Diante de tantos problemas globais de solução complexa (Dívidas Soberanas europeias, fraco crescimento americano, operações de resgate econômico de países periféricos e agora nem tão periféricos etc.) a adoção de uma postura fiscal radicalmente austera é a estratégia mais inteligente e eficaz. Se o País mostrar ao mundo que tem condições de se manter fiscalmente estável e equilibrado no longo prazo, certamente se credenciará como forte candidato a um dos esteios econômicos do mundo. Que o Brasil será uma das cinco maiores economias do mundo em breve, isso é fato, mas ser grande é diferente de ser próspero e socialmente adequado.
Ser grande é diferente de ser estável. Ser grande depende, entre outras coisas, do volume de capital e trabalho disponíveis, ainda que a produtividade média seja baixa. Esse é o caso de Índia e China, que, apesar de grandes economias e do crescimento rápido, deixam muito a desejar em qualidade de vida e, certamente, não são “confiáveis” o suficiente para se tornarem alternativas como países pilares da economia, como hoje são Estados Unidos, Japão e os países da Europa. Além disso, o Brasil é o único dos BRICs que tem cultura ocidental, muito próxima dos americanos e da Europa, o que também é vantagem, além de manter o mesmo alfabeto, ainda que com língua diferente. Pode parecer que esses detalhes sejam pequenos, mas não são. Essas questões culturais contam muito, sem contar que, dentre os BRICs, o Brasil é o País que tem as maiores semelhanças culturais com as economias de ponta, e certamente o ambiente institucional (por mais irônico que pareça) mais estável. Somos uma democracia que amadurece rapidamente. Tudo isso vai dando ao País o “status” de um novo farol nesse oceano, um ponto de referência alternativo, principalmente quando o tradicional grupo de economias ricas passa por uma das maiores crises do pós-guerra.Esse quase detalhe da posição da dívida pública brasileira pode fazer muita diferença no curto prazo. Tomara que esse seja o início de um processo contínuo de austeridade fiscal, que vai definitivamente colocar o Brasil como um País diferenciado, que pode, e deve, receber investimentos diretos, projetos, empresas, e é merecedor de poupança externa a financiar uma taxa de crescimento muito maior do que a atual por um período longo de tempo. O que falta ao País é um ajuste fiscal sério e profundo, que, por conta dos problemas mundiais muito mais graves, parece algo de segunda importância, mas não é. Esse é o momento de definitivamente nos diferenciarmos.
Assessoria Técnica
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