terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma típica semana de mercado sem norte, desorientado

Quando os romanos rumavam para o Oriente, diziam que era necessário estar sempre concentrado na campanha, que os soldados deveriam estar todos orientados. Quando o exército de Marcus Aurélius rumava para onde hoje é a Alemanha, os soldados deveriam estar com o norte na cabeça, deveriam estar norteados. Os mercados financeiros no Brasil, 2000 mil anos depois das campanhas mais importantes do Império Romano, estão desnorteados, desorientados. Não sabem o que fazer. Aliás, por irônica coincidência, os atuais problemas da economia global provêm do Hemisfério Norte e também, em grande medida, do Japão, no Oriente.
O Ibovespa no Brasil se comportou exatamente como os indicadores na Europa, nos Estados Unidos e no Oriente: sem nenhuma consistência. Nesses momentos alguns operadores são ágeis e fazem muito dinheiro, apostando na volatilidade e acertando quando estar vendido e quando estar comprado. Mas isso é tarefa para profissionais e talvez para quem seja um pouco irresponsável, ou tenha um pouco (muito) de espírito de jogador, aventureiro. Certamente, no último mês, os mercados financeiros proveram grandes doses de adrenalina para quem gosta de emoções fortes. Esse tom deve continuar por algumas semanas, pelo menos, pois ninguém conseguiu ao certo digerir as informações que vêm dos principais focos de crise. Não há certeza de como esse momento vai ser diluído no tempo até que os mercados voltem ao normal, indicando tendência e com a economia global voltando a crescer 4% a 5% ao ano. Para isso é necessário que Europa, Estados Unidos e Japão cresçam algo ao redor de 2,5% a 3,5% ao ano.

No Brasil, os estragos, devidos ao crítico problema americano, à redução do rating dos Estados Unidos e ao quase insolúvel problema das dívidas soberanas européias, se restringiu ao mercado financeiro. Emprego, renda, crédito e consumo continuam dando sinais positivos. Desta forma, é possível que ainda tenhamos um Natal de bons resultados em termos de consumo, ainda que terminemos o ano com a bolsa caindo dois dígitos. Também não esperamos muitas alterações relativamente à taxa de câmbio, que deve permanecer valorizada.
Quando o mercado de renda variável fica muito volátil, se tornando ambiente hostil para não iniciados, a tendência é aumentar a procura por renda fixa, por títulos do governo, por investimentos via Tesouro Direto. Em parte temos que lembrar que os bancos não gostam muito deste cenário, porque limita sua ação e sua capacidade de cobrar elevadas taxas de administração, principalmente se os investidores partirem em massa para o Tesouro Direto. Na realidade, é isso que está acontecendo, mas podemos apostar aqui que, em breve, vai começar a temporada de caça aos recursos por parte dos bancos. O que deve começar a sair de relatório mostrando que existem enormes pechinchas nas bolsas, não vai ser brincadeira. De fato, o Economix reconhece que devam existir pechinchas na Bovespa, o difícil é apontar exatamente quais e qual o melhor momento para comprar, ou seja, que tem coisa barata, é claro, mas garimpar boas oportunidades não é tarefa trivial. Os quadros abaixo elucidam como foi a semana e também são bons indicadores do que nos espera nos próximos dias, semanas e talvez meses. Mas continuamos atentos.

Assessoria Técnica

Nenhum comentário:

Postar um comentário