A correção de um problema com a criação de novos problemas não é o caminho mais adequado. No curto prazo, soluções simplórias e, por vezes, casuísticas podem funcionar, com um custo de operacionalização relativamente pequeno. O problema está no longo prazo. É como o casal que sabe ser muito mais difícil dizer não aos filhos e opta sempre pela solução mais simples no momento. O resultado final será uma educação absolutamente desvinculada da realidade e penosa para o futuro da criança. A rigor, o saldo é o oposto do que se pretendia inicialmente.
No Brasil adotamos esse expediente com muita frequência. Para não termos que arcar com o custo de medidas impopulares e de difícil implementação, a preferência por soluções paliativas e quase indolores é evidente. Isso nos tem custado anos de pouco crescimento, vários planos econômicos antes de contermos a inflação e, agora, pode voltar a restringir o desenvolvimento de longo prazo por conta da inabilidade no trato coordenado de políticas econômicas ordenadas e com o mesmo objetivo.
Um exemplo dessa dicotomia de ações do governo é exatamente com relação ao câmbio. A Selic elevada tem como efeitos primários:
- encarecimento dos financiamentos;
- apreciação cambial;
- redução dos investimentos.
- apreciação cambial;
- redução dos investimentos.
Essas três consequências da Selic elevada contribuem para a desaceleração da economia e para a contenção de pressões inflacionárias externas (via financiamentos e emprego) e externas (via apreciação cambial). Esse movimento é conhecido como enxugar a liquidez excessiva.
Ou bem encontramos o caminho do ajuste fiscal definitivo, com um custo político e de execução elevado, porém com benefícios quase definitivos e muito maiores, ou vamos manter nossa tradição do “voo de galinha”, e nos veremos cada vez mais distantes de países como Coreia ou Chile, que ao longo das últimas décadas adotaram medidas inteiramente voltadas para o desenvolvimento de longo prazo.
Não há meio caminho. Ou adotamos a trilha correta, ou vamos nos perdendo em atalhos. Esses atalhos por vezes nos fazem corar de vergonha, como nas semanas que se passaram: adoção de várias medidas, umas contrárias às outras e, pior, com o vexame de nenhuma dando o resultado esperado.
A Fecomercio, há tempos, vem manifestando que não adianta adotarmos medidas pontuais e casuísticas. Já era previsto que em algum momento chegaríamos a esse impasse, quando seríamos pressionados a elevar juros por conta da inflação e baixar juros por conta do câmbio. Que teríamos que adotar IOFs mais altos para conter entrada de dólares através da conta de capitais e ao mesmo tempo uma outra alta de IOF para conter a saída de dólares via gastos de compras internacionais. A solução definitiva (e ótima) existe e deve ser adotada em algum momento. Uma política fiscal severa, que preveja corte de gastos do governo e elevação da eficiência dos serviços prestados, a um tempo só será capaz de:
- Reduzir a taxa de juros de equilíbrio de nossa economia;
- Reduzir a valorização do real por conta da menor atração de capitais especulativos;
- Melhorar a competitividade das empresas nacionais com a redução da carga tributária.
- Reduzir a valorização do real por conta da menor atração de capitais especulativos;
- Melhorar a competitividade das empresas nacionais com a redução da carga tributária.
Assessoria Técnica
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