Nenhuma economia de porte relevante pode tencionar crescer sem que dependa de um mercado interno forte que, por sua vez, esteja calcado em uma estrutura de distribuição de renda pouco concentrada. Em outras palavras, o que confere a qualquer economia um caráter dinâmico é a classe média. Se a economia tiver uma certa “jovialidade” atrelada a essa classe média, tanto melhor, porque a perpetuação dessa situação é mais fácil.
Derivando essa concepção do macroambiente para um recorte mais direcionado, essas regras valem quase que integralmente. Os setores econômicos que se tornam relevantes normalmente atendem a demandas e anseios de produtos e serviços voltados majoritariamente para a classe média. O exemplo recente do Brasil que, com o aumento do número de empregos, alguns programas sociais (ainda que de eficácia discutível no longo prazo) e elevação significativa do volume de crédito, é especial, porque foi vivenciado por nós. Milhões de pessoas foram guindadas ao patamar de consumidores, ou seja, engrossamos a classe média. Esse fenômeno mudou o padrão de consumo e obrigou a grande parte das empresas a passar a pensar em um Brasil diferente. Esse Brasil diferente é interiorizado, com uma demanda reprimida muito grande e é o País onde a classe média, agora mais relevante do que nunca para a estratégia de mercado das empresas, forma o maior segmento consumidor de nossa economia e talvez do Hemisfério Sul.
Essa classe média que consome muito, formada por mais de 100 milhões de pessoas, está mudando também o perfil da oferta de bens e serviços. Poucas décadas atrás, o mercado de crédito era restrito a uma pequena fração da população. O mercado imobiliário era extremamente acanhado e situado apenas em São Paulo e no Rio de Janeiro. As prestadoras de serviços como de telefonia, de TV a cabo, internet e de seguros de saúde focava sua atuação em poucos centros urbanos. Essa realidade mudou muito desde o Plano Real e ficou ainda mais evidente nos últimos anos. Os investimentos que empresas nacionais e estrangeiras (pois essa nova realidade também atraiu muito a atenção de investidores de todo mundo) fizeram para atender mais adequadamente e para estar mais perto dessa nova classe média foram vultosos.
Falta muito a se fazer, mas se isso é um problema presente, também é uma excelente oportunidade futura. A manutenção dessa classe média como esteio da economia, garantindo suas condições de consumo é também a garantia de que os investimentos continuarão a crescer nos próximos anos. É essa classe média que demanda transporte, saúde e educação. É essa classe média que demanda mais energia elétrica e que está provocando riscos maiores de apagão com seu merecido aumento de conforto em casa. Para essa classe média estão sendo projetadas milhões de novas moradias, por um mercado imobiliário que se aqueceu muito desde 2006. Também é “culpa” dessa classe média os congestionamentos e o aumento do preço da gasolina – a rigor é culpa da falta de infraestrutura de transporte adequada, até porque não fica bem culpar a vítima pelo crime!
Esses mais de 100 milhões de brasileiros também constituem um dos maiores mercados virtuais do mundo. Em qualquer estatística referente ao uso das novas mídias sociais, de internet ou de games, os brasileiros despontam como uma das três maiores potências globais. Infelizmente, a oferta desses serviços no Brasil ainda não faz jus ao mercado interno, por isso pode ser que tenha que percorrer o mesmo caminho de outros setores como o de supermercados e redirecionar sua estratégia, elevar seus investimentos e atender mais de perto um dos maiores mercados vinculados ao mundo da internet do nosso planeta.
Fica clara a importância de novas estratégias para quem quer fazer parte dessa nova mídia: as redes sociais, e internet, a rede que conectada 24 horas por dia com o consumidor através do celular, pode ser uma perigosa armadilha ou um excelente aliado, a depender de como for tratada.
Assessoria Técnica
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