segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Estados Unidos, Japão e Eurolândia: um olhar geral

Para avaliar a existência ou não da recuperação dos Estados Unidos e das grandes economias globais, um breve histórico dessas regiões se torna necessário. Até mesmo porque se os Estados Unidos, por exemplo, crescer neste ano 2,5%, o que isso significa? Para um chinês ou mesmo para nós brasileiros, parece muito pouco, mas será que essa taxa está abaixo do real potencial de longo prazo americano? Será que essa taxa, estando ou não dentro do potencial americano, é uma taxa historicamente aceitável? O mesmo vale para Europa (zona do Euro) e para o Japão. Vamos nos debruçar só um pouquinho sobre os números que vêm dessas regiões, seja de PIB, comércio externo ou inflação.

Conforme se pode verificar, as taxas de crescimento dessas regiões nos últimos anos não são muito altas mesmo. Mesmo no período que se convencionou chamar de bolha de consumo, o crescimento do PIB poucas vezes ultrapassou os 3%: em média algumas regiões já mostram hoje taxas de crescimento semelhantes àquelas de antes da crise de 2008. Não dá para esperarmos muito mais do Japão, da Europa ou dos Estados Unidos. Ou seja, o motor de crescimento do mundo deve permanecer sendo o bloco chamado BRIC, com adesão de outras economias. Ocorre que no mundo todo, poucas são as economias realmente relevantes. Além da Europa (Bloco do Euro), dos Estados Unidos, do Japão, podemos considerar Reino Unido, China, Brasil, Rússia, Coréia e África do Sul como atores de primeira grandeza, não mais do que isso. Sendo assim, já faz alguns anos que quem sustenta o crescimento global são emergentes de consumo, assim como, internamente a essas economias, são as classes emergentes de renda que mantém o brilho no consumo, e isso não deve ser coincidência.
Podemos verificar também que essas regiões mantém padrões de inflação muito baixa e dívida interna elevada em relação ao PIB. Essas regiões se diferenciam monumentalmente na contabilidade externa. Enquanto os Estados Unidos se mantém como o maior país deficitário do mundo, Japão e Europa são fortemente superavitários em média, com contas correntes positivas. Isso significa que quem sustenta o consumo global de economias como a chinesa e a brasileira (direta ou indiretamente) é a América do Norte, na prática. Temos que torcer para a recuperação da confiança do consumidor dos Estados Unidos, pois é isso que vai garantir mais uma década de boas taxas de crescimento nos BRICs.

Se por um lado, esses dados assustam um pouco pelo fraco desempenho de economias tradicionais há muitos anos, por outro lado é um alento, pois evidencia que após 2008 não houve mudança no equilíbrio global que já não viesse sendo implementada em momentos de normalidade. O risco, efetivamente, é a manutenção muito prolongada de consumo interno fraco nas economias principais como a americana, o que no médio prazo inviabilizaria a sustentação do vigor do crescimento das economias emergentes, e aí sim o problema seria mais agudo. Como o estímulo ao consumo nas grandes economias está sendo grande, podemos acreditar que há uma boa probabilidade de que a normalidade volte em um período não muito longo, o que seria ideal para que o mundo não passe por um processo muito prolongado de ajustes recessivos.

Assessoria Técnica

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