quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Bolsas: Depois do terremoto, o tsunami

Os dias continuam muito ruins para as bolsas. A rigor, para a economia global. O rebaixamento dos títulos americanos foi um evento tectônico justamente porque o dólar é a moeda de referência global e a economia americana serve como base para o crescimento de grande parte do mundo, principalmente a da China, que, por sua vez, está crescendo e puxando outros países, como o Brasil. A falta de referência clara (se não forem os Estados Unidos, quem será essa referência?) deixa os mercados nervosos e sem direção. Se o rebaixamento for algo para ser levado a sério, então qual a referência global agora?
A Europa não pode ser, por motivos óbvios. A China é grande, mas não tem o poderio americano e desperta muita desconfiança no mundo ainda. O Brasil, apesar de melhor institucionalizado que os demais integrantes do BRIC, tem um papel marginal na economia global. O Japão não cresce há pelo menos duas décadas. Ou seja, essa nova ordem da economia mundial não deixa de ser uma construção metafórica, dado que na improvável hipótese de que os americanos deixe de ser o guia, existirá um vácuo por muito tempo.
A discussão agora é se os mercados estão caindo para fazer um ajuste ou se estamos vivendo um “bear market”, que vem a ser um mercado urso, que só sabe avançar de cima para baixo. Será que é momentâneo ou a tendência de longo prazo é muito ruim? Tudo indica que haverá recuperação em breve, mas existem alguns pontos a serem ponderados:

1. Mesmo que a recuperação comece no curto prazo, em uma semana que seja. Antes disso, quanto pode cair esse mercado?
2. Desta vez há o problema adicional da novidade no ar, que de fato os americanos estão descalços nesse braseiro.

Tudo isso gera especulações e riscos que não existiam antes. Portanto, vislumbra-se um admirável mundo novo. Também é fato que quando surge um mundo novo, algumas pessoas conseguem tirar proveito disso. Não sabemos exatamente a receita, mas conhecemos alguns ingredientes: calma, serenidade, não se deixar levar por movimentos de manada, coragem sim, mas com prudência. Isso quer dizer que, eventualmente, investir em ações se orne um bom negócio, mas quem tentar adivinhar exatamente o momento da virada poderá se dar muito mal. Se lembrarmos bem, na semana passada, este mesmo Economix já mostrava que os 52 mil pontos do Ibovespa (são menos de 49 mil na abertura da terça) poderiam ser baratos, mas poderiam também estar escondendo um movimento mais complexo do que apenas uma correria por conta de um boato. Agora é fato: o mundo está sem referências, assim como os analistas.
Aposta: a tendência é de que, por absoluta falta de voluntários à altura do desafio, a referência global volte a ser os Estados Unidos. Quando isso ficar claro, será o momento de voltar o foco para o mercado de ações, que vai sim se mostrar uma boa opção, em algum momento. Quem acompanha o Economix deve ter percebido as virtudes da análise fria e da paciência. Perguntem: valeu a pena ter paciência até aqui, mesmo quando o cenário parecia promissor?

Assessoria Técnica

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