde Obama teve muito sucesso na última semana, primeiro refutando a hipótese de não ter nascido em território americano (desqualificando Donald Trump) e agora com essa operação de enorme visibilidade política e que ganha apoio de eleitores mais à direita. Os efeitos eleitorais e políticos não devem ficar restritos aos Estados Unidos: certamente aliados de primeira hora vão se beneficiar e também uma mudança na correlação de poder deve ocorrer na região do Paquistão, Afeganistão e talvez no Oriente Médio.
Basicamente, esses são os efeitos que podem ser percebidos na nossa vida diária. No mais, o preço da gasolina na bomba não deve mudar significativamente para nós brasileiros por conta dessa operação. Que pelo menos traga mais paz e segurança a todos!
Assessoria Técnica
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