terça-feira, 12 de julho de 2011

Sai Grécia, entra Portugal

Todo o bom desempenho da semana retrasada foi perdido na semana passada na Bolsa de Valores de São Paulo. O desempenho positivo foi fruto da melhora de humor dos mercados com o acordo entre Grécia e credores e a liberação parcial de recursos para o endividado país. Em parte o resultado do acordo se mantém como um farol para que respostas semelhantes sejam dadas a outras economias muito endividadas como é o caso mais evidente no momento, o de Portugal.  Todavia, o acordo não significa que os problemas já passaram. Significa que a solução adotada é a que trará o menor desgaste possível, mas terá custos, principalmente para os diretamente envolvidos, devedores e credores.

Credores vão abrir mão das condições iniciais de seus direitos e os devedores terão que adotar planos internos em suas economias para fazer frente aos futuros pagamentos. Resumindo, os envolvidos vão aceitar perdas e os mercados sabem disso. Os mercados sabem ainda que a solução do problema que permeia muitas economias europeias é de demorada solução, portanto apesar do lado positivo do acordo grego, as condições de longo prazo não se alteraram muito – apenas tiraram do horizonte o risco de uma moratória unilateral. Dentro desse enquadramento, os mercados estão muito voláteis, mais avessos ao risco e muito nervosos. São hoje mercados ariscos, para profissionais, e não há muito espaço para amadores neste momento.

Conforme esse boletim anteviu, após o acordo com a Grécia seria mesmo muito provável que começassem a pipocar os outros problemas que estavam convenientemente sendo esquecidos. O primeiro da lista era Portugal, que sofre da mesma doença grega. Portanto, não precisamos explicar com muitos detalhes o caminho: pressão política interna, agitação no governo português, propostas de ajuste fiscal e, em paralelo, os credores se organizando para formatar um acordo. Foi levantada nesse boletim a hipótese que, a depender do tamanho dos problemas fiscais em países europeus, uma espécie de Plano Brady terá que ser confeccionado para a Europa. Esse dia nos parece cada vez mais próximo.
Após o bom humor da semana retrasada, os mercados de ações reagiram devolvendo os resultados e nesta semana fecharam em queda. No Ibovespa a queda desta última semana foi praticamente igual à alta da semana anterior, ou seja, 0 a 0 nos últimos 15 dias. O tom quase esquizofrênico do mercado deve continuar. Nossa primeira aposta no início do ano se cumpriu: o primeiro semestre não despontava como um bom momento para investir em ações. De lá para cá a Bovespa caiu de 70 mil para algo ao redor de 61 mil pontos. Isso significa que quem esperou até agora para entrar, se não tem a garantia de retornos rápidos e elevados ainda, ao menos, vai pagar mais barato por essa aposta. Nossa expectativa é de que esse segundo semestre também seja muito complicado para investimentos em renda variável e a única vantagem é exatamente o fato de que houve uma boa queda no índice de ações ao longo não só de 2011, mas também desde o último trimestre do ano passado.

Em algum momento, a bolsa vai parar de cair, isso é óbvio, mas mesmo após a queda e o ajuste no Ibovespa, as condições de mercado não são muito favoráveis. Além de todos os problemas econômicos mundiais e internos, a taxa de juros no Brasil se elevou e é tão alta que deixa pouco espaço para dúvidas quanto ao tipo de investimento que deve ser feito. A melhor estratégia é acompanhar semanalmente o indicador de ações e o mercado, tentando interpretar quando o humor vai virar de forma mais definitiva. No primeiro semestre do ano, além dos problemas tradicionais, alguns momentos que poderiam ser um pouco melhores foram minados por inúmeras trapalhadas da equipe econômica que demorou a engrenar nesse novo governo.
Assessoria Técnica

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