Temos hoje um equilíbrio macro muito sólido, principalmente, em termos relativos, com dívida pública abaixo de 50% do PIB, déficit nominal de 2,5% do PIB, reservas superiores a US$ 300 bilhões. Atualmente, o único ponto frágil é a Conta Corrente que já está deficitária em cerca de 3% do PIB ao ano, e pode se deteriorar ainda mais. De qualquer forma esse é o preço que pagamos pela valorização cambial combinada com excessiva liquidez internacional e falta de opções para investir. Mesmo o déficit em contas correntes pode ser analisado de uma forma um pouco menos negativa: é a importação de poupança externa para complementar o investimento nacional e alavancar o consumo das famílias. Se o uso dessa poupança for bem feito, o déficit será pago no futuro com os frutos desse investimento. Temos, porém, que reduzir o prêmio que estamos pagando para o dinheiro que vem do exterior, mas ainda assim, sob a ótica geral, o Brasil passa por um bom momento econômico, ainda que pudesse ser melhor.
Com esse cenário seria de se esperar que o mercado acionário tivesse um desempenho melhor do que está tendo de fato. Na realidade, parte do desempenho negativo pode ser atribuída a um ajuste após o forte crescimento em 2009 e 2010. Outra parte pode ser atribuída à falta de habilidade do governo em conduzir negócios conjuntos com a iniciativa privada e a interferência sobre a Vale e a má gestão de toda a história do pré-sal na Petrobras.
Externamente a semana foi um pouco mais tranquila. A tendência é de que a Europa vá encontrando seu caminho, muito duro por sinal, e de que os Estados Unidos cheguem a um acordo para elevar os limites da dívida. Até o início de agosto deveremos alternar bons e maus momentos ao sabor das discussões políticas em torno da aprovação do limite da dívida americana e na Europa com os boatos de momento acerca de quem está para quebrar. Não acreditamos em nenhuma solução de ruptura, mas talvez uma revisão dos prognósticos de crescimento mundial para 2011 e 2012. Exatamente por isso o momento ainda não é de plena recuperação, ou pelo menos nada garante isso por enquanto, nos mercados acionários. Até que a Europa tenha dado uma solução definitiva para as lambanças dos Tesouros de vários países da região do euro e até Obama conseguir controlar sua base para fazer os ajustes necessários, já estaremos no último trimestre do ano. Os investidores que estão calcados em Renda Fixa no Brasil estão dormindo tranquilos. Quem insiste no mercado de ações, abra o cofre e pegue mais um maço de paciência e de nervos de aço, por enquanto. Se você for um monge tibetano, investir na Bolsa será um bom teste neste ano.
Assessoria Técnica
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