terça-feira, 16 de agosto de 2011

Depois do terremoto, o tsunami e a calmaria

Após dias muito ruins, vieram dias muito voláteis. No pior dia da semana o boletim alertou para os riscos muitas vezes disfarçados de oportunidades. Era bastante provável que passado o terremoto, e depois do tsunami, viesse mesmo calmaria. Isso não quer dizer que tudo voltou ao normal e que daqui por diante será só alegria.
Na realidade, a situação da economia global é muito complexa mesmo, mas o que surpreende é que da mesma forma que se sabia que os países desenvolvidos estavam com sérios problemas de endividamento, que não começaram com a crise de 2008, mas pioraram muito por causa dessa crise. Ou seja, quando vemos Itália, Espanha, Grécia, Portugal, Japão e Estados Unidos às voltas com virtuais insolvências de suas dívidas soberanas, deveríamos perguntar a quanto tempo muitos analistas vêm alertando para esse fato. Surpreende que haja surpresa.
Do outro lado da moeda, está o tamanho da reação negativa subsequenciada por uma reação de quase mesma intensidade e direção oposta em poucos dias (na mesma semana). Se subiu tanto de quarta para sexta, por que caiu tanto na segunda? E se estava tudo mais ou menos definido (nada mudou nos últimos meses, a rigor) na semana passada, por que o pânico do início da semana? O que este texto quer atentar é para a montanha russa de emoções do mercado, que não deveria existir, dado que as informações estavam todas dadas há meses. Na realidade, nada de diferente do que vinha sendo previsto ocorreu nas últimas semanas, nem mesmo o problema da dívida americana ou o rebaixamento dos títulos do governo estadunidense.

Outro aspecto relevante que devemos prestar atenção é o direcionamento da economia real: o crescimento continua restrito a países emergentes (hoje elegantemente chamados de BRICs) e ainda há muito problema para ser resolvido, pela Europa, pelo Japão e pelos Estados Unidos. Mais claramente: a tendência mundial é de crescimento fraco por pelo menos mais um ou dois anos, o que deve manter por enquanto as bolsas em ritmo muito lento. Também é bom ter em mente que não há alternativa aos títulos americanos. Nas próximas semanas vamos notar que tudo mudou para nada ter mudado. Infelizmente, para quem teria enorme prazer mórbido em ver a economia americana ruindo (mórbido porque não existem muitos ganhadores a não ser os ideológicos, nesse cenáro), esse dia ainda não chegou.
Ironia: os títulos subiram de preço. Quais? Os americanos. Após o rebaixamento de AAA para AA+ seria de se esperar que houvesse uma queda na procura por títulos americanos e , portanto,  seus preços cairiam e as taxas de juros globais aumentariam. Seria de se esperar para quem não compreende a real lógica desse jogo. Qualquer país que tiver os títulos rebaixados vai sentir o peso de ver seus títulos despencarem de preço e a necessidade de pagar mais juros para se financiar. Qualquer país menos um: os Estados Unidos. O motivo é bem simples: se há um risco de colapso global, há uma corrida para títulos soberanos, de longo prazo, que possam ser ofertados em grande quantidade e aceitos a todo mundo com boa liquidez. Só existe um tipo de título assim no mundo, e são os T Notes e T Bonds, ambos americanos.

Seguem os quadros e gráficos do desempenho da semana, que sugerem que dias muito divertidos ainda virão, mas para quem estiver em renda fixa, principalmente títulos do Tesouro Brasileiro neste momento, o cenário vai ser tediante: elevadíssimo retorno com baixo risco. Taí uma dica disfarçada para quem quiser aproveitar o momento e comprar um pouco mais de renda fixa de longo prazo de um Tesouro pouco endividado.

Assessoria Técnica

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