segunda-feira, 18 de abril de 2011

Mais atrasados, mais reféns

O País precisa urgentemente de aeroportos, asfalto, transporte público de qualidade e em quantidade, novos trens, novas alternativas de rotas viárias. Precisamos expandir os investimentos em telecomunicações, mais banda larga, aumentar a produção de energia elétrica. Tudo isso precisa ficar pronto até a Copa de 2014, ou será tarde demais. A perspectiva de realização da Copa, mais de um quarto de século após o momento em que paramos de investir robustamente no Brasil, tem sido um excelente fórum para o debate da falta de infraestrutura, mas, convenhamos, tudo o que precisamos, é para 190 milhões de brasileiros e 5,5 mil cidades, não apenas para cerca de 1 milhão de turistas em 12 sedes do evento esportivo.
De qualquer forma, é muito bom que a Copa do Mundo – e as Olimpíadas do Rio – acabem ensejando ao menos a discussão. Estamos percebendo muito tarde que as nossas condições de competitividade são precárias e nossa qualidade de vida é muito baixa. Talvez a Copa do Mundo sirva para que alguma aceleração nos projetos de infraestrutura realmente ocorra. Que ao menos a competição deixe um legado positivo, no mínimo nas cidades-sede. É bem verdade que o legado mais recente do Pan-americano no Rio de Janeiro não é um exemplo a seguir, mas, quem sabe, a partir dessa experiência, não iniciemos com as obras específicas para a Copa um processo mais longo de investimentos naquilo que deve permanecer para a população, porque a Copa só dura um mês, os turistas vão embora e ficamos aqui mesmo, nos nossos 8 milhões de quilômetros quadrados de nossas 5.500 cidades.
Seremos, contudo, cada dia mais reféns da escassez de tempo. Quanto mais perto dos eventos chegamos, mais caras e precárias serão as obras – na realidade, tendem a ser remendos. Até mesmo o risco de faltar luz principalmente no Norte e Nordeste do País é real.  Se o cronograma ficar atrasado (mais do que já está), é certo que o governo vai ser “chantageado” pelos investidores e por seus fornecedores, sob a ameaça de uma vergonha nacional transmitida em tempo real (talvez as falhas de transmissão possam reduzir esse vexame ao vivo).
Vamos acompanhar de perto, mas se não houver mobilização de esforços e coordenação, o Brasil estará à mercê das condições dos empreiteiros, e não será por culpa deles.
Ganhar a Copa do Mundo vai ser muito bom, mas será muito melhor se no dia seguinte o sistema de transporte estiver funcionando com conforto e os aeroportos serem decentes com filas menores. Tomara que a telefonia deixe de ser uma das mais caras do planeta, que a banda larga seja difusa e que as ruas possam estar limpas rapidamente. Será um verdadeiro presente aos brasileiros que a segurança pública reduza as incidências criminais definitivamente.  Isso sim é digno de um país hexacampeão.

Assessoria Técnica

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