quinta-feira, 19 de maio de 2011

Muito celular, muito computador e muita TV

No Brasil, ultrapassamos 211 milhões de celulares funcionando. Mais de um aparelho ou linha por habitante. Em breve cada brasileiro poderá usar um celular em cada ouvido. Mais impressionante, são 52 milhões só no Estado de São Paulo. É muita gente no celular, muita gente comprando pacotes de conexão e uma montanha de dinheiro que está sendo desviada do consumo tradicional, como arroz e feijão, para ser alocada em serviços mais modernos como telefonia móvel, banda larga e TV a cabo. No fundo, isso é bom, desde que seja usado com moderação, como tudo na vida.

Positivo: o lado certamente benéfico desse novo paradigma de consumo é a melhoria do acesso de todas as faixas de renda à informação e comunicação. Certamente essas novas tecnologias estão ficando disponíveis cada vez mais para camadas de renda mais baixas com a criação de pacotes diversos e adequados a todo tipo de pessoas. Neste caso, o interesse das operadoras anda lado a lado com o interesse e bem-estar social. Também está ocorrendo uma interiorização de investimentos e da oferta de serviços. Os grandes centros, há cerca de uma década, contam com TV a cabo, boa cobertura de celular e internet de banda larga. Agora esses serviços estão sendo oferecidos a rincões mais distantes, e, há que se convir, não é fácil cobrir um território de mais de 8 milhões de quilômetros quadrados.

Essas novas tecnologias tornaram de fato o mundo menor. Mais importante é que, se o poder público souber “surfar” a onda dessa mudança de padrão de tecnologia, essas ferramentas podem se converter num poderoso instrumento de redução também das distâncias sociais. Isso, a rigor, já está acontecendo, mas dá para acelerar o passo, sem que haja intervenção governamental propriamente dita.

Aqui, o caso é clássico: o governo tem que ser o árbitro, o indutor, e exigir nos contratos que os prestadores de serviços garantam a ampliação das coberturas, a redução gradativa dos preços e a ampliação de pacotes básicos acessíveis. Tudo isso dentro das regras de mercado. A intervenção tradicional é um mecanismo do século passado, que não vai funcionar nesse mundo totalmente do século XXI.

Criatividade é tudo neste momento, e as interações governo, empresas e consumidores já não podem mais ser entendidas como eram há poucos anos. Tudo ficou menor, mais rápido e mais fugaz. Com inteligência, os brasileiros, que já se mostraram muito propensos à utilização de tecnologia e vorazes no consumo de informação, podem dar saltos de produtividade significativos e surpreender o mundo. Temos que compreender direito esse novo mundo, pois parece que estamos à beira de um novo salto de qualidade e não podemos derrubar a barra durante o nosso salto.

Lado Negativo: a diferença entre remédio e veneno é a dosagem. O uso intensivo das novas tecnologias pode trazer basicamente dois efeitos colaterais ruins:

- Isolamento social - como pode ocorrer com TV, rádio ou com qualquer uso excessivo ou comportamento compulsivo;

- Restrições orçamentárias – o custo dos serviços de internet, telefonia móvel, TV a cabo é elevado, mesmo nos seus pacotes básicos.

No caso do isolamento social, esse efeito não é exclusivo às novas tecnologias. Porém, se torna mais evidente quando essas novidades são introduzidas no cotidiano. No caso dos custos de serviços – dado que os aparelhos estão cada vez mais baratos – esses podem pesar sobre o orçamento médio brasileiro, mais do que o desejável. É necessário que se encontre um equilíbrio entre o bom uso e o benefício de se ter internet rápida,telefone celular e TV a cabo e o custo dessa parafernália toda.

De um modo geral, economistas tendem a ser pessimistas, mas esse não é o caso desta publicação. Acreditamos que o mundo está quase sempre mudando para melhor, apesar do saudosismo e de resistências que naturalmente as mudanças geram. Sempre parece que o passado era melhor, e não tenhamos dúvidas, logo esse momento será um passado “memorável” para quando todos forem idosos saudosistas. Esse mundo melhor, como vemos, pode ser muito melhor, basta entendermos os reais potenciais da nova tecnologia e a dominemos, sem que ela nos domine.


Assessoria Técnica

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