quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Mulheres avançam na força de trabalho e impulsionam o PIB

O Produto Interno Bruto (PIB) é função da quantidade e da qualidade dos insumos. Os insumos básicos são capital e trabalho. Para que o PIB cresça podemos aumentar a quantidade de capital e/ou de trabalho ou apenas melhorar a qualidade (a produtividade de cada fator). Na realidade, o que se faz na economia moderna é agregar mais capital, mais trabalho e também qualificar melhor ambos os fatores. Mais gente, mais máquina, melhores trabalhadores e melhores máquinas garantem o crescimento do PIB. Não foi por milagre que o Brasil cresceu aceleradamente no início da década de 1970, e não é por milagre que a China cresce assombrosamente hoje. São muitas pessoas e muito capital agregado na produção.

O Brasil de hoje passa por um bônus demográfico, que vem a ser um período favorável em termos da proporção da população economicamente ativa em relação ao total de pessoas no País. Tem muita gente em idade e condições de trabalho, e pouca gente para ser sustentada (idosos, crianças e inválidos). Isso explica uma parte do crescimento mais acelerado dos últimos anos e do consumo. Claro, o fato de termos estabilizado a economia, ampliado o sistema de crédito e melhorado a produtividade média dos fatores também contribuiu bastante.
Mas há outro fenômeno muito interessante ocorrendo com mais intensidade desde a década de 1990 que é a inserção feminina no mercado de trabalho. Muitas mulheres deixaram de ser apenas donas de casa, e outras já nasceram em lares que as prepararam desde cedo para o mercado de trabalho. Em todas as classes sociais as mulheres passaram a ter cada vez mais importância na composição do orçamento doméstico. Muitas passaram até mesmo a ser chefes de família. A proporção de mulheres no mercado de trabalho cresceu rapidamente em duas décadas, e com isso, o número total de trabalhadores produzindo cresceu mais aceleradamente do que a população nos últimos anos: mais trabalhadores, maior a produção. Além disso, as mulheres também começaram a se mostrar maioria nos bancos escolares, algo impensável antes da década de 1990. Ou seja, as mulheres saíram de casa, foram trabalhar e estudar. Significa que a ascensão profissional do gênero deveria ter sido maior do que a do grupo masculino. E foi.

Não bastava que as mulheres viessem competir com os homens no mercado de trabalho: elas ainda foram buscar qualificação nos bancos escolares. Depois disso só faltava que o grupo quisesse tomar parte das decisões de consumo. E não é que isso também aconteceu! Essas mudanças de paradigmas foram severas e fizeram com que a indústria tivesse que se adaptar. Ficou evidente a participação feminina nas decisões de consumo, até porque com mais empregos e com ascensão rápida na carreira e na academia, na margem as mulheres contribuíram não só para o crescimento do PIB, mas muito também para o crescimento do consumo. Consumo que mudou seu perfil, dado que agora o setor produtivo tem que pensar cada vez mais na mulher tomando decisões, comprando carros, imóveis, aparelhos domésticos, indo às academias de ginástica, frequentando lugares que antes eram destinados apenas aos provedores masculinos do lar.
Não faz muito tempo o País tinha sua economia baseada no produto industrial feito por mão de obra masculina. Academias de ginástica eram locais tipicamente masculinos e automóveis eram feitos nas cores e modelos que os homens gostavam.  Isso não foi há muito tempo, mas basta uma visita a esses locais para percebermos como o País mudou e cresceu. A economia hoje é baseada no setor de serviços (predominado por mulheres) e as empresas prestam atenção no que esse grupo de consumidores (consumidoras, a rigor) deseja. O Brasil ainda deve ver mais alguns anos de crescimento da participação feminina no setor produtivo e nas decisões de consumo, bem como o aumento do diferencial de qualificação em favor das mulheres. Quem diria que um dia uma delas seria Presidente?

Assessoria Técnica

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