Parece uma sandice que uma grande parte da energia gerada em uma região bastante sujeita a fenômenos naturais como terremotos e tsunamis advenha de reatores nucleares. O risco de que, em um eventual terremoto, ocorram acidentes radioativos é imenso, mas é justamente nos momentos mais agudos que devemos manter a calma e a lógica. Se parece loucura construir uma usina nuclear onde possa haver terremoto, maior loucura é morar nessa região. Ou, de outra forma, terremotos em si geram um enorme risco de morte às populações que moram em áreas de risco de ocorrência a este tipo de fenômeno. Os danos causados, no caso em Fukushima, pela radiação são colaterais e menores, dado o tamanho da tragédia. No Japão, a outra opção seria viver no escuro, ter um PIB que seria uma fração do atual e um padrão de vida muito inferior, o que inclui menor longevidade e condições de saúde da população muito inferiores às atuais.
O medo de radiação e de acidentes em usinas nucleares é legítimo e certamente ficou exacerbado após o terremoto no nordeste do Japão. De qualquer maneira, o que temos que pensar é se há alternativa viável, de baixo risco. E isso não há, infelizmente.
O Japão não é provido de rios caudalosos e com inclinação elevada, que propiciaria a produção de energia em hidroelétricas. Também a queima de óleo não é nem tão eficiente e tampouco segura como se pensa, em termos de riscos ambientais e mesmo de acidentes. Portanto, sobram poucas opções.
No caso do Brasil, a história deveria ser bem outra. Em primeiro lugar, o Brasil é naturalmente bem provido de rios e aclives e declives. Também consome muito menos energia do que países como Japão, Estados Unidos, Alemanha ou mesmo a China. E, finalmente, em parte pode (ou pelo menos deveria poder) se vangloriar de usar energia renovável para locomover grande porção de sua frota de automóveis. Imaginar alternativas nucleares aqui, neste momento, não parece razoável, nem economicamente, nem politicamente.
O Brasil deveria acelerar as obras das usinas hidroelétricas no Norte do País. Essas obras, ao contrário do que se diz, podem proteger a floresta. Uma população sem opções de trabalho, sem desenvolvimento, certamente é mais suscetível à exploração sem critérios das riquezas à sua volta, como, por exemplo, a madeira e a extração mineral desordenada. Uma população sem opções de atividade econômica é capaz de se sentir compelida a morar perto de um vulcão ou mesmo em uma zona sujeita a terremotos. Quanto mais tempo se protela a construção das usinas de Jirau e Santo Antônio, no Complexo do Rio Madeira, menos empregos serão gerados e mais demorará o desenvolvimento a chegar. Não podemos nos surpreender se a extração de madeira ilegal na região se tornar uma opção economia cada dia mais viável em relação à falta de outras atividades econômicas.
O que se observa hoje, com certo espanto dos especialistas, é que a discussão em torno da geração de energia esteja totalmente politizada e emocional. Seja energia gerada em hidroelétricas, nucleares ou termoelétricas movidas a combustíveis fósseis, ou mesmo por meio da queima de álcool. Todas as fontes estão sob ataque. Resta aos que atacam nos dizer como querem protestar no escuro, e garantir suas redes sociais sem energia para ligar os computadores.
Assessoria Técnica
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