A tensão se mantém nos mercados financeiros. Na última semana começaram rumores da saída de capital estrangeiro. Pode até ser de fato que tenha ocorrido, mas não pode ser considerado indício de uma debandada. É mais provável que esse movimento possa estar atrelado a realizações de lucro, com um empurrãozinho das lambanças do governo nas últimas semanas.
Para exemplificar o que o Economix Express vem alertando há algumas semanas, o ministro Guido Mantega mostra seu desalento com as pressões que chega de todo lado e tem efeitos antagônicos na seguinte frase: “Pô, pessoal, se eu elevo muito o juro, entram mais dólares, o real se fortalece; se o dólar se valoriza um pouco, aí é a inflação que desanda. Parem de ficar me pedindo coisas difíceis!” Para lembrar: ninguém pede nada que seja fácil a um ministro da fazenda. Para constar, o ministro participa do governo para fazer coisas difíceis que maximizem o desempenho econômico do País.
De forma geral o ambiente não mudou da semana retrasada para essa. A rigor, o ano de 2011 até agora pode ser resumido na visão de analistas de mercado: o início do ano indicava que o câmbio ficaria estável, valorizado e que a Bolsa iria andar de lado, com pequeno viés de baixa, por conta da percepção de que a economia iria desacelerar. Entre fevereiro e março, o cenário mudou para melhor, e as bolsas até ensaiaram uma retomada. Em grande parte se deve a divulgação dos números de desempenho da economia em diversos setores mostrando que a produção e o consumo estavam acima do que se imaginava. Esse cenário de alta para as Bolsas (e estabilidade para o câmbio) foi reforçado com a ata do Copom que mostrava a necessidade de combate à inflação, porém que seria um desperdício elevar demais os juros quando se sabe que parte da inflação vinha de fora com commodities em alta. O Banco Central completou a ata, mostrando que os efeitos das políticas até então adotadas somente será percebido no segundo semestre e que até lá o País terá que conviver com uma inflação ao redor de 6% ao ano.
Até o final de março, esses fatos ajudaram a cristalizar a percepção de um ambiente estável com crescimento ainda razoável. Mas aí veio a lambança que vem nos acompanhando nas duas últimas semanas: ministro todo dia na televisão, medidas antagônicas, intervenção branca na Vale e tudo o que presenciamos.
No dia seguinte do anúncio de medidas para desvalorizar a moeda, o câmbio valorizou fortemente, causando forte perda de credibilidade da equipe econômica em um espaço curto de tempo. Infelizmente, o quadro positivo que vinha se desenhando, com os percalços que sabíamos que a economia iria enfrentar – principalmente a inflação – se tornou um cenário basicamente de mais incerteza onde o governo parece que punirá todos os resultados positivos que possam minimamente indicar um aquecimento acima do desejado. Esse é o quadro hoje. Diante disso, podemos voltar ao cenário da bolsa mais volátil com tendência de estabilidade (ou leve queda no médio prazo) e câmbio se valorizando mais, até porque a fala do ministro pareceu uma “jogada de toalha” no caso cambial.
Veja os dados na tabela e no gráfico, com a seguinte observação: o Ibovespa caiu forte e o espaço para quedas nessa semana apenas se dará se mais lambanças ocorrerem.
Assessoria Técnica
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