quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dívida pública no sentido correto

A dívida pública mobiliária federal interna recuou 4% em julho frente a junho, atingindo R$ 1,66 trilhão, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira (22). No mês, o governo fez resgate líquido de quase 84 bilhões de reais. Com esse resultado o estoque da dívida pública federal, incluindo também a dívida externa, caiu 3,9% no mês, para R$ 1,7 trilhão.  Essa notícia é um bom presságio, principalmente se uma trajetória descendente for confirmada ao longo do tempo.

Diante de tantos problemas globais de solução complexa (Dívidas Soberanas europeias, fraco crescimento americano, operações de resgate econômico de países periféricos e agora nem tão periféricos etc.) a adoção de uma postura fiscal radicalmente austera é a estratégia mais inteligente e eficaz. Se o País mostrar ao mundo que tem condições de se manter fiscalmente estável e equilibrado no longo prazo, certamente se credenciará como forte candidato a um dos esteios econômicos do mundo. Que o Brasil será uma das cinco maiores economias do mundo em breve, isso é fato, mas ser grande é diferente de ser próspero e socialmente adequado.
Ser grande é diferente de ser estável. Ser grande depende, entre outras coisas, do volume de capital e trabalho disponíveis, ainda que a produtividade média seja baixa. Esse é o caso de Índia e China, que, apesar de grandes economias e do crescimento rápido, deixam muito a desejar em qualidade de vida e, certamente, não são “confiáveis” o suficiente para se tornarem alternativas como países pilares da economia, como hoje são Estados Unidos, Japão e os países da Europa. Além disso, o Brasil é o único dos BRICs que tem cultura ocidental, muito próxima dos americanos e da Europa, o que também é vantagem, além de manter o mesmo alfabeto, ainda que com língua diferente. Pode parecer que esses detalhes sejam pequenos, mas não são. Essas questões culturais contam muito, sem contar que, dentre os BRICs, o Brasil é o País que tem as maiores semelhanças culturais com as economias de ponta, e certamente o ambiente institucional (por mais irônico que pareça) mais estável. Somos uma democracia que amadurece rapidamente. Tudo isso vai dando ao País o “status” de um novo farol nesse oceano, um ponto de referência alternativo, principalmente quando o tradicional grupo de economias ricas passa por uma das maiores crises do pós-guerra.

Esse quase detalhe da posição da dívida pública brasileira pode fazer muita diferença no curto prazo. Tomara que esse seja o início de um processo contínuo de austeridade fiscal, que vai definitivamente colocar o Brasil como um País diferenciado, que pode, e deve, receber investimentos diretos, projetos, empresas, e é merecedor de poupança externa a financiar uma taxa de crescimento muito maior do que a atual por um período longo de tempo. O que falta ao País é um ajuste fiscal sério e profundo, que, por conta dos problemas mundiais muito mais graves, parece algo de segunda importância, mas não é. Esse é o momento de definitivamente nos diferenciarmos.
Assessoria Técnica

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