segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Incertezas fazem Dilma reduzir a previsão do PIB para 4%

É muito natural que o PIB cresça menos do que o governo projeta no início do ano e que a inflação seja um pouco maior do que a expectativa revelada do Banco Central. Em 2011, é exatamente isso que vai acontecer. O governo projetou, logo no início do ano, um crescimento entre 4,5% e 5% e o Banco Central falava em IPCA ao redor de 5,5%. No mesmo início de ano, cálculos da Fecomercio indicavam que o PIB cresceria 3,5% (sem termos a pretensão da precisão milimétrica) e para nós a inflação ficaria um pouco acima dos 6%. Exatamente por isso, já em agosto, não precisamos mudar de opinião: o PIB vai crescer algo ao redor de 3,5% e a inflação medida pelo IPCA vai ficar entre 6% e 6,5% - novamente, nós não temos condições de prever com duas casas decimais nem de “cravar” um número exato, nossos modelos são muito mais modestos.
A Assessoria Técnica faz uma brincadeira todo início de ano com as projeções dos principais analistas do País, todas elas condensadas no relatório Focus do Banco Central. Nossa aposta é ver quanto essas projeções se alteram ao longo do ano. Não que tenhamos condições de fazer algo muito melhor, mas sempre que nos é perguntada uma projeção, entendemos que existem tantos fatores que se colocarão entre o presente e a data da previsão que é humanamente impossível fazer algo sério com grande precisão. A tendência, essa sim, costumamos acertar. E, normalmente, fazemos projeções em intervalos. Por exemplo, o crescimento do PIB de 3,5% na realidade é a média dos nossos extremos. Projetamos, a rigor, um crescimento de 3% a 4% e inflação entre 6% e 6,5%.
De qualquer maneira, o governo fazer projeções otimistas não é uma surpresa, mas os analistas do mercado também têm tendido a errar todos para a mesma direção.  Isso é um pouco estranho, porque se os erros fossem distribuídos um pouco para cima e um pouco para baixo, estaria tudo correto, porque é o que ocorre conosco também. Quando você erra sempre para um lado, há algum problema com o seu modelo de previsões, isso é até explicado em uma das aulas de econometria. Ah, para o câmbio, para a taxa de câmbio do real, a assessoria somente faz projeções mediante tortura. Não acreditamos que dá para prever com o mínimo de precisão a taxa de câmbio num horizonte muito maior do que algumas horas.

Para não dizer que fugimos das projeções, seguem algumas importantes:
PIB: entre 3% e 4%
IPCA: entre 6% e 6,5%
Exportações: US$ 255 bilhões (recorde)
Importações : US$ 225 bilhões (recorde)
Conta Corrente: - US$ 55 bilhões
Taxa de Câmbio: ? - mas o real tem todas as indicações de que terminará o ano ainda muito valorizado.

Alterar projeções é normal, pois as variáveis envolvidas são sempre muitas, mas o que nos causa estranheza é o erro sistemático somente para um lado (normalmente otimista) e a demora em corrigir as projeções mesmo quando os sinais já estão contradizendo suas apostas. A presidente está reduzindo suas expectativas por conta principalmente do cenário econômico nos Estados Unidos e Europa. O problema é que, para muitos analistas, a aposta de crescimento fraco e muitas dificuldades nas economias avançadas já era a mais realista desde 2010. Não mudou muita coisa, e estamos surpresos com a surpresa, mais uma vez. A situação econômica de Japão, EUA e Europa é séria, contempla um superendividamento conjunto e terá solução muito lenta. Por outro lado, não apostamos em uma nova crise de proporções como a de 2008, apenas mais do mesmo nestes dois últimos anos.
Assessoria Técnica

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