sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Contas externas mostram vigor do País

O saldo em conta corrente apresentou déficit de US$ 2,2 bilhões em setembro, conforme divulgado pelo Banco Central. O resultado negativo verificado no mês anterior havia sido de US$ 4,8 bilhões. Em setembro, o período fechado de 12 meses totalizou déficit de US$ 48 bilhões, que representa cerca de 2% do PIB, em linha com as projeções da FecomercioSP. Para 2011, esperamos um déficit de US$ 55 bilhões, ou 2,2% do PIB, ainda bastante palatável, porém caminhando para uma situação menos benéfica no futuro que se aproxima. O bom momento do Brasil e o mau momento das grandes economias, facilita o financiamento de déficits em contas correntes, e talvez o País possa se valer disso para elevar a proporção de investimentos internos, captando poupança externa. Na realidade, o importante é a utilização dos recursos externo (usos e fontes de capitais) e não somente o volume absoluto ou proporcional desse déficit. Se usado para aumentar o investimento, será muito bom. Se usado para garantir o consumo de bens finais, não será tão bom assim.

Os capitais financeiros e de investimentos continuam a ser superavitários, e em setembro houve entrada de investimentos estrangeiros diretos (IED) de US$ 6,3 bilhões, bem maiores do que se viu em agosto: US$ 5,3 bilhões recebidos em agosto. O Investimento estrangeiro Direto (IED em português e FDI em inglês) soma US$ 76,3 bilhões em 12 meses. Dentre as outras grandes contas das transações correntes, o que caiu em setembro, de forma contundente, foram as remessas de lucros e dividendos, que passaram de um saldo negativo de US$ 5,1 bilhões em agosto para saída de US$ 2,0 bilhões. O saldo de serviços se manteve no mesmo patamar recente, com déficit de US$ 3,1 bilhões em setembro.  O saldo comercial passou de superávit de US$ 3,9 bilhões para US$ 3,1 bilhões em setembro, superior ao registrado no mesmo período do ano passado (US$ 1,1 bilhão).
A expectativa é de que, ao menos no curto e médio prazo (ao longo de 2012) o quadro se mantenha praticamente inalterado. O crescimento do mundo ainda estará centrado nos países emergentes e como as economias ricas vão se manter em compasso de espera, a tendência é de que a liquidez global continue privilegiando investimentos, diretos e financeiros, em economias como a brasileira. No ano que vem a tendência diferente está por conta do desempenho norte-americano, que pode ser um pouco melhor do que o que se previa e certamente melhor do que em 2011. Mesmo assim, as expectativas são de um crescimento de 2,5% a 3% para a maior economia do mundo, o que não deve alterar drasticamente esse cenário.

Observação: os investimentos externos favoráveis facilitam o financiamento do nosso déficit em contas correntes que deve ser um pouco maior do que 2,1% neste ano, mas que, por outro lado ainda é menor do que os mais de 3% do PIB que causaram forte danos ao país em meados da década de 1990. Também é verdade que com o mundo se movendo da forma atual, o país pode suportar déficits maiores por um período relativamente longo (não são déficits infinitos eternamente...). O país deveria aproveitar o bom momento externo, para fazer os ajustes internos que há muito são objetos de desejo de nossa sociedade e que, certamente alavancariam nosso crescimento para um patamar de 5% a 6% ao ano, muito melhor do que nossa média atual.
Assessoria Técnica

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