quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Uma semana dentro do previsto

Podemos dizer que o mercado ficou mais tranquilo essa semana. A rigor, essa afirmação tem enorme correlação com o que ocorreu especialmente no câmbio. Para os investimentos em renda variável a semana foi ruim no Brasil. Não há uma explicação única para a queda nas bolsas e ao mesmo tempo parece muito fácil entender porque o câmbio se comportou “bem” no sentido de que a apreciação do  Real significa que os mercados reduziram um pouco o nível de estresse que havia nas últimas semanas.

Nesta semana, o câmbio voltou a flutuar menor contaminado por psicoses de agentes de mercado ou do governo, ou seja, flutuou mais ao saber da oferta e da demanda livres. O País ainda conta com condições macroeconômicas melhores do que grande parte do mundo e , sem dúvida, do que todas as economias desenvolvidas. Houve uma pequena queda do preço das commodities em dólares, mas ainda assim, a projeção  de entradas de capitais é maior do que a de saídas, ou seja, somando-se saldo comercial, outras contas correntes, remessas de lucros e ingressos de investimentos (diretos e em portfólio), os dólares estão aportando no Brasil, e não indo embora. No longo prazo a tendência não parece ser,pelo menos ainda, de valorização da moeda americana. Talvez o dólar tenha escalado para um patamar acima de R$ 1,70, e não mais abaixo de R$ 1,60, porém não existe um cenário que nos habilite falar em desvalorização contínua do Real. De outra forma: não adianta tentar brigar com o mercado ou subverter as leis da oferta e da demanda.

Do lado do Ibovespa, dos investimentos em ações, a explicação é mais complexa (nem tanto, porque no final tudo redunda em oferta e demanda, na economia). O problema é entender um pouco como funcionam os mercados compradores e vendedores, principalmente nos momentos de crise. As explicações simples de pânico e estouro de manada não servem para elucidar os movimentos em toda sua amplitude e complexidade. Claro, existe um forte efeito psicológico, principalmente sobre aqueles investidores não especialistas e não profissionais de finanças. Na falta de tempo e/ou de conhecimento profundo, estes procuram fazer o que a maioria está fazendo, daí surgem os movimentos de manada. Todavia, isso não explica porque os especialistas, os administradores de fundos, extremamente competentes e conhecedores, dão muitas vezes início ao processo. Já se tentou explicar esse comportamento sob a lógica reversa da manada, que seria algo assim: os especialistas sabem que com notícias ruins os investidores comuns irão reagir como manada, então se antecipam a isso. Essa nos parece uma explicação ad hoc, e muito pouco consistente. Existe, talvez, uma dúzia de falhas nessa explicação.

Independentemente disso, os fatores que parecem ser os estopins das grandes movimentações nos mercados acionários são mais palpáveis. Em primeiro lugar, quando os mercados sofrem com falta de liquidez, como no caso da Grécia, investidores vendem suas posições para suprir essa liquidez requerida. Também é bom lembrar que os investidores que precisam de liquidez na Grécia, China ou Japão, têm suas carteiras alocadas ao redor do globo, e vão sacar de acordo com uma estratégia que seja a melhor para si. Isso não exclui o saque de recursos da Bovespa, por exemplo. Além disso, as classificações de risco ao redor do mundo estão de alterando – em geral para pior  e isso obriga a que fundos de investimento saquem algumas posições, e fortaleçam outras. Em geral nesses movimentos os fundos dão preferência a títulos de renda fixa de países com boa liquidez, como é o caso do Brasil, no momento. Muito dinheiro sai do Ibovespa e continua no País, mudando apenas de fantasia: vira CDB ou LTN! É o mesmo ao redor do mundo.

Como o desequilíbrio no setor financeiro europeu é muito grande, isso quer dizer que a necessidade de liquidez pode ainda persistir por um bom tempo. Isso, por sua vez, quer dizer que os movimentos de venda de posições para cobrir outras obrigações podem se prolongar. Não há vida fácil para investimentos em ações no curto prazo.




Assessoria Técnica

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