segunda-feira, 9 de maio de 2011

Acumulam-se os sinais de desaquecimento econômico

Dados da Anfavea, do Secovi e do IBGE vão confirmando o desaquecimento econômico neste ano. O ramo imobiliário em São Paulo amarga vendas 30% a 40% inferiores ao mesmo período de 2010 (entre janeiro e março), ao mesmo tempo a venda de automóveis está caminhando rapidamente para o empate na comparação interanual (resultado surpreendente para um setor que vinha crescendo de 15% a 20% em 2010). Para completar, ainda com alguma defasagem e com um sério problema de adaptação de calendário, o IBGE divulga que, em março, a indústria apresentou queda de volume de produção física da ordem de 2,1%. Esse resultado, apesar de influenciado pelo carnaval, é suficientemente fraco para que se comece a prestar atenção ao nível de atividade.
A Fecomercio está há dias tratando de dois problemas: ritmo de atividade e inflação/confusão da política econômica. A importância do tema é tão grande que não conseguimos esquecer o assunto. Também é muito bom que se mantenha a vigilância, até mesmo para futuramente não sermos cobrados por omissão. Mas, mais relevante é que, no início do ano, a Fecomercio chegou a destacar o receio de que entrássemos no segundo semestre com a inflação ainda em patamares elevados e ao mesmo tempo com a economia mais desaquecida do que o desejado. Infelizmente, parece que esse cenário se torna cada vez mais provável:
1.         Inflação: se o Banco Central foi muito feliz na Ata da sua penúltima reunião, o mesmo não se pode dizer da atuação da equipe econômica de lá para cá. Em primeiro lugar, parece que a própria equipe não acredita no que escreveu na Ata. Além disso, se a pressão de preços era um fenômeno importante para se preocupar, mas que estaria sob controle dentro de uma normalidade técnica, a equipe econômica tem tratado de disseminar o pânico. Não há dia que não haja novo pronunciamento de autoridades e, lamentável dizer, todos muito infelizes. Se não havia o problema, ou se o problema era contornável, dentro das regras normais, estamos caprichando para criar um problemão. Se ninguém acredita em monstros, porque olhar em baixo da cama? Talvez acreditem!
2.         Crescimento Econômico: são dados abundantes de desaceleração, como automóveis, imóveis, indústria e podemos esperar novos dados relativamente fracos. Isso preocupa porque esse desempenho negativo continuado pode reverter gradativamente a propensão a investir e complicar a geração de empregos.
Se demorarmos para agir, talvez tenhamos que aceitar um crescimento abaixo do razoável e ainda fazer um esforço adicional a partir do ano que vem para voltarmos a crescer adequadamente. Pior de tudo: um ambiente de preços ainda relativamente pressionados por fatores externos e piorado pelas expectativas ruins geradas pelos ruídos desnecessários que estão sendo gerados.

Assessoria Técnica 

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