terça-feira, 23 de agosto de 2011

Mais uma semana que confirma a tese

O lado real da economia não vai do céu ao inferno como o mercado financeiro em apenas um dia.
Se este periódico fosse um daqueles seriados americanos antigos do tipo Batman, na segunda passada teria terminado assim: continua no próximo episódio. Nesta edição teria começado assim: cenas dos últimos capítulos:

1.         Economia americana dá sinal de recuperação – bolsas reagem bem;

2.         Dívida americana atinge limites – Bolsas simulam o apocalipse;

3.         Crise americana contornada no curto prazo – o mundo está em festa;

4.         Dados ruins na Europa – mais uma prévia do juízo final...

5.         Passada a fase aguda nos EUA e Europa.

Na semana passada, após a melhoria da semana retrasada, os mercados ensaiaram uma recuperação quase tão fantástica quanto às quedas nos piores momentos. Na segunda passada, o blog antecipava exatamente que, da mesma forma que o mundo não acabou por diversas vezes, os problemas também não sumiram do dia para a noite, ou seja, que de fato não há motivos para quedas de 8% ou 10% em um dia, também não há razões que indiquem que o otimismo com a economia global teria que voltar aos patamares pré 2008.
Nesse momento de muita histeria e pouca racionalidade, é normal que os mercados fiquem extremamente voláteis. É normal também que aplicadores não especialistas percam dinheiro principalmente para especuladores mais atentos e muito oportunistas. Mercado volátil é ótimo para quem especula, pois as oportunidades de ganhos espetaculares diariamente são enormes, bastando você estar comprado ou vendido na medida e na hora certa. Esse ritmo não é o adequado para aplicadores de longo prazo, e muito menos para os ansiosos. O boletim sempre salienta que é melhor perder o momento excelente de compra ou de venda e fazer um bom negócio ainda assim, do que tentar adivinhar qual é o exato momento da mínima e da máxima de mercado. Esse exercício é muito mais de magia e sorte do que de análise racional.

As tendências não são definidas em um dia ou uma semana, paciência. Temos como acertar a trajetória, não os extremos. Esse é o recado que vem sendo dado há semanas no blog e parece que os mercados têm conspirado para comprovar nossa tese da calma tanto para vender, quanto para comprar. Nesses momentos, especuladores tendem a tirar vantagens de quem sempre compra na alta e vende na baixa por conta de um comportamento passional e pouco racional.
Na semana passada, as bolsas ficaram otimistas até quarta e depois muito pessimistas. Novamente, já escrevemos sobre isso inúmeras vezes: o que mudou de um dia para o outro no mundo? A Europa vai permanecer com a espada das dívidas soberanas elevadas por muito tempo na cabeça e os Estados Unidos e Japão ainda vão crescer lentamente. Isso não vai mudar amanhã. Agora, uma notícia aqui ou ali, plantada ou não, cavada ou não, tem, nesses dias nervosos, o poder de revirar a mesa de forma impressionante nos mercados financeiros. Se os dados de emprego nos EUA são melhores ou piores do que o esperado, os mercados reagem muito fortemente, mas temos que parar um pouco e pensar: o que garante que uma contratação um pouco maior de pessoas seja um sinal definitivo de recuperação ou uma contratação um pouco mais fraca um sinal de catástrofe? O que faz um dado isolado ser tão relevante? Repostas: o pavor, a irracionalidade que impera nestes dias.

Por isso, Ibovespa para cima e para baixo é regra nestas próximas semanas e não se tem condições, não quem seja sério, de prever quando que o indicador vai atingir sua mínima ou quando vai começar de fato a se recuperar. Do outro lado, não dá para garantir que quem vender agora pode comprar muito mais barato em poucos dias (o que até mesmo pode acontecer, mas isso seria um exercício do tipo aposta arriscada, e não baseado em análise). Para terminar como nos seriados do Batman, temos que ser óbvios demais também: com essas taxas de juros na renda fixa, porque arriscar em um cenário tão indefinido assim?  Quem não aproveitar agora a renda fixa pode se arrepender em poucos meses.  De outro lado, certamente as ações de boas empresas no Brasil vão se recuperar, mas podemos esperar mais um pouco para fazer essa aposta, ainda que percamos o momento de extrema queda. O boletim garante que esse é um preço pequeno a pagar pela tranquilidade.
Assessoria Técnica

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