sexta-feira, 15 de abril de 2011

Acordo entre os países do Brics pretende concessão de crédito em moeda local

Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, países que compõem o grupo dos Brics, anunciaram esta semana a criação de um grupo de trabalho para desenvolver um sistema cruzado de concessão de crédito mútuo para investimentos diretos em moeda local e não em dólar.
O acordo, que visa impulsionar o comércio e as relações econômicas entre esses países, foi assinado por líderes de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, durante a cúpula do bloco. Outro benefício do possível novo sistema de crédito seria apoiar pequenas e médias empresas interessadas em se internacionalizar.
“Os bancos de desenvolvimento desses países definem muita pauta que tem grande influência na economia, se você consegue usar como uma função de organização das defesas econômicas”, destaca Mário Marconini, presidente do Conselho de Relações Internacionais da Fecomercio.
Marconini lembra que “esse pacto indica muito compromisso. A decisão de investir em moeda local vai além do que eu esperava. São países competidores e muito heterogêneos, concorremos em comércio e serviços, e muitas vezes frontalmente”.
O presidente do Conselho de Relações Internacionais também alerta que o encontro do Brics deixou passar algumas discussões importantes para as relações econômicas desses países, como é o caso da competição desigual de mercado. “No Brasil carregamos um piano para produzir, enquanto na China isso não ocorre. Os acordos de cooperação são muito mais de troca de tecnologias do que de investimentos. Estar com a China é importante, agora outras coisas são anúncios de empresas, como a da Foxxcomm vindo ao Brasil e a Embraer na China. A questão da Embraer já existia um compromisso feito há dez anos e que durante esse tempo eles copiaram nossa tecnologia e só agora compraram nossas aeronaves. Foram acordos úteis. É melhor tê-los do que não tê-los. Mas não podemos dizer ainda que isso vai diminuir as barreiras de exportação do Brasil pra China”, finaliza Marconini.

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