quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Presidente parece levar a sério o equilíbrio fiscal: ainda bem

O governo anunciou aumento da meta de superávit primário para este ano. A meta de economia neste ano para a União foi aumentada em R$ 10 bilhões, passando de R$ 81,7 bilhões para R$ 91,7 bilhões. Entre outros motivos, a medida foi adotada em razão da crise econômico-financeira global e dos efeitos que ela pode ter sobre a economia brasileira. Novamente o País parece se preparar da maneira correta, minimizando os canais de contágio. O horizonte recessivo mundial não pode ser desprezado, e os efeitos de mais um movimento possível de crise na Europa, Estados Unidos e Japão em 2012 devem ser analisados com atenção.

Mais importante do que apenas uma preparação para tempos difíceis (como nas fábulas de La Fontaine,  onde é melhor prevenir e poupar do que ficar sem comida no inverno) é a percepção de que o equilíbrio fiscal é algo que deve ser perseguido sempre. Espera-se que essa medida venha seguida de outras de austeridade que concederão ao governo mais musculatura, seja para enfrentar tempos difíceis externos, ou mesmo um ciclo negativo futuro em nossa economia interna.
Ainda que em 2011 os gastos do governo tenham aumentado, aparentemente o esforço é suficiente para reduzir um pouco a proporção da dívida pública brasileira.  Analistas apostam em novas medidas de austeridade fiscal, que se somariam a estas, e em conjunto, colocariam o Brasil em uma excelente posição frente o mercado global, garantindo a solvência de longo prazo de nossas dívidas soberanas. Também é fato que o governo tem optado por não rolar dívidas de curto e curtíssimo prazo com os bancos, alongando o perfil de nossa dívida.

Esse conjunto de coisas garantirá ao Brasil um lugar de destaque na economia global. O momento é propício para que o País se apresente definitivamente como uma alternativa de longo prazo para investimentos e se torne uma referência mundial em instituições, em equilíbrio do setor público e em grandeza de sua economia. Os brasileiros não devem se contentar com pouco, e devem pleitear de fato um lugar entre as maiores e mais confiáveis economias do mundo, mas para isso, não basta surfar o bom momento global que nos “acompanhou” nos últimos anos, temos também que mostrar capacidade de reação nos momentos adversos. Por isso, a medida é muito bem-vinda, sem contar que de quebra tem o efeito colateral de ajudar a combater a inflação reduzindo o papel dos juros nesta luta. Mais espaço para menos juros.
Assessoria Técnica

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Uma típica semana de mercado sem norte, desorientado

Quando os romanos rumavam para o Oriente, diziam que era necessário estar sempre concentrado na campanha, que os soldados deveriam estar todos orientados. Quando o exército de Marcus Aurélius rumava para onde hoje é a Alemanha, os soldados deveriam estar com o norte na cabeça, deveriam estar norteados. Os mercados financeiros no Brasil, 2000 mil anos depois das campanhas mais importantes do Império Romano, estão desnorteados, desorientados. Não sabem o que fazer. Aliás, por irônica coincidência, os atuais problemas da economia global provêm do Hemisfério Norte e também, em grande medida, do Japão, no Oriente.
O Ibovespa no Brasil se comportou exatamente como os indicadores na Europa, nos Estados Unidos e no Oriente: sem nenhuma consistência. Nesses momentos alguns operadores são ágeis e fazem muito dinheiro, apostando na volatilidade e acertando quando estar vendido e quando estar comprado. Mas isso é tarefa para profissionais e talvez para quem seja um pouco irresponsável, ou tenha um pouco (muito) de espírito de jogador, aventureiro. Certamente, no último mês, os mercados financeiros proveram grandes doses de adrenalina para quem gosta de emoções fortes. Esse tom deve continuar por algumas semanas, pelo menos, pois ninguém conseguiu ao certo digerir as informações que vêm dos principais focos de crise. Não há certeza de como esse momento vai ser diluído no tempo até que os mercados voltem ao normal, indicando tendência e com a economia global voltando a crescer 4% a 5% ao ano. Para isso é necessário que Europa, Estados Unidos e Japão cresçam algo ao redor de 2,5% a 3,5% ao ano.

No Brasil, os estragos, devidos ao crítico problema americano, à redução do rating dos Estados Unidos e ao quase insolúvel problema das dívidas soberanas européias, se restringiu ao mercado financeiro. Emprego, renda, crédito e consumo continuam dando sinais positivos. Desta forma, é possível que ainda tenhamos um Natal de bons resultados em termos de consumo, ainda que terminemos o ano com a bolsa caindo dois dígitos. Também não esperamos muitas alterações relativamente à taxa de câmbio, que deve permanecer valorizada.
Quando o mercado de renda variável fica muito volátil, se tornando ambiente hostil para não iniciados, a tendência é aumentar a procura por renda fixa, por títulos do governo, por investimentos via Tesouro Direto. Em parte temos que lembrar que os bancos não gostam muito deste cenário, porque limita sua ação e sua capacidade de cobrar elevadas taxas de administração, principalmente se os investidores partirem em massa para o Tesouro Direto. Na realidade, é isso que está acontecendo, mas podemos apostar aqui que, em breve, vai começar a temporada de caça aos recursos por parte dos bancos. O que deve começar a sair de relatório mostrando que existem enormes pechinchas nas bolsas, não vai ser brincadeira. De fato, o Economix reconhece que devam existir pechinchas na Bovespa, o difícil é apontar exatamente quais e qual o melhor momento para comprar, ou seja, que tem coisa barata, é claro, mas garimpar boas oportunidades não é tarefa trivial. Os quadros abaixo elucidam como foi a semana e também são bons indicadores do que nos espera nos próximos dias, semanas e talvez meses. Mas continuamos atentos.

Assessoria Técnica

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Incertezas fazem Dilma reduzir a previsão do PIB para 4%

É muito natural que o PIB cresça menos do que o governo projeta no início do ano e que a inflação seja um pouco maior do que a expectativa revelada do Banco Central. Em 2011, é exatamente isso que vai acontecer. O governo projetou, logo no início do ano, um crescimento entre 4,5% e 5% e o Banco Central falava em IPCA ao redor de 5,5%. No mesmo início de ano, cálculos da Fecomercio indicavam que o PIB cresceria 3,5% (sem termos a pretensão da precisão milimétrica) e para nós a inflação ficaria um pouco acima dos 6%. Exatamente por isso, já em agosto, não precisamos mudar de opinião: o PIB vai crescer algo ao redor de 3,5% e a inflação medida pelo IPCA vai ficar entre 6% e 6,5% - novamente, nós não temos condições de prever com duas casas decimais nem de “cravar” um número exato, nossos modelos são muito mais modestos.
A Assessoria Técnica faz uma brincadeira todo início de ano com as projeções dos principais analistas do País, todas elas condensadas no relatório Focus do Banco Central. Nossa aposta é ver quanto essas projeções se alteram ao longo do ano. Não que tenhamos condições de fazer algo muito melhor, mas sempre que nos é perguntada uma projeção, entendemos que existem tantos fatores que se colocarão entre o presente e a data da previsão que é humanamente impossível fazer algo sério com grande precisão. A tendência, essa sim, costumamos acertar. E, normalmente, fazemos projeções em intervalos. Por exemplo, o crescimento do PIB de 3,5% na realidade é a média dos nossos extremos. Projetamos, a rigor, um crescimento de 3% a 4% e inflação entre 6% e 6,5%.
De qualquer maneira, o governo fazer projeções otimistas não é uma surpresa, mas os analistas do mercado também têm tendido a errar todos para a mesma direção.  Isso é um pouco estranho, porque se os erros fossem distribuídos um pouco para cima e um pouco para baixo, estaria tudo correto, porque é o que ocorre conosco também. Quando você erra sempre para um lado, há algum problema com o seu modelo de previsões, isso é até explicado em uma das aulas de econometria. Ah, para o câmbio, para a taxa de câmbio do real, a assessoria somente faz projeções mediante tortura. Não acreditamos que dá para prever com o mínimo de precisão a taxa de câmbio num horizonte muito maior do que algumas horas.

Para não dizer que fugimos das projeções, seguem algumas importantes:
PIB: entre 3% e 4%
IPCA: entre 6% e 6,5%
Exportações: US$ 255 bilhões (recorde)
Importações : US$ 225 bilhões (recorde)
Conta Corrente: - US$ 55 bilhões
Taxa de Câmbio: ? - mas o real tem todas as indicações de que terminará o ano ainda muito valorizado.

Alterar projeções é normal, pois as variáveis envolvidas são sempre muitas, mas o que nos causa estranheza é o erro sistemático somente para um lado (normalmente otimista) e a demora em corrigir as projeções mesmo quando os sinais já estão contradizendo suas apostas. A presidente está reduzindo suas expectativas por conta principalmente do cenário econômico nos Estados Unidos e Europa. O problema é que, para muitos analistas, a aposta de crescimento fraco e muitas dificuldades nas economias avançadas já era a mais realista desde 2010. Não mudou muita coisa, e estamos surpresos com a surpresa, mais uma vez. A situação econômica de Japão, EUA e Europa é séria, contempla um superendividamento conjunto e terá solução muito lenta. Por outro lado, não apostamos em uma nova crise de proporções como a de 2008, apenas mais do mesmo nestes dois últimos anos.
Assessoria Técnica

Fecomercio prepara proposta de reforma tributária para ser apresentada ao Congresso

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), por meio do seu Conselho Superior de Direito, se reuniu no último dia 25, para discutir propostas que integram o Programa de Racionalização e Simplificação do Sistema Tributário que vem sendo preparado pela entidade para ser apresentado ao Congresso Nacional. “Reformas tributárias amplas não são viáveis”, afirmou o ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel. Por isso, os 20 itens do projeto - a exceção do primeiro – são infraconstitucionais e, portanto, mais fáceis de serem adotados.

Maciel citou a recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) que julgou 14 ações diretas de inconstitucionalidade de seis Estados, mais o Distrito Federal, para dar fim à guerra fiscal entre Estados por causa do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS). “Segundo o STF qualquer tipo de benefício que não esteja na Lei Complementar nº 24 é inconstitucional e não deve ser concedido”, afirmou Ives Gandra Martins, presidente do Conselho Superior de Direito da Fecomercio.
O ex-secretário da Receita Federal lembrou que nos anos 70 e 80 não existia guerra fiscal. “Houve uma desarticulação na época do governo do ex-presidente Fernando Collor, quando da extinção desses órgãos que cuidavam dos problemas do ICMS nacionalmente e da transformação do ministério da fazenda em ministério da economia”, explicou.

A proibição de incentivos fiscais e financeiros do ICMS pelos estados é defendida por Ives Gandra Martins, presidente do Conselho Superior de Direito. “O ICMS é um imposto regionalizado de vocação nacional e deveria ter alíquota única ‘para evitar turismo de notas’”. Outra ação proposta por ele é estabelecer que todos os incentivos passados ficariam garantidos, mas não para o futuro, para não gerar deslealdade na competição com o novo regime a ser proposto.
Entre as outras propostas está a ideia de anterioridade plena. Há várias situações distintas de anterioridade e tudo em desacordo com o prazo para o encaminhamento da votação orçamentária. Hoje a proposta orçamentária é encaminhada ao Congresso até 31 de agosto ou no caso das Assembleias Legislativas até 30 de setembro e desde a data da entrega da proposta orçamentária até o final do ano podem ocorrer mudanças tributárias. Portanto, pela proposta, tributo só pode ser instituído ou majorado até 30 de junho do ano anterior, portanto tornando compatível com o orçamento. Segundo Maciel, “inclusive Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), pois é formador do fundo de participação dos estados, da folha de participação dos municípios e do fundo de compensação das exportações, que na maioria dos estados e municípios é receita principal. Portanto, se você admite que a qualquer tempo o IPI possa ser alterado, você está mudando o orçamento em curso.” Exceto os impostos eminentemente regulatórios, nomeadamente os impostos do comércio exterior e o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), todos se sujeitariam a essa regra de anterioridade.

Entre outros pontos, está a fixação de prazo máximo para solução de consultas junto à órgãos do governo e a possibilidade de compensação de precatórios e títulos públicos com créditos inscritos na dívida ativa. “A receita não será afetada, pois há liquidez”, afirmou o ex-secretário. A proposta também quer que o programa da Receita Federal para declaração do imposto de renda seja obrigado a informar ao contribuinte, previamente, os critérios para retenção em malha.
O projeto será finalizado em breve para então ser apresentado em conjunto com outras entidades da sociedade civil ao Congresso.

Abram Szajman inaugura Sesc Bom Retiro em São Paulo

O presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio), entidade gestora do Sesc-SP e do Senac-SP, Abram Szajman, inaugurou no sábado (dia 27 de agosto), a nova unidade do Sesc no Bom Retiro, região central de São Paulo. Estiveram presentes no evento, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab; o vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos; o presidente da Câmara de Vereadores de São Paulo, vereador José Police Neto e o diretor regional do Sesc-SP, Danilo Miranda, entre outros convidados.

A inauguração do Sesc foi de grande emoção especialmente para o presidente da Fecomercio, pois foi no Bom Retiro, bairro de forte vocação comercial e de serviços, que Szajman nasceu, cresceu e onde começou sua vitoriosa jornada empresarial. “O Sesc vai dar uma vida diferente à essa região, vai melhorar a qualidade de vida das pessoas que moram aqui e aos futuros moradores que terão vontade de morar no bairro”, afirmou.
A administração do Sesc no estado de São Paulo, que é feita pela Fecomercio, tem a finalidade de envolvimento cada vez maior dos empresários do comércio de bens, serviços e turismo com o aspecto social, cultural e desportivo para melhoria da qualidade de vida das pessoas. “A inauguração dessa unidade hoje representa esse anseio e essa vontade desses empresários que cada vez mais estão empenhados na justiça social como complemento e maneira de melhorar a qualidade de vida”, afirmou o presidente da Fecomercio.

Essa iniciativa visa contribuir para a recuperação do Bom Retiro e se juntará à Sala São Paulo, Estação Pinacoteca, Teatro da Dança (ainda em construção), Estação da Luz e ao Museu da Língua Portuguesa. Para Antonio Carlos Borges, diretor-executivo da Fecomercio, a presença do Sesc é de certa forma uma semente para uma transformação que precisa ser feita no Bom Retiro para voltar a ser que o bairro já foi um dia. O vice-governador de São Paulo, Guilherme Afif Domingos, concorda e ressalta que esse é um passo de melhora da autoestima da própria comunidade. “Quando se fala em Bom Retiro sempre se fala do problema, cracolândia e deterioração, agora com uma unidade como essa, além dos equipamentos públicos que o governo do Estado está investindo aqui, faz com a comunidade do entorno possa acreditar mais na recuperação de toda essa região.”

O papel da Fecomercio na gestão do Sesc foi reconhecido por Gilberto Kassab, prefeito de São Paulo. “A Fecomercio e o Sesc têm uma participação muito importante no desenvolvimento da cidade de São Paulo com as suas atividades e suas unidades e não será diferente aqui nessa região que é tão carente de investimentos”, afirmou. Segundo o prefeito, mais pessoas irão para o centro da cidade e isso vai contribuir para a melhoria da região. “Nós pretendemos colaborar para o desenvolvimento e melhoria do bairro e da cidade de São Paulo”, afirmou Danilo Miranda, diretor regional do Sesc-SP.

Aguardado com ansiedade
A 15ª unidade do Sesc na cidade de São Paulo tem mais de 12 mil m² de área construída e conta com piscina semiolímpica, quadra poliesportiva, praça, teatro para 291 lugares, cafeteria, salas de ginástica, espaço infantil, oficinas, internet, biblioteca, área de exposições, consultórios odontológicos, estacionamento para 169 veículos (pago) e bicicletário com 40 vagas (gratuitas).

Localizado na Alameda Nothman, 185, esquina com a Alameda Cleveland, o Sesc tem demanda estimada de oito mil pessoas e era aguardado com ansiedade pelos moradores do entorno. “O Sesc está sendo muito bem vindo”, afirmou Cecilia Jodkowitch, moradora do Bom Retiro. “Quero aproveitar o teatro que possui preço bem mais acessível, quero muito fazer hidroginástica e aproveitar a sala de ginástica”.
Para Marcos Machado Pereira, também morador do Bom Retiro, a presença do Sesc dará a oportunidade para que ele e a filha possam fazer natação. “Tem sempre evento cultural e muitas coisas boas”, falou Pereira. Ele, que vestia a camisa do Corinthians, estava ansioso para assistir o jogo dos masters do Corinthians, que seria realizado na quadra da unidade. Pereira vai com a filha correndo para o primeiro andar a tempo de assistir o presidente da Fecomercio e corinthiano, Abram Szajman, dar o pontapé inicial da partida e ganhar a camiseta do centenário autografada por ídolos como Neto, Ronaldo Giovanelli, Wladimir, Zé Maria, Biro Biro, Tupãzinho, Ezequiel, entre muitos outros que ali estavam.

Princípios

Borges explica que a Fecomercio, o Sesc e o Senac acreditam que recuperar os espaços que no passado tiveram uma representação muito importante para a cidade de São Paulo faz parte da filosofia das entidades. “O que a gente percebe é que em cada lugar onde se instala uma unidade, seja do Sesc, seja do Senac, a região muda.” O diretor-executivo da Fecomercio lembra que empresários, espontaneamente, resolveram ceder recursos para criar o Sesc e o Senac tendo como objetivo fazer o papel que o Estado não faz, nunca fez e certamente não fará no presente. “Este é o princípio básico que norteia isso”.

O horário de funcionamento do Sesc é de terça a sexta, das 9h às 20h30, sábado das 10h às 18h30 e domingos e feriados das 10h às 17h30.
Mais informações sobre a programação no site do Sesc (www.sescsp.org.br).

Aqui tem a força do comércio

A Fecomercio, o Sesc e o Senac reúnem a força de 1,8 milhão de empresas e trabalham em conjunto para oferecer conhecimento, lazer, artes, bem-estar social e qualidade de vida para milhões de pessoas.

Sob a gestão da Fecomercio, busca contribuir para a melhoria da qualidade de vida da sociedade brasileira a partir de ações voltadas ao desenvolvimento econômico e social a partir das atividades conjuntas do Sesc e Senac. Uma iniciativa de quem sabe que o futuro só se constrói quando o empreendedorismo está presente.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Microcrédito do governo chega atrasado

A Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de São Paulo (Fecomercio) avalia positivamente a atitude do governo de facilitar o acesso ao crédito para os pequenos empreendedores, já que, historicamente, estes sempre se depararam com burocracia, altas taxas de juros, pequeno volume de crédito disponível e prazos muito restritos. A Fecomercio destaca, entretanto, que a ação já deveria ter sido tomada há tempos.
De acordo com a Assessoria Técnica da entidade, apesar da medida reduzir o custo do crédito para os empreendedores com renda bruta anual de até R$ 120 mil, o prazo de até seis meses para o pagamento de empréstimos tomados com a finalidade de servir como capital de giro é muito curto, não oferecendo aos empreendedores tempo para firmar seus negócios. Este prazo deveria ser de, no mínimo, 12 meses.
O volume disponibilizado para a operação em 2011, R$ 500 milhões, também é considerado pequeno pela Fecomercio. Bem como a faixa abrangida pela medida, que na opinião da entidade, deveria ser estendida para até R$ 240 mil de renda bruta anual, abarcando todas as micro empresas que podem se inscrever no Simples atualmente.

O equilíbrio interno e externo do Brasil

O Brasil de hoje mostra consecutivos déficits em Contas Correntes, e no ano poderemos ter um déficit de 2,5% do PIB, ou cerca de US$ 60 bilhões. O saldo em conta corrente apresentou déficit de US$ 3,5 bilhões em julho, e em 12 meses soma - US$ 47,9 bilhões, o que representa 2,1% do PIB. A tendência é de que em 2011 tenhamos algo entre US$ 55 bilhões e US$ 60 bilhões, um pouco maior do que o patamar acumulado neste ano.
Essa proporção não chega a ser desconfortável, até mesmo porque está estabilizado nesse patamar há um ano. Mesmo o crescimento absoluto do déficit foi compensado pelo crescimento do PIB brasileiro. Também há o aspecto de capacidade de financiamento e rolagem desse déficit. A entrada de capitais estrangeiros na conta de Investimento Direto tem surpreendido e fartamente sustenta o déficit em Contas Correntes. Ou seja, a estabilidade do déficit e o financiamento quase automático das saídas de capital por meio dos Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) garantem ao País
Para entendermos melhor de onde vem esse déficit corrente, é bom destacar algumas contas:

           Viagens internacionais: -US$ 1,3 bilhão em junho, e -US$ 1,7 bilhão em julho;
           Pagamento de juros -US$ 1,6 bilhão;

           Remessas de lucros e dividendos de -US$ 1,8 bilhão;

           Saldo Comercial caiu de US$ 4,4 bilhões para US$ 3,1 bilhões entre junho e julho.
De outro lado, o Investimento Estrangeiro Direto atingiu US$ 6 bilhões apenas em julho, um valor bem acima das expectativas, e, no ano, poderemos ver um recorde de investimentos diretos vindos do exterior, o que significa que o País está caminhando para se tornar um porto definitivo de atração de capitais e investimentos estrangeiros. Juntando esse equilíbrio bastante estável e diferenciado do País nas contas externas com o equilíbrio da dívida pública interna (que também está estável e com alguma tendência de queda)e ainda com o controle inflacionário bastante satisfatório temos uma situação macroeconômica talvez única no mundo, e de grande valor, principalmente se pensarmos que dias piores e de muitas tormentas ainda podem aparecer pela frente neste ano e mesmo no início de 2012.

O País passou relativamente bem pela crise de 2008/2009, e ao verificar os efeitos sobre outras economias, percebemos que o fato de estarmos bem preparados macroeconomicamente foi decisivo. Nos próximos meses poderemos novamente nos valer de uma situação econômica de bom equilíbrio macro para ultrapassar mares mais tempestuosos, que certamente virão.
Assessoria Técnica

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Dívida pública no sentido correto

A dívida pública mobiliária federal interna recuou 4% em julho frente a junho, atingindo R$ 1,66 trilhão, informou o Tesouro Nacional nesta segunda-feira (22). No mês, o governo fez resgate líquido de quase 84 bilhões de reais. Com esse resultado o estoque da dívida pública federal, incluindo também a dívida externa, caiu 3,9% no mês, para R$ 1,7 trilhão.  Essa notícia é um bom presságio, principalmente se uma trajetória descendente for confirmada ao longo do tempo.

Diante de tantos problemas globais de solução complexa (Dívidas Soberanas europeias, fraco crescimento americano, operações de resgate econômico de países periféricos e agora nem tão periféricos etc.) a adoção de uma postura fiscal radicalmente austera é a estratégia mais inteligente e eficaz. Se o País mostrar ao mundo que tem condições de se manter fiscalmente estável e equilibrado no longo prazo, certamente se credenciará como forte candidato a um dos esteios econômicos do mundo. Que o Brasil será uma das cinco maiores economias do mundo em breve, isso é fato, mas ser grande é diferente de ser próspero e socialmente adequado.
Ser grande é diferente de ser estável. Ser grande depende, entre outras coisas, do volume de capital e trabalho disponíveis, ainda que a produtividade média seja baixa. Esse é o caso de Índia e China, que, apesar de grandes economias e do crescimento rápido, deixam muito a desejar em qualidade de vida e, certamente, não são “confiáveis” o suficiente para se tornarem alternativas como países pilares da economia, como hoje são Estados Unidos, Japão e os países da Europa. Além disso, o Brasil é o único dos BRICs que tem cultura ocidental, muito próxima dos americanos e da Europa, o que também é vantagem, além de manter o mesmo alfabeto, ainda que com língua diferente. Pode parecer que esses detalhes sejam pequenos, mas não são. Essas questões culturais contam muito, sem contar que, dentre os BRICs, o Brasil é o País que tem as maiores semelhanças culturais com as economias de ponta, e certamente o ambiente institucional (por mais irônico que pareça) mais estável. Somos uma democracia que amadurece rapidamente. Tudo isso vai dando ao País o “status” de um novo farol nesse oceano, um ponto de referência alternativo, principalmente quando o tradicional grupo de economias ricas passa por uma das maiores crises do pós-guerra.

Esse quase detalhe da posição da dívida pública brasileira pode fazer muita diferença no curto prazo. Tomara que esse seja o início de um processo contínuo de austeridade fiscal, que vai definitivamente colocar o Brasil como um País diferenciado, que pode, e deve, receber investimentos diretos, projetos, empresas, e é merecedor de poupança externa a financiar uma taxa de crescimento muito maior do que a atual por um período longo de tempo. O que falta ao País é um ajuste fiscal sério e profundo, que, por conta dos problemas mundiais muito mais graves, parece algo de segunda importância, mas não é. Esse é o momento de definitivamente nos diferenciarmos.
Assessoria Técnica

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

O Brasil avança sobre os ativos estrangeiros

Nos últimos anos o Brasil passou a adquirir de forma mais ostensiva participações em empresas e negócios no exterior. Não foram poucas nem pequenas as operações de nossas empresas e nossos investidores nessa década. Esse fenômeno é mais uma comprovação do afloramento de nossa economia que, apesar de todos os problemas, vai se tornando uma das mais importantes no mundo. Aliás, com 200 milhões de habitantes e 8 milhões de quilômetros quadrados de extensão, seria uma surpresa se o nosso País não viesse a se tornar uma potência econômica.

Especificamente com relação aos Investimentos Brasileiros Diretos, entre 2000 e 2010, nossas empresas adquiriram cerca US$ 170 bilhões em direitos de empresas estrangeiras. Nesse mesmo período, retornaram ao País US$ 97 bilhões desses direitos, sob a forma de vendas de participações ou receitas destas. Em termos líquidos os empresários do País adquiriram mais de US$ 70 bilhões em direitos fora de nossas fronteiras em 10 anos.
Todavia, mais interessante do que isso é a tendência crescente (com anos um pouco melhores e outros piores) de investimento de brasileiros no exterior, conforme a tabela. Só em 2010 o País comprou US$ 34 bilhões em ativos no exterior e vendeu US$ 23 bilhões. Os números devem permanecer elevados, demonstrando que o crescimento brasileiro tende a ir além de suas fronteiras, e que só não há um maior interesse em aquisição de empresas e participações no exterior justamente porque o ambiente interno para negócios hoje é relativamente melhor do que em muitos países.

Em 2011: neste ano, com dados consolidados apenas até maio, a venda de ativos de brasileiros no exterior foi maior do que a aquisição em US$ 10 bilhões. Esse fenômeno se deve em grande medida pela oportunidade que está posta no Brasil com altas taxas de retorno para investimentos em renda fixa. Também o volume elevado de ativos de brasileiros no exterior se reverte cada vez mais em receitas que vêm de lá para cá, reduzindo o IBD líquido. Mesmo assim, descontando-se a forte influência de reversão dessas contas no primeiro trimestre, as expectativas são de que ao final do ano o País tenha efetivamente comprado mais do que vendido participações no exterior, ou ao menos equilibrado esse fluxo.

Assessoria Técnica

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Mais uma semana que confirma a tese

O lado real da economia não vai do céu ao inferno como o mercado financeiro em apenas um dia.
Se este periódico fosse um daqueles seriados americanos antigos do tipo Batman, na segunda passada teria terminado assim: continua no próximo episódio. Nesta edição teria começado assim: cenas dos últimos capítulos:

1.         Economia americana dá sinal de recuperação – bolsas reagem bem;

2.         Dívida americana atinge limites – Bolsas simulam o apocalipse;

3.         Crise americana contornada no curto prazo – o mundo está em festa;

4.         Dados ruins na Europa – mais uma prévia do juízo final...

5.         Passada a fase aguda nos EUA e Europa.

Na semana passada, após a melhoria da semana retrasada, os mercados ensaiaram uma recuperação quase tão fantástica quanto às quedas nos piores momentos. Na segunda passada, o blog antecipava exatamente que, da mesma forma que o mundo não acabou por diversas vezes, os problemas também não sumiram do dia para a noite, ou seja, que de fato não há motivos para quedas de 8% ou 10% em um dia, também não há razões que indiquem que o otimismo com a economia global teria que voltar aos patamares pré 2008.
Nesse momento de muita histeria e pouca racionalidade, é normal que os mercados fiquem extremamente voláteis. É normal também que aplicadores não especialistas percam dinheiro principalmente para especuladores mais atentos e muito oportunistas. Mercado volátil é ótimo para quem especula, pois as oportunidades de ganhos espetaculares diariamente são enormes, bastando você estar comprado ou vendido na medida e na hora certa. Esse ritmo não é o adequado para aplicadores de longo prazo, e muito menos para os ansiosos. O boletim sempre salienta que é melhor perder o momento excelente de compra ou de venda e fazer um bom negócio ainda assim, do que tentar adivinhar qual é o exato momento da mínima e da máxima de mercado. Esse exercício é muito mais de magia e sorte do que de análise racional.

As tendências não são definidas em um dia ou uma semana, paciência. Temos como acertar a trajetória, não os extremos. Esse é o recado que vem sendo dado há semanas no blog e parece que os mercados têm conspirado para comprovar nossa tese da calma tanto para vender, quanto para comprar. Nesses momentos, especuladores tendem a tirar vantagens de quem sempre compra na alta e vende na baixa por conta de um comportamento passional e pouco racional.
Na semana passada, as bolsas ficaram otimistas até quarta e depois muito pessimistas. Novamente, já escrevemos sobre isso inúmeras vezes: o que mudou de um dia para o outro no mundo? A Europa vai permanecer com a espada das dívidas soberanas elevadas por muito tempo na cabeça e os Estados Unidos e Japão ainda vão crescer lentamente. Isso não vai mudar amanhã. Agora, uma notícia aqui ou ali, plantada ou não, cavada ou não, tem, nesses dias nervosos, o poder de revirar a mesa de forma impressionante nos mercados financeiros. Se os dados de emprego nos EUA são melhores ou piores do que o esperado, os mercados reagem muito fortemente, mas temos que parar um pouco e pensar: o que garante que uma contratação um pouco maior de pessoas seja um sinal definitivo de recuperação ou uma contratação um pouco mais fraca um sinal de catástrofe? O que faz um dado isolado ser tão relevante? Repostas: o pavor, a irracionalidade que impera nestes dias.

Por isso, Ibovespa para cima e para baixo é regra nestas próximas semanas e não se tem condições, não quem seja sério, de prever quando que o indicador vai atingir sua mínima ou quando vai começar de fato a se recuperar. Do outro lado, não dá para garantir que quem vender agora pode comprar muito mais barato em poucos dias (o que até mesmo pode acontecer, mas isso seria um exercício do tipo aposta arriscada, e não baseado em análise). Para terminar como nos seriados do Batman, temos que ser óbvios demais também: com essas taxas de juros na renda fixa, porque arriscar em um cenário tão indefinido assim?  Quem não aproveitar agora a renda fixa pode se arrepender em poucos meses.  De outro lado, certamente as ações de boas empresas no Brasil vão se recuperar, mas podemos esperar mais um pouco para fazer essa aposta, ainda que percamos o momento de extrema queda. O boletim garante que esse é um preço pequeno a pagar pela tranquilidade.
Assessoria Técnica

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Estados Unidos, Japão e Eurolândia: um olhar geral

Para avaliar a existência ou não da recuperação dos Estados Unidos e das grandes economias globais, um breve histórico dessas regiões se torna necessário. Até mesmo porque se os Estados Unidos, por exemplo, crescer neste ano 2,5%, o que isso significa? Para um chinês ou mesmo para nós brasileiros, parece muito pouco, mas será que essa taxa está abaixo do real potencial de longo prazo americano? Será que essa taxa, estando ou não dentro do potencial americano, é uma taxa historicamente aceitável? O mesmo vale para Europa (zona do Euro) e para o Japão. Vamos nos debruçar só um pouquinho sobre os números que vêm dessas regiões, seja de PIB, comércio externo ou inflação.

Conforme se pode verificar, as taxas de crescimento dessas regiões nos últimos anos não são muito altas mesmo. Mesmo no período que se convencionou chamar de bolha de consumo, o crescimento do PIB poucas vezes ultrapassou os 3%: em média algumas regiões já mostram hoje taxas de crescimento semelhantes àquelas de antes da crise de 2008. Não dá para esperarmos muito mais do Japão, da Europa ou dos Estados Unidos. Ou seja, o motor de crescimento do mundo deve permanecer sendo o bloco chamado BRIC, com adesão de outras economias. Ocorre que no mundo todo, poucas são as economias realmente relevantes. Além da Europa (Bloco do Euro), dos Estados Unidos, do Japão, podemos considerar Reino Unido, China, Brasil, Rússia, Coréia e África do Sul como atores de primeira grandeza, não mais do que isso. Sendo assim, já faz alguns anos que quem sustenta o crescimento global são emergentes de consumo, assim como, internamente a essas economias, são as classes emergentes de renda que mantém o brilho no consumo, e isso não deve ser coincidência.
Podemos verificar também que essas regiões mantém padrões de inflação muito baixa e dívida interna elevada em relação ao PIB. Essas regiões se diferenciam monumentalmente na contabilidade externa. Enquanto os Estados Unidos se mantém como o maior país deficitário do mundo, Japão e Europa são fortemente superavitários em média, com contas correntes positivas. Isso significa que quem sustenta o consumo global de economias como a chinesa e a brasileira (direta ou indiretamente) é a América do Norte, na prática. Temos que torcer para a recuperação da confiança do consumidor dos Estados Unidos, pois é isso que vai garantir mais uma década de boas taxas de crescimento nos BRICs.

Se por um lado, esses dados assustam um pouco pelo fraco desempenho de economias tradicionais há muitos anos, por outro lado é um alento, pois evidencia que após 2008 não houve mudança no equilíbrio global que já não viesse sendo implementada em momentos de normalidade. O risco, efetivamente, é a manutenção muito prolongada de consumo interno fraco nas economias principais como a americana, o que no médio prazo inviabilizaria a sustentação do vigor do crescimento das economias emergentes, e aí sim o problema seria mais agudo. Como o estímulo ao consumo nas grandes economias está sendo grande, podemos acreditar que há uma boa probabilidade de que a normalidade volte em um período não muito longo, o que seria ideal para que o mundo não passe por um processo muito prolongado de ajustes recessivos.

Assessoria Técnica

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Juros americanos - A história de uma bolha

A bolha de consumo norte-americana é efeito e não causa de um problema. O excesso de gastos das famílias foi estimulado pelas taxas de juros artificialmente baixas e por condições de empréstimos muito lenientes, ou seja, os bancos foram pressionados a expandir crédito. As taxas de desconto do Federal Reserve (Fed Funds) davam guarida a essa estratégia se mantendo abaixo do que ocorreria em equilíbrio natural de mercado.

Conforme se pode notar, após 2006 as taxas foram sendo pressionadas para baixo, na realidade em uma tentativa do governo por meio do Fed de manter o ciclo de prosperidade e de não deixar a bolha de consumo, que já havia sido criada, explodir. Atualmente, essas taxas também se mantém muito baixas, porém a história de consumo das famílias nos últimos anos é muito diferente daquela que ocorreu entre 2000 e 2005 ou 2006. Após o estouro da crise imobiliária, marcada com a quebra do Lehman Brother, em setembro de 2008, a estratégia de juros baixos foi fortalecida. Vale ressaltar que de fato é uma boa estratégia quando a economia está fraca, porém foi a manutenção dessas taxas muito baixas ao longo de quase duas décadas que geraram a bolha em si.
Abaixo, segue um quadro com as efetivas taxas de juros americanas, as de curto prazo que hoje são mantidas praticamente em 0% para não aprofundar a crise e as de longo prazo que mostram sinais de aumento desde o final de 2008, justamente após a crise. Toda essa estrutura de juros baixos no período da década de 1990 e 2000 tem a marca da tentativa de resolver um problema criando outro maior, ou seja, quando o mercado dava sinais de que o processo estava se exaurindo, achava-se uma forma de estimular a economia mais um pouco. Nenhum presidente de Banco Central ou governo quer esse problema estourando no seu colo. Próximo a 2006 e 2007 o risco foi percebido por todos, inclusive não especialistas e as taxas de curto prazo explodiram antes do estouro da bolha, mas foi justamente esse “recolhimento” de crédito dos bancos cada um tentando salvar o seu interesse que de fato acabou por estourar esse ciclo no final de 2008. A partir dali, o governo foi obrigado a confeccionar pacotes de injeção de capital enormes e manter as taxas próximas de zero sob risco de um travamento ainda maior no setor de crédito. Em azul, as menores taxas da série e, em vermelho, as maiores para facilitar a análise.

Ao contrário do que ocorre com as taxas de curto prazo, atualmente “manipuladas” para ficarem abaixo do equilíbrio normal, as taxas de longo prazo subiram desde o epicentro da crise. Os títulos de 30 anos nos Estados Unidos mostram taxas elevadas se comparadas ao curto prazo, confirmando a hipótese de que atualmente os juros de curto prazo e a desvalorização da moeda não estão sendo capazes de estimular o consumo, mas podem gerar pressões inflacionárias no médio prazo.
Esse cenário não deve se alterar no curto prazo: dólar fraco, juros baixos no mundo e economia ainda com dificuldades. Mas é uma boa oportunidade para a aquisição de títulos de longo prazo que, de modo geral, estão pagando boas taxas relativamente ao curto prazo.

Assessoria Técnica

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

Safra brasileira em 2011 será recorde

Os dados do IBGE para a safra brasileira têm sido ajustados para cima ao longo do ano. Isso significa que, em primeiro lugar, em média não há um problema climático maior do que em 2010. Os dados dão conta de um avanço de 7% na produção de alimentos em 2011 relativamente a 2010, com aumento médio de 4% na área plantada, ou seja, 2% a 3% de ganho de produtividade por hectare. O grande problema, neste ano, está na safra de Cana-de-açúcar que terá uma produção 7% menor do que em 2010, com queda de 6% na área plantada. Ou seja, a produção do importante energético do País caiu em área, volume e produtividade neste ano. Esse é o único fator que realmente preocupa como fonte de pressão de preços em 2011/2012.
A área plantada cresceu 4% sendo que apenas quatro culturas tiveram perda de área. Essas mesmas quatro lavouras, somadas à de aveia vão ter redução de produção. A redução de produtividade por hectare ocorre também em quatro lavouras (em vermelho os indicadores em queda entre 2011 e 2010). As produções de Algodão, Arroz, Batata, Cacau, Feijão, Milho e Soja, além de maiores do que em 2010, serão recordes históricos, e, portanto, as responsáveis pelo recorde histórico geral no ano.

A lavoura de cana abrange 10 milhões de hectares e produz mais ou menos 700 milhões de toneladas, ou seja, em volume é disparada a maior lavoura do País, com uma produtividade em quilos por hectare muito grande, por isso um quadro que conste a cana-de-açúcar distorceria o resultado geral. O que preocupa com relação à cana não é a alimentação na mesa dos brasileiros e sim o custo do combustível e pressões de preços internacionais dado que o Brasil é um grande player na produção de cana (o maior do mundo) e de álcool (só perde para os Estados Unidos).
Internamente o que pode - e deve - ocorrer no início de 2012 é mais uma alta no preço do álcool nas bombas dos postos de gasolina. Em parte essa alta vai ser amortecida pelo fato de que os quase 3 milhões de carros vendidos no País podem ser abastecidos também com gasolina. E sempre há a possibilidade de redução na mistura de álcool na gasolina. Em termos de pressão por conta de alimentos, isso somente ocorrerá se a demanda mundial crescer fortemente, e não por problemas de safra. De qualquer forma, se de um lado o aquecimento da demanda mundial pode pressionar nossa inflação, de outro , o País vai receber mais um ano de bônus internacional sob a forma de preço de commodities e, nestes casos, a entrada de dólares pode valorizar ainda mais a moeda e fazer parte do combate a inflação pela via cambial. Aí é uma questão de escolha. Pior ainda é a situação daquelas economias que pagam o preço alto e não têm ao menos o benefício do bônus de ser um produtor de commodities nesses tempos.
Assessoria Técnica

quarta-feira, 17 de agosto de 2011

O mercado imobiliário em São Paulo - Resultados e Perspectivas

Os dados do Secovi são um pouco defasados, mas podem ajudar bastante a entender o que ocorreu com o consumidor e com o setor imobiliário na primeira metade do ano. Os dados são relativos aos primeiros cinco meses do ano e formam uma boa foto em perspectiva de 2011, e também podem ser bons indicadores para o segundo semestre.
O ano começou com vendas e lançamentos imobiliários muito abaixo do padrão dos últimos dois anos mas mostrou em maio uma leve recuperação que pode ser o início de um movimento de moderada melhoria. A importância do setor no PIB e no entendimento do comportamento e confiança do consumidor, bem como do mercado de crédito de longo prazo, é óbvia.
Nos primeiros cinco meses do ano, os lançamentos ficaram praticamente estáveis em relação a 2010, porém a venda de imóveis novos caiu 34% relativamente ao período de janeiro a maio do ano passado. O valor global vendido (VGV) caiu 15%, com aumento de 28% no valor médio das unidades vendidas. Há um indício de que o mercado concentrou esforços no lançamento e produção de imóveis de valor maior, ou seja, se sofisticou para enfrentar um eventual aperto de crédito, que na visão geral afetaria mais as classes de renda mais baixas.

Apesar desse resultado em média ruim, e da efetiva concentração de mercado ocorrida na primeira metade do ano, os dados de maio indicam que pode estar ocorrendo um início de reaquecimento do mercado imobiliário. Os resultados de vendas em maio mostraram aumento de vendas em relação a 2010, a primeira alta do ano. Claro que é apenas um ponto na curva, mas pelo menos dá um sinal de que a queda não será constante e nem mesmo da magnitude que estava se avizinhando.
Os números que estavam se desenhando antes de maio apontavam para uma queda de vendas de quase de 50% ou seja, o ano se encaminhava para ter metade das vendas de imóveis novos do que ocorrera entre 2008 e 2010, quando as vendas ficaram entre 30 mil e 35 mil unidades. Apesar do problema da defasagem de informações, o Economix vai ficar atento ao desenrolar desses números, pois temos neles um excelente indicador de atividade de um setor muito relevante em termos de volume de vendas e que espelha a confiança de consumidores e do setor financeiro no longo prazo.

Assessoria Técnica

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Depois do terremoto, o tsunami e a calmaria

Após dias muito ruins, vieram dias muito voláteis. No pior dia da semana o boletim alertou para os riscos muitas vezes disfarçados de oportunidades. Era bastante provável que passado o terremoto, e depois do tsunami, viesse mesmo calmaria. Isso não quer dizer que tudo voltou ao normal e que daqui por diante será só alegria.
Na realidade, a situação da economia global é muito complexa mesmo, mas o que surpreende é que da mesma forma que se sabia que os países desenvolvidos estavam com sérios problemas de endividamento, que não começaram com a crise de 2008, mas pioraram muito por causa dessa crise. Ou seja, quando vemos Itália, Espanha, Grécia, Portugal, Japão e Estados Unidos às voltas com virtuais insolvências de suas dívidas soberanas, deveríamos perguntar a quanto tempo muitos analistas vêm alertando para esse fato. Surpreende que haja surpresa.
Do outro lado da moeda, está o tamanho da reação negativa subsequenciada por uma reação de quase mesma intensidade e direção oposta em poucos dias (na mesma semana). Se subiu tanto de quarta para sexta, por que caiu tanto na segunda? E se estava tudo mais ou menos definido (nada mudou nos últimos meses, a rigor) na semana passada, por que o pânico do início da semana? O que este texto quer atentar é para a montanha russa de emoções do mercado, que não deveria existir, dado que as informações estavam todas dadas há meses. Na realidade, nada de diferente do que vinha sendo previsto ocorreu nas últimas semanas, nem mesmo o problema da dívida americana ou o rebaixamento dos títulos do governo estadunidense.

Outro aspecto relevante que devemos prestar atenção é o direcionamento da economia real: o crescimento continua restrito a países emergentes (hoje elegantemente chamados de BRICs) e ainda há muito problema para ser resolvido, pela Europa, pelo Japão e pelos Estados Unidos. Mais claramente: a tendência mundial é de crescimento fraco por pelo menos mais um ou dois anos, o que deve manter por enquanto as bolsas em ritmo muito lento. Também é bom ter em mente que não há alternativa aos títulos americanos. Nas próximas semanas vamos notar que tudo mudou para nada ter mudado. Infelizmente, para quem teria enorme prazer mórbido em ver a economia americana ruindo (mórbido porque não existem muitos ganhadores a não ser os ideológicos, nesse cenáro), esse dia ainda não chegou.
Ironia: os títulos subiram de preço. Quais? Os americanos. Após o rebaixamento de AAA para AA+ seria de se esperar que houvesse uma queda na procura por títulos americanos e , portanto,  seus preços cairiam e as taxas de juros globais aumentariam. Seria de se esperar para quem não compreende a real lógica desse jogo. Qualquer país que tiver os títulos rebaixados vai sentir o peso de ver seus títulos despencarem de preço e a necessidade de pagar mais juros para se financiar. Qualquer país menos um: os Estados Unidos. O motivo é bem simples: se há um risco de colapso global, há uma corrida para títulos soberanos, de longo prazo, que possam ser ofertados em grande quantidade e aceitos a todo mundo com boa liquidez. Só existe um tipo de título assim no mundo, e são os T Notes e T Bonds, ambos americanos.

Seguem os quadros e gráficos do desempenho da semana, que sugerem que dias muito divertidos ainda virão, mas para quem estiver em renda fixa, principalmente títulos do Tesouro Brasileiro neste momento, o cenário vai ser tediante: elevadíssimo retorno com baixo risco. Taí uma dica disfarçada para quem quiser aproveitar o momento e comprar um pouco mais de renda fixa de longo prazo de um Tesouro pouco endividado.

Assessoria Técnica

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

Para Anfavea, produção desacelera no primeiro semestre

Nos primeiros seis meses do ano, o consumo de automóveis foi irregular porém em média está ainda crescendo dois dígitos: exatamente 10% em relação a 2010. A produção foi desacelerando mais constantemente e termina o semestre praticamente igual à de 2010. Ainda existem estoques, porém nos próximos meses, a se manter essa estratégia em alguns nichos pode começar a faltar automóvel, salvo se o consumo de fato perder o ritmo na segunda metade do ano.
Como se pode constatar na tabela acima, apesar da diminuição do ritmo de produção, em seis meses foram produzidos 1,771 milhão de veículos leves e licenciados 1,737 milhão, ou seja, o estoque aumentou 35 mil unidades, mais ou menos. Todavia o excedente de automóveis foi produzido no primeiro trimestre já que a partir de abril o estoque líquido caiu cerca de 33 mil automóveis. Talvez esse fenômeno tenha sido efeito da perspectiva mais negativa para o ano, principalmente no segundo semestre. Dentro de uma perspectiva ruim a indústria pode ter projetado um mercado mais restrito e antecipou-se. Como não houve a redução esperada de consumo, pode ser que o cenário se inverta no segundo semestre.
Ao longo deste ano, não só no setor automotivo, como as projeções econômicas já flutuaram algumas vezes. O ano começou sob a perspectiva de desaquecimento mais forte com inflação mais alta. Por volta de março, as projeções começaram a melhorar. No último mês, o medo de inflação um pouco mais alta voltou e as apostas para o crescimento sofreram novos ajustes para baixo.  Nesse momento, as perspectivas parecem mais bem ajustadas, nem tão ruins como no início do ano, mas também não foram totalmente revertidas como em algum momento se imaginou no final do primeiro trimestre. Dados efetivos sobre o PIB do segundo trimestre podem ajudar a indústria automobilística e mesmo outros setores a ajustar suas projeções e, portanto, redefinir investimentos e produção. Todavia, como esses dados são muito defasados, resta a observação de mercado e o acompanhamento setorial feito diariamente, com os erros que podem de fato acontecer.

O Banco Central divulga um indicador antecedente do PIB chamado IBC-BR que certamente é de grande valia para antecipar o que está de fato ocorrendo na economia. Além dos dados do BC, as próprias informações da indústria automobilística são boas antecedentes tanto de produção, quanto de consumo das famílias, pois os automóveis talvez sejam os bens de maior desejo dos brasileiros, competindo com a casa própria. Como a venda de carros depende também em larga medida do mercado de crédito, olhar o desempenho dos empréstimos (crescimento do volume, das concessões, taxas e prazos) é de grande valia para que entendamos um setor tão importante como o de produção e venda de automóveis no Brasil.
Assessoria Técnica

sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O discurso e a prática

Em recente discurso, a Presidente da República não perdeu a oportunidade para expressar o seu repúdio a soluções recessivas que estariam sendo cogitadas em face da crise mundial.
Não se discute a postura da Presidente Dilma Rousseff, por sinal louvável, ao pretender poupar os brasileiros de tais soluções nefastas. Nem mesmo, no mérito, algumas de suas colocações, como: “É preciso incorporar a voz e os pontos de vista de um número maior de países emergentes e países desenvolvidos no enfrentamento da turbulência nos mercados globais”. “Temos de nos coordenar multilateralmente contra as depreciações cambiais competitivas que anulam os esforços empreendidos pelos países em desenvolvimento”.

A questão não está nessas ou em outras colocações, que simplesmente refletem pontos de vista. O que se quer apenas é evidenciar alguns argumentos que a Presidente utilizou em seu posicionamento. De início, a ênfase dada na opção pelo emprego apenas de mecanismos expansionistas no enfrentamento da anunciada crise, como se exclusivos fossem, pois implicariam em menor custo social nos ajustes. A coisa não é bem assim.
A propósito, vale lembrar que já no início de seu mandato, diante dos resultados insatisfatórios nas contas externas, o governo  adotou medidas restritivas, duplicando a alíquota do IOF sobre os gastos com cartões de crédito no exterior. Medida, aliás, que acabou estendida às operações com cartões no mercado interno, em face das pressões inflacionárias e da conseqüente necessidade de desaquecimento da demanda. E mais: essa tributação adicional às pessoas físicas, também foi dirigida às pessoas jurídicas nas  operações de empréstimos.

E continua o discurso, agora referindo-se ao custo dos ajustes impostos aos segmentos menos protegidos, destacando a redução do Estado de bem estar. Sobre este ponto a Presidente não considerou que a formulação de políticas públicas, a adoção de instrumentos e os investimentos no campo social dependem fundamentalmente da disponibilidade de recursos orçamentários e de sua eficiente alocação, aspectos que na prática, contudo, têm sido comprometidos pela má gestão e sobretudo pelo mal trato da coisa pública. O que se pode concluir, portanto, é que o Estado tem sido um mal cumpridor de seu papel, ou seja, um mal desnecessário.
Também controversa e passível de crítica é a ideia de que no Brasil e na América do Sul trilhou-se o caminho na busca do desenvolvimento sustentado, fiscalmente equilibrado e robusto. Ora, sabe-se que onde não há equilíbrio é exatamente na área fiscal, pois, apesar da LDO e da Lei de Responsabilidade Fiscal, é fato inconteste que os gastos públicos estão sempre acima das receitas, apesar do permanente e eficiente esforço arrecadatório, a grande exceção na administração pública.

Assessoria Técnica