terça-feira, 2 de agosto de 2011

Muito esforço e pouco resultado. Essa foi a semana

Voltamos aos dias de governo acuado jogando para a plateia. O começo do ano teve inúmeros episódios e o resultado geral foi ruim, para não dizer desastroso. A equipe econômica estava dia sim, outro também, na televisão para fazer e desfazer medidas e depois tinha que explicar o inexplicável. Esse mesmo boletim, à época, mostrou que essa atuação desastrada, pouco técnica e muito pouco profissional gerava muita insegurança quanto a capacidade da equipe econômica em termos de conhecimento e de resistir a grupos de pressão que existiram, existem e sempre existirão. Se hoje reclamam aqueles que perdem com o câmbio valorizado, não devemos nos esquecer das pressões que uma das grandes empresas alimentícias do País fez quando perdeu muito dinheiro com a desvalorização de nossa moeda na crise de 2008/2009.

Momento ruim para criar marola: agora, sucumbir à gritaria de alguns setores sobre a força do real e emitir medidas para tentar conter a valorização de nossa moeda somente gera mais ruídos. E foi exatamente o que aconteceu nesta semana. No Economix de quinta (28/07) e no de sexta (29/07) mostramos que essas medidas não vão funcionar por muito tempo (e já deixaram de funcionar logo na semana de sua emissão). Elas não atingem o cerne da questão, atacam os efeitos e não as causas. Além disso, tirar braço de ferro com todo o mercado global não parece ser muito inteligente, e não foi mesmo. No fechamento da semana, o câmbio continuava a se valorizar e o dólar já perdeu 6% de valor neste ano frente ao real. Enquanto o equilíbrio macro indicar isso, assim será e o custo para mudar a realidade de forma artificial será exorbitante. É melhor o governo parar por aí, pois ou vai sair chamuscado ou vai atingir o objetivo secundário de conter o câmbio, às custas de gerar enormes desequilíbrios macroeconômicos.
Resultados da semana e acumulados: conforme antecipamos na semana passada, o momento para as bolsas não é bom. Apesar do baixo patamar e de existirem sim algumas pechinchas, o volume de fatos que podem contaminar negativamente o espírito dos investidores e mesmo o lado real da economia é muito grande. Neste momento, o investidor precisaria de sangue frio para apostar nas bolsas, o que, para quem é apostador, pode mesmo ser uma oportunidade, mas que só saberemos à posteriori. Uma boa dica é acompanhar os mercados e as movimentações. Quando as empresas começam a recomprar suas ações é porque de fato consideram que os preços estão baratos a ponto de recomprarem partes da sociedade que estavam diluídas. Ninguém melhor do que o próprio administrador ou do que os majoritários para conhecer o valor dos seus negócios.

Perspectivas e Estados Unidos: se um excelente acordo sair até terça, revitalizando a posição de Obama e dos Estados Unidos, com poucos ruídos, então quem tiver comprado ações nestes dias terá acertado. Se não sair nenhum acordo e houver um defalut, um calote, então o mundo econômico como o conhecemos hoje terá acabado na quarta-feira. Mas, a rigor, nenhuma, nem outra hipótese tem grandes possibilidades de vingar. O que deve efetivamente acontecer é que se chegue a um acordo, com um custo político enorme para Obama, praticamente aniquilando suas chances de reeleição. Neste acordo os americanos vão conseguir salvar sua reputação e honrarão seus compromissos com um teto ampliado para sua dívida pública. Ao mesmo tempo o acordo não será perfeito e vai exigir sacrifícios na maior economia do mundo. Para sermos bem sinceros, se a proposta republicana vingar ou se o que for acordado indicar que os republicanos retornarão ao poder, os mercados devem reagir com cautela e certa confiança, mas nada mudará muito no curto prazo e as incertezas se manterão e serão fonte de pressão sobre o mercado acionário durante todo esse ano.
Assessoria Técnica

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