quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Os preços do petróleo em 2011: Primavera Árabe seguida de crise das dívidas europeias

O primeiro petroleiro da Líbia, carregado com 381.000 barris de petróleo, a deixar o porto em meses partiu com destino à Itália do porto oriental de Marsa el Hariga em 25 de setembro, disse o chefe da autoridade portuária da Líbia à Reuters na terça-feira. O país, que já foi o terceiro maior produtor de petróleo da África, exportou apenas outros dois cargueiros de petróleo desde que a rebelião começou contra o ex-líder Muamar Kadafi em fevereiro, que só foi derrubado no mês passado. As previsões de que Kadafi, assim como os outros ditadores da região, não iriam resistir por muito tempo, estão se confirmando, pouco antes ou pouco depois do que se esperava.
A produção da Líbia antes da guerra estava em torno de 1,6 milhão de barris por dia de petróleo. Após o pior momento da revolução, dentre o que se convencionou chamar de primavera árabe, a produção de petróleo Líbia deve alcançar os 500.000 barris diários no início de outubro, ajudando a melhorar as receitas extremamente necessárias para alavancar a economia depois de sete meses de guerra.  Segundo autoridades os cargueiros e postos petroleiros da Líbia, estão operacionais com poucos danos à sua infraestrutura relatados, o que deve aliviar rapidamente as tensões sobre as contas correntes do país do norte da África.
O preço do barril de Petróleo Brent que saltou de uma média próxima de US$ 100 para algo ao redor de US$ 125 começaram a cair, mas muito mais em função do aperto da crise na Europa e da consequente valorização do dólar. Hoje os preços se situam ao redor de US$ 110. Muito provavelmente os preços vão cair um pouco mais, principalmente pela junção do enfraquecimento do ritmo da economia global (com momentos de melhora e piora no caminho) com a reabertura dos portos de uma das grandes nações exportadoras do produto.

No mundo globalizado, que convoca rebeliões, revoluções e protestos via internet, Facebook e Twitter, usar apenas os métodos antigos para prever o preço do petróleo não passa de uma grande e inocente besteira. É verdade que as Leis da Economia de Oferta e Demanda ainda valem na determinação do famoso equilíbrio de mercado, mas o detalhe – e o diabo mora nos detalhes – é que o comportamento da oferta e da demanda estão hoje atrelados a muitas mais variáveis do que no passado.
Uma mercadoria, commodity, por exemplo, pode ter demanda de mercados onde ela nunca será utilizada, provavelmente nem vista. Com os mercados futuros, que nunca viu um boi, nunca chegou perto de uma saca de trigo e nunca sentiu o cheiro de petróleo, pode ser determinante na formação dos preços destes ativos. Do outro lado, uma rebelião, greve ou mesmo revolução, convocada pelo Twitter, tem o poder de alterar significativamente a produção, oferta e distribuição de ativos importantes, como foi o caso do petróleo.  A sensibilidade humana nos negócios e os modelos matemáticos têm que ficar muito mais sofisticados para interpretar tamanha vastidão de informações. Na prática, muitas vezes achamos que as chances de acertar analisando o fato, em alguns casos, são quase as mesmas do que perguntar a um leigo vagando pela rua e aceitar sua opinião. Ou seja, usemos as informações com qualidade e parcimônia, dando preferência à simplicidade. Vamos fugir, quando possível, de assuntos e investimentos que não compreendemos.

Assessoria Técnica

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