É sempre bom começar a semana podendo dizer que os prognósticos da semana anterior acabaram se confirmando. Na semana passada, visualizamos que havia sinais de um otimismo contido no mercado. Esse otimismo poderia se materializar tanto na alta das ações quanto na valorização cambial, e de fato isso ocorreu. Para esta semana, e para o médio prazo, o cenário continua positivo, sem exageros. Ainda não existe uma tendência clara e algumas questões importantes ainda precisam ser resolvidas na economia global, mas o encaminhamento parece bastante razoável. No Brasil, não se pode apostar em uma aceleração forte da bolsa, porque o Ibovespa se recuperou muito rapidamente da crise de 2008, e está muito valorizado quando comparado com outros índices de ações ao redor do mundo. Todavia, a tendência é de estabilidade com viés de alta no médio prazo, para usarmos um jargão do Banco Central.
As condições que propiciaram um ambiente otimista na semana passada ainda se apresentam: o Japão começa a retomar a rotina, os preços de commodities se mantêm elevados, o Brasil recebe uma forte entrada de capitais estrangeiros e o crescimento global em 2011 pode ser um pouco maior do que o primeiramente antecipado. Nesse aspecto há uma ironia, pelo menos para os mercados. Enquanto os Estados Unidos e a Europa (principalmente Alemanha) devem crescer um pouco mais do que o previsto, os analistas brasileiros estão ajustando suas perspectivas de crescimento interno para baixo. A previsão caiu de 4,5% para 4,3%. A Fecomercio não ousa fazer previsões com esse grau de precisão, aposta que o PIB crescerá entre 3,5% e 4,5%, com maior probabilidade de que fique bem próximo de 4% mesmo.
Com as condições medianamente favoráveis, os mercados não devem ter nenhuma surpresa nestes próximos dias. O que nos preocupa ainda é a reação do governo a algumas adversidades recorrentes. A CPMF está sendo discutida novamente, os gastos públicos continuam em alta, o Banco Central continua a adotar medidas para conter o crédito e a valorização cambial tem sido uma preocupação evidente das autoridades - no nosso entender a preocupação é exagerada e as soluções adotadas foram as piores. As restrições para um desenvolvimento mais rápido e, portanto, para um horizonte mais elástico de ganhos nas bolsas. Também a valorização cambial deverá ser combatida com IOF maior para entrada de dinheiro no País e com o aumento das reservas nacionais.
Mas não há mágica possível quando os mercados apontam para essa direção ainda. Do lado do câmbio, portanto, lembramos que em parte a inflação vinha sendo controlada com a valorização cambial, e, quando o governo começou a controlar a queda do dólar, acabou importando um pouco mais da alta dos preços internacionais. Do lado da bolsa, nada de novo. Poderemos ter um início de semana com pequenas quedas para realização de lucros, mas em média o cenário é moderadamente positivo neste momento.
No ano, a bolsa está no zero a zero enquanto o câmbio se valorizou 2,4% em três meses. Vamos ter o cuidado de não nos empolgarmos por um período de aumento de otimismo. Se analisarmos os jornais e a internet, vemos que os mesmos analistas que pararam de projetar a Bolsa acima dos 80 mil pontos neste ano, com a alta das duas últimas semanas, voltaram a aparecer. Fazer análises assim é muito pouco eficiente no sentido de informar o público. O cenário melhorou nas duas últimas semanas principalmente com o desembaraçar de situações difíceis, mas não dá para apostar na efetiva reversão do quadro todo! Vamos ter calma ainda. Bolsa e câmbio da semana e do ano conforme atesta quadro abaixo:
Assessoria Técnica
Nenhum comentário:
Postar um comentário