quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Economia americana demora para se levantar

Os dados bem piores que o esperado sobre o mercado de trabalho norte-americano realimentam os temores sobre o ritmo de recuperação da maior economia do mundo. A surpreendente queda na geração de empregos - houve criação de 18 mil vagas em junho, excluindo o setor agrícola, ante a previsão de 90 mil contratações líquidas – mostra que não existem bons dados que confirmem, nem que rechacem, a existência de um processo efetivo de recuperação da economia de US$ 15 trilhões de PIB.

O choque com a fraqueza no mercado de trabalho norte-americano provocou um salto na volatilidade e deu a investidores, já cautelosos com a atual crise de dívida na zona do euro, outra razão para embolsar lucros. Como os dados estão vindo muito erráticos, a importância dos balanços de empresas passa a ser maior para que se avalie de forma mais adequada o desempenho da economia americana. Os resultados efetivos das companhias norte-americanas é que vão dizer se efetivamente o país vai ficar mais ou menos tempo na UTI da economia global.
Independentemente disso, o fato é que, mesmo que os balanços tragam bons resultados e dividendos polpudos, a geração de emprego é primordial para a sustentabilidade política e para o bem estar social. Ainda que as empresas americanas tenham descoberto a forma de crescer gerando menos vagas de trabalho (se houver um salto de produtividade induzido pela necessidade do momento de crise), mais importante para o governo da vez, e talvez mesmo para a sociedade, é a geração de postos de trabalho que absorvam tanto a reserva de mão-de-obra que está desempregada quanto às demandas de jovens que estão iniciando sua jornada profissional.

Enquanto o país não volta a crescer mais robustamente e enquanto a geração de empregos nos Estados Unidos não absorver mão-de-obra no volume adequado, o mundo vai depender dos BRICs para se manter crescendo. No médio prazo, isso é até possível, mas imaginar que a economia global vai prescindir dos Estados Unidos, da Europa e do Japão, por muito tempo, e ainda assim se manter aquecida é um engano muito grande. Não há como sustentar o consumo no ritmo da primeira década deste século sem esses jogadores de peso.
A rigor, os BRICs (ou emergentes, como queiram) são bem capazes de manter a produção elevada, porém em grande medida esse volume de produção é estrategicamente pensado justamente para gerar excedente exportável que abastece (ou abasteceria) os mercados ricos da Europa, do Japão e dos Estados Unidos.  Portanto, ou bem a economia americana cresce mais aceleradamente e gera empregos e se mantém como um forte mercado consumidor global, ou em algum momento, não tão distante, os próprios projetos de investimentos em plataformas de produção na China, Índia e Brasil vão começar a ser revistos em função da fraca demanda.

Assessoria Técnica

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