Nessa semana o Ibovespa caiu forte (7%) ao mesmo tempo em que o dólar subiu mais de 6%. Na realidade o dólar chegou a atingir na quinta-feira de manhã R$ 1,96, mas foi cedendo e no final da semana terminou em R$ 1,84. No ano, a moeda americana subiu 11%, um resultado quase surpreendente para uma moeda que vinha perdendo valor constantemente. Vale lembrar que o dólar subiu frente a outras moedas como Euro e Iene, mas em relação ao real essa valorização foi mais forte, o que quer dizer que nossa moeda caiu não só em relação à moeda americana, mas também frente às outras moedas importantes. De certa maneira isso resume a semana: com o aperto da crise na Europa (dívidas soberanas na berlinda) a opção tradicional é a corrida para títulos em moeda americana. Além disso, internamente o governo não foi bem e a percepção dos mercados foi de que em algum momento haveria o risco de que se perdesse o controle da inflação. O câmbio apenas refletiu esse sentimento. Claro, há especulação no meio dessa história, mas temos que lembrar que especuladores apenas agem quando são apoiados – ao menos em parte – por uma história que corrobore seus boatos.
No ano, o Ibovespa cai mais de 23%, e, conforme muitas vezes aqui comentado, não dá para ficar apostando na recuperação rápida do índice. Quando o Ibovespa atingiu o patamar de 48 mil pontos, realmente parecia que o grau de pessimismo não fazia sentido e era verdade que havia pechinchas nas bolsas. Por outro lado, isso não quer dizer que o indicador vai rapidamente voltar aos 70 mil pontos. Ao contrário, a tendência é de que o Ibovespa fique alternando semanas melhores com piores, mas que redunde na manutenção dos patamares atuais, pouco acima, pouco abaixo. O risco de haver uma mudança radical é pequeno, e dependeria de um default sem solução na Europa para definitivamente buscar um patamar bem mais baixo, (não apostamos nessa hipótese) ou de uma solução indolor para o enrosco europeu somada à reversão do quadro de crescimento americano – o que também é improvável. Ou seja, podemos esperar mais do mesmo por algum tempo, como temos alertado neste boletim desde o final do primeiro semestre, quando o viés de queda constante deixou de ser inequívoco.
Vamos esperar uma semana com surpresas, mas ao que tudo indica o governo deve começar a se desenrolar e usar uma política macro mais “livro texto” e menos pirotecnia. Provavelmente o que vai nos mover neste final de mês é a situação externa e não mais as “trapalhadas da equipe econômica”. Assessoria Técnica
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