quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Safra brasileira em 2011 será recorde

Os dados do IBGE para a safra brasileira têm sido ajustados para cima ao longo do ano. Isso significa que, em primeiro lugar, em média não há um problema climático maior do que em 2010. Os dados dão conta de um avanço de 7% na produção de alimentos em 2011 relativamente a 2010, com aumento médio de 4% na área plantada, ou seja, 2% a 3% de ganho de produtividade por hectare. O grande problema, neste ano, está na safra de Cana-de-açúcar que terá uma produção 7% menor do que em 2010, com queda de 6% na área plantada. Ou seja, a produção do importante energético do País caiu em área, volume e produtividade neste ano. Esse é o único fator que realmente preocupa como fonte de pressão de preços em 2011/2012.
A área plantada cresceu 4% sendo que apenas quatro culturas tiveram perda de área. Essas mesmas quatro lavouras, somadas à de aveia vão ter redução de produção. A redução de produtividade por hectare ocorre também em quatro lavouras (em vermelho os indicadores em queda entre 2011 e 2010). As produções de Algodão, Arroz, Batata, Cacau, Feijão, Milho e Soja, além de maiores do que em 2010, serão recordes históricos, e, portanto, as responsáveis pelo recorde histórico geral no ano.

A lavoura de cana abrange 10 milhões de hectares e produz mais ou menos 700 milhões de toneladas, ou seja, em volume é disparada a maior lavoura do País, com uma produtividade em quilos por hectare muito grande, por isso um quadro que conste a cana-de-açúcar distorceria o resultado geral. O que preocupa com relação à cana não é a alimentação na mesa dos brasileiros e sim o custo do combustível e pressões de preços internacionais dado que o Brasil é um grande player na produção de cana (o maior do mundo) e de álcool (só perde para os Estados Unidos).
Internamente o que pode - e deve - ocorrer no início de 2012 é mais uma alta no preço do álcool nas bombas dos postos de gasolina. Em parte essa alta vai ser amortecida pelo fato de que os quase 3 milhões de carros vendidos no País podem ser abastecidos também com gasolina. E sempre há a possibilidade de redução na mistura de álcool na gasolina. Em termos de pressão por conta de alimentos, isso somente ocorrerá se a demanda mundial crescer fortemente, e não por problemas de safra. De qualquer forma, se de um lado o aquecimento da demanda mundial pode pressionar nossa inflação, de outro , o País vai receber mais um ano de bônus internacional sob a forma de preço de commodities e, nestes casos, a entrada de dólares pode valorizar ainda mais a moeda e fazer parte do combate a inflação pela via cambial. Aí é uma questão de escolha. Pior ainda é a situação daquelas economias que pagam o preço alto e não têm ao menos o benefício do bônus de ser um produtor de commodities nesses tempos.
Assessoria Técnica

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