segunda-feira, 26 de setembro de 2011

No meio da turbulência, dado do IBGE de emprego é alívio

Nos Estados Unidos o sistema financeiro está vinculado a Wall Street, ou seja, quando alguém quer se referir ao sistema financeiro fala de Wall Street. Para caracterizar o consumidor comum e o setor “real” da economia o termo usado é Main Street. Enquanto a crise não sai de Wall Street e chega à Main Street, o problema se restringe aos especialistas em economia, mas não sensibiliza muito os políticos. E isso é um problema, porque sabemos que há um delay, um intervalo, entre uma crise que se inicia no mercado financeiro e os seus efeitos sobre o consumidor e o empresário não vinculado ao sistema bancário e financeiro.
No Brasil os mercados andam bastante voláteis e nervosos, apesar de que não há ainda a materialização deste momento de crise mais agudo sob a forma de queda de renda, emprego e/ou consumo. O IBGE divulgou os dados de desemprego de agosto que revelam a menor taxa de desemprego da série histórica: 6%. Confira aqui.
Isso significa que, infelizmente, a classe política se sentirá menos pressionada a adotar as medidas necessárias para minimizar os efeitos futuros dessa corrida de ativos, muito ruim. Além da queda do desemprego, segundo os dados da pesquisa do IBGE, a renda média cresceu 3,2% em relação a agosto. O crescimento da massa real de salário entre agosto de 2010 e o mês passado foi de 5,7%. O conjunto desses dados mantém o crescimento do consumo e isola o mercado financeiro da rua comum na percepção da situação econômica. Até porque, o povo em geral não fica fazendo análise de equilíbrio dinâmico na macroeconomia comparada.

Seria muito bom que as autoridades econômicas agissem rapidamente no País para deter os efeitos dessa turbulência dos mercados financeiros sobre o cotidiano, que provavelmente serão grandes. Entre os efeitos mais prováveis estão: aumento de preços, mudança de planos de viagens no final de ano (principalmente para quem planejava ir ao exterior), perdas nas bolsas (para investidores, é claro), aumento dos juros futuros, restrição de crédito e, finalmente o País pode chegar a reduzir consumo e com isso afetar o emprego, que ia muito bem, até agora. Não era o momento do governo ficar mexendo em IPI, no IOF, aceitando pressões de lobbies isolados. Era o momento do governo mostrar a máxima austeridade e cautela. Ainda há tempo, mas uma reversão dessa situação vai exigir habilidade e, principalmente, humildade das autoridades econômicas, pois muitas coisas terão que ser desfeitas.
Assessoria Técnica

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