Em recente discurso, a Presidente da República não perdeu a oportunidade para expressar o seu repúdio a soluções recessivas que estariam sendo cogitadas em face da crise mundial.
Não se discute a postura da Presidente Dilma Rousseff, por sinal louvável, ao pretender poupar os brasileiros de tais soluções nefastas. Nem mesmo, no mérito, algumas de suas colocações, como: “É preciso incorporar a voz e os pontos de vista de um número maior de países emergentes e países desenvolvidos no enfrentamento da turbulência nos mercados globais”. “Temos de nos coordenar multilateralmente contra as depreciações cambiais competitivas que anulam os esforços empreendidos pelos países em desenvolvimento”.A questão não está nessas ou em outras colocações, que simplesmente refletem pontos de vista. O que se quer apenas é evidenciar alguns argumentos que a Presidente utilizou em seu posicionamento. De início, a ênfase dada na opção pelo emprego apenas de mecanismos expansionistas no enfrentamento da anunciada crise, como se exclusivos fossem, pois implicariam em menor custo social nos ajustes. A coisa não é bem assim.
A propósito, vale lembrar que já no início de seu mandato, diante dos resultados insatisfatórios nas contas externas, o governo adotou medidas restritivas, duplicando a alíquota do IOF sobre os gastos com cartões de crédito no exterior. Medida, aliás, que acabou estendida às operações com cartões no mercado interno, em face das pressões inflacionárias e da conseqüente necessidade de desaquecimento da demanda. E mais: essa tributação adicional às pessoas físicas, também foi dirigida às pessoas jurídicas nas operações de empréstimos.E continua o discurso, agora referindo-se ao custo dos ajustes impostos aos segmentos menos protegidos, destacando a redução do Estado de bem estar. Sobre este ponto a Presidente não considerou que a formulação de políticas públicas, a adoção de instrumentos e os investimentos no campo social dependem fundamentalmente da disponibilidade de recursos orçamentários e de sua eficiente alocação, aspectos que na prática, contudo, têm sido comprometidos pela má gestão e sobretudo pelo mal trato da coisa pública. O que se pode concluir, portanto, é que o Estado tem sido um mal cumpridor de seu papel, ou seja, um mal desnecessário.
Também controversa e passível de crítica é a ideia de que no Brasil e na América do Sul trilhou-se o caminho na busca do desenvolvimento sustentado, fiscalmente equilibrado e robusto. Ora, sabe-se que onde não há equilíbrio é exatamente na área fiscal, pois, apesar da LDO e da Lei de Responsabilidade Fiscal, é fato inconteste que os gastos públicos estão sempre acima das receitas, apesar do permanente e eficiente esforço arrecadatório, a grande exceção na administração pública.Assessoria Técnica
Nenhum comentário:
Postar um comentário