sexta-feira, 29 de julho de 2011

Medidas do governo para conter a valorização cambial

O governo editou, hoje, decreto para reduzir a apreciação cambial do real. O decreto impõe uma taxação de 1% sobre as operações de derivativos cambiais feitas por investidores brasileiros e estrangeiros no País. Também emitiu MP que abriu a possibilidade da imposição de depósitos sobre os valores dos contratos e da definição, pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), de limites, prazos e outras condições sobre negociação dos derivativos.  A taxação de derivativos cambiais com Imposto sobre Operações de Crédito (IOF) se dará sobre operações que resultem em aumento da posição vendida das instituições. Exposições abaixo de US$ 10 milhões terão alíquota zero.

Em resumo, o governo está onerando a venda de dólares nos mercados futuros, ou seja, está tentando reduzir o impulso vendedor da moeda americana. Está ficando caro apostar na queda da moeda americana, e isso reduziu de fato o ímpeto vendedor aos preços de hoje e ontem. Porém, a maldita verdade é que, após o ajuste de patamar por conta de custos diferentes das operações, o que rege o mercado é efetivamente a oferta e demanda de mercadoria. Nesse caso, a mercadoria é o dólar que está super ofertado. Enquanto a taxa de juros brasileira for muito maior do que a internacional e a economia americana estiver sob suspeita, a tendência é de que as reservas não parem de crescer a as barrigas dos bancos sejam cheias de posições vendidas de dólares.

Mais uma vez é uma medida (ou melhor, um conjunto de medidas) que deve funcionar uns dias e depois se mostrar ineficiente frente às forças do mercado. Uma das Leis da Física de Newton pode ser traduzida da seguinte forma: contra força não há resistência. Contra a entrada de dólares vindos de várias partes do mundo buscando oportunidade de investimento, a única solução é destruir as perspectivas e, não parece ser muito razoável, matar o doente para acabar com a doença que o acomete.
Somente nesta quarta, dia da emissão das medidas, a Bolsa reagiu caindo 1,77%, ficando abaixo dos 58.300 pontos e o dólar subiu 1,3% para quase R$ 1,56. Ainda assim, a tendência de valorização do real não pode ser descartada. A rigor, a tendência está mantida, apenas foi dada uma nova largada de outro ponto menos favorável para o real do que aquele que estávamos antes de quarta-feira. Os próximos dias dirão qual o potencial efetivo dessa medida que em muito pouco difere do arcabouço que estamos vendo o governo adotar relativamente ao crédito e consumo (para refrear o consumo) desde novembro do ano passado. Muito provavelmente a equipe econômica sabe das limitações das medidas, mas se vê muitas vezes obrigada a dar uma resposta às pressões internas. A resposta é essa, mas não deve resolver muita coisa não.

Assessoria Técnica

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