Faltam pouco menos 39 meses para a Copa do Mundo no Brasil e apenas 27 meses para a Copa das Confederações, um evento reduzido, que serve como uma espécie de pré-teste para que se avaliem eventuais falhas e correções que devem ser feitas para o Mundial. Infelizmente, temos muito o que fazer e pouca certeza de que conseguiremos concluir tudo a contento. Circula no mercado uma brincadeira: o Japão vai ser reconstruído do terremoto e da tsunami antes de o Brasil estar pronto para a Copa. No fundo, infelizmente, essa brincadeira tem toda a chance de se tornar realidade.
Não há, de fato, a possibilidade de o Brasil não estar pronto para sediar a Copa. O problema é entendermos o que significa esse "pronto". Podemos apostar que uma espécie de desespero vai bater nas autoridades e que pelo menos os estádios serão reformados – e alguns construídos. É irônico saber que, com 190 milhões de técnicos de futebol, cinco Copas do Mundo conquistada, e o maior número de títulos do esporte bretão em qualquer categoria, o País não tem nem sequer um estádio adequado para eventos internacionais de primeira ordem. Exporta-se jogadores às dezenas, discute-se cotas bilionárias para transmissão de jogos de seu campeonato (que certamente é o mais difícil do mundo), atua fortemente com patrocinadores e parceiros, e ainda assim os clubes estão endividados, e não há de fato uma arena que respeite o torcedor com padrão europeu, por exemplo.
A essa altura era para estarmos apenas pensando em poucos ajustes para recebermos os cerca de 200 mil torcedores turistas em 2014. O que vai acontecer? Os estádios terão suas reformas, mas o resto da infraestrutura pouco avançará. Pintaremos faixas nas ruas, embelezaremos alguns aeroportos e reformaremos alguns hotéis. Vamos receber a Copa sim, mas não faremos a merecida propaganda de um País pujante com a economia crescendo a um ritmo entusiasmante. Esse seria nosso momento, nosso cartão de visita definitivo, comprovando que o Brasil mudou.
Fica uma sensação de frustração, dado que esse seria o momento de alavancarmos os investimentos em infraestrutura, melhorando o transporte público, a segurança, os aeroportos e até mesmo os estádios. Quase todo esse investimento seria em benefício das populações de centros urbanos (principalmente Rio e São Paulo), que hoje sofrem com toda a falta de qualidade de vida. Até mesmo os estádios, que, convenhamos, não são obras prioritárias para nenhuma nação, teriam sua utilidade neste País que respira futebol e cada vez recebe mais espetáculos internacionais, ao contrário do que ocorreu na África do Sul, onde aquelas belas construções serão desativadas no futuro. Ou seja, a Copa do Mundo tem tudo a ver com o Brasil e seria talvez o ponto de virada na nossa pouca tradição em planejamento de longo prazo e baixa eficiência de investimento público.
Mas alguém poderia perguntar: isso não pode acontecer ainda? Pode, mas quanto mais perto do evento, e quanto menos nos mexemos, mais evidente fica que, como sempre, vamos fazer o mínimo para recebermos o evento de apenas um mês, e nada mais. O legado, o famoso legado, será basicamente o mesmo dos Jogos Pan-Americanos: basicamente um estádio que não se sustenta e com sérios problemas de acesso, caso do Engenhão, no Rio. Talvez tenhamos dez estádios que não se sustentam, em regiões como Natal, Recife, Cuiabá ou Belém, que poderiam se beneficiar muito mais com outras obras do que novos e gigantescos estacionamentos para tamanduás-bandeira, caros para o governo sustentar.
Assessoria Técnica
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