sexta-feira, 14 de outubro de 2011

Como mensurar a demanda de Natal

O desempenho do varejo sempre pode ser antecipado com alguns indicadores antecedentes. Não requer muita magia ou análises multivariadas sofisticadas para que se consiga antecipar com boa dose de precisão o que vai acontecer com as vendas nos próximos dois ou três meses. Claro, sempre existirá o imponderável, mas quando ele aparecer, voltamos à planilha de cálculos e projeções e refazemos o cenário. Dentre as forma mais fáceis de fazer projeções, que estão disponíveis a todo porte de empresa/empresário, sugerimos o acompanhamento de alguns dados, em conjunto, ou seja, um dado pode estar errado, mas a coleção de informações tende sempre a estar correta em média, e pode ser grande aliada na hora de se fazer o planejamento.
Para o Natal, a data mais importante para o varejo, o planejamento é essencial para que não haja nem o risco de desabastecimento (quando a loja perde a venda e provavelmente o cliente para um concorrente muito próximo) e nem o de encalhe de mercadorias na prateleira. Para os varejistas o ideal é um mês de janeiro sem promoções. Mas que dados públicos, de fácil compreensão e fartamente divulgados existem que possamos usar? Sugerimos alguns desses dados:

1. Massa de Rendimento Real: disponível no IBGE     http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/indicadores/trabalhoerendimento/pme_nova/default.shtm
É uma derivada da pesquisa de emprego. Ou seja, não adianta apenas o número de empregos estar crescendo, o que importa é a soma total dos rendimentos dos consumidores, em relação aos meses anteriores, e, mais importante, em relação ao mesmo período do ano passado – o que os economistas chamam de comparação T – 12.

2. Volume de Crédito à Pessoa Física: disponível no Banco Central: http://www.bcb.gov.br/?INDECO
A capacidade de consumo das famílias depende da renda e do emprego atuais, mas também do volume de crédito disponível. A comparação da concessão de crédito mensal presente com o que ocorria em T-12 é um importante indicador, pois permite que o consumidor pague seus antigos débitos, talvez “rolando” uma dívida antiga, ou faça novos crediários. Vale ressaltar que os indicadores de crédito ainda dispõem de informações qualitativas sobre o mercado creditício, como o prazo dos financiamentos (enquanto estiver se alongando, mais facilidade em pagar existe) e a taxa média de juros praticada (que nos dá um indício de risco, e de custo desse crédito).

3. Endividamento e Inadimplência em São Paulo e no Brasil respectivamente: (WWW.fecomercio.com.br) (WWW.cnc.org.br)
Além de emprego e renda, também é relevante saber a quantas anda o grau de endividamento das famílias. Se muito endividadas, a capacidade/interesse de tomar novos empréstimos será menor. Um olhar na série histórica pode dizer muito sobre o tema.

4. Índice de Volume de Vendas no Varejo: o IBGE divulga índice nacional, a Fecomercio regional e os dados podem ser obtidos no site do BC (http://www.bcb.gov.br/?INDECO) do IBGE e da Fecomercio.
Os resultados dos últimos meses desses indicadores dão uma noção de como está de fato o termômetro das vendas em geral. Esse é um importante indicador presente para que cada empresário possa se situar no seu mercado e na economia.

5. Confiança do Consumidor e Intenção de Consumo das Famílias (WWW.fecomercio.com.br)
Não adianta nada termos aumento da Massa de Rendimentos, mais crédito, pouco endividamento e um bom desempenho de vendas nos últimos meses se por algum motivo a confiança das pessoas está se dissipando. Uma parte importante das decisões de compra depende de fatores puramente quantitativos como renda e crédito, mas outra porção importante depende da visão de futuro do consumidor, de sua confiança. Ainda bem que também existe método para mensurar esse indicador.

6. Outras fontes: Serasa, indicadores específicos de associações e sindicatos setoriais e regionais, sondagens de datas comemorativas:
Usar outras fontes é sempre bom, pois o que se conseguir a mais de informação não prejudicará a análise. Fontes direcionadas, setoriais são bons complementos de informações mais gerais. Só temos que tomar cuidado para limitar as informações, pois é impossível hoje em dia darmos conta de todo o volume que recebemos. O ótimo é inimigo do bom: é melhor ter algo simples do que uma montanha de informações incompreensíveis. Racionalmente, colocamos nesse boletim uma ordem de importância (não extremamente inflexível) dos indicadores que devemos acompanhar.

Um olhar atento a todos esses indicadores, e suas séries históricas podem ser poderosos e simples instrumentos de previsão de desempenho. Não á custoso NE difícil fazê-lo, e não há praticamente nada que uma boa planilha de Excel não possa resolver de forma rápida e simples. Os modelos mais sofisticados custam muito caro, e são úteis no limite para grandes empresas e conglomerados, e tem mais: de forma geral são compostos com os indicadores acima, às vezes de maneira mais elegante, mas nem sempre mais eficiente.
Assessoria Técnica

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