Mais uma semana com três dias úteis. Com o mercado ainda nervoso e bastante incerto, momentos de parada são relativamente positivos. Algumas bolsas de valores adotam o procedimento de suspensão do pregão quando percebem que há um movimento típico de histeria nos operadores. Um tempinho para pensar e normalmente a volta já apresenta um cenário melhor (normalmente, não sempre). No Brasil, é bom que exista um tempo para pensar, principalmente nos mercados financeiros. A volatilidade cresceu muito, o que aumentou o risco e espantou investidores mais conservadores no IBOVESPA. No câmbio, a direção voltou a ser de valorização. Por enquanto o governo dá sinais de que não tem instrumentos adequados para uma batalha, e na realidade, nunca é bom remar contra a maré, principalmente se ela for muito forte.
No caso da Bovespa, existem dois grandes problemas: verificar o efeito da política monetária sobre a inflação e sobre o nível de atividade, além disso, digerir o desgaste que a equipe econômica teve nos últimos dias. Infelizmente, o mercado vive tanto do desempenho efetivo das empresas e das políticas, como de expectativas. Quanto mais o BC e a equipe econômica acertam, mais o bom desempenho efetivo da economia (é o caso neste momento) se aproxima das expectativas. Quanto maior o número de erros ou de “incompreensões” do mercado quanto à lógica das políticas, pior a situação.
Neste momento os agentes desconfiam da eficiência da SELIC e do BC - injustamente, mas por conta da armadilha criada dentro do próprio governo que pareceu afoito demais em corrigir a rota da inflação. Também há certa reticência com uma parte da equipe econômica principalmente pelos erros que foram mais de divulgação do que de ação de fato. Aqui pesou mais as dúvidas públicas do próprio ministro quanto aos efeitos do IOF sobre o câmbio e ao mesmo tempo sobre o consumo interno e turismo. Essa salada de equações contraditórias não fez nenhum bem para a imagem geral da equipe. Mas nada está perdido, desde que haja uma sequência de extrema consistência macroeconômica. Para fazer um paralelo, nos piores momentos da história econômica do País, os sucessivos planos e as sucessivas equipes eram motivo de piada, e isso era um fator extremamente poderoso no resultado final.
Câmbio: aparentemente o mercado deu um recado muito claro para o governo: a taxa de câmbio flutuante pode ter interferências, mas pontuais e em momentos de pânico. Não é o caso, neste momento. Ou seja, a trajetória do dólar é de baixa mesmo, e esse curso natural deve ser seguido sob pena de elevados custos para o País e para o livre funcionamento da economia. Esse recado, chamado no mercado anedoticamente de “aviso em dois” para o governo, parece ter sido entendido. Portanto, enquanto atrairmos dólares, esses se tornarão mais comuns e menos valorizados em nossas praias. Para mudar tudo isso, a receita é velha: reformas de base, mais duradouras. Caso contrário, é melhor seguir o fluxo.
Os quadros e gráficos abaixo mostram o comportamento da semana para câmbio e bolsa. Também segue gráfico de longo prazo do IBOVESPA muito esclarecedor sobre o comportamento das ações no Brasil neste último ano.
Assessoria Técnica
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