terça-feira, 19 de julho de 2011

Itália coloca lenha na fogueira das dívidas públicas europeias

Mais uma semana ruim para os mercados de ações ao redor do mundo. Em particular, no Brasil, o Ibovespa acumula, após a última semana, queda de mais de 14% no seu valor em 2011. Um resultado bastante negativo, mas, de certa forma, esperado. Além do clima de problemas globais de crescimento e/ou excessivo endividamento, no Brasil a elevação da Selic adiciona um ingrediente de complexidade que torna a vida dos investidores em renda variável um pouco pior.

Nesta semana, a culpa do tumulto foi da Itália. Na realidade, de seu primeiro-ministro que em declarações infelizes colocou em dúvida a capacidade de jogar em equipe com seu ministro da economia, Tremonti. Como a Itália está às voltas com um excessivo endividamento, e como o ambiente econômico e político europeu também não é dos melhores, tudo o que o mercado precisava para ficar mais tenso era esse tipo de problema em uma das maiores economias do continente europeu. Os analistas sabem que, se houver necessidade de ajudar mais do que uma economia ao mesmo tempo, provavelmente o FMI e os bancos credores não terão condições de segurar a onda!
No Brasil, em tese nossa situação é muito melhor, com dívida pública inferior a 50% do PIB, déficit fiscal controlado (poderia e deveria ser menor) e exportando commodities valorizadas. Tudo isso mantém o consumo e o crescimento do País acima da média global, mas a conexão dos mercados financeiros ao redor do mundo e a enorme taxa de juros na renda fixa fazem com que o Ibovespa tenha o comportamento que está tendo até o momento.

Para complicar, após ultrapassar o susto italiano – que deve passar sim, pois as condições na Itália não são tão ruins como as de Portugal, Irlanda, Grécia e Espanha – o mundo estará de volta à década de 1970. No final dos anos 1960 e início da década de 1970, houve forte desconfiança quanto à capacidade americana em garantir o lastro em ouro do dólar. A paridade dólar/ouro fora fator crucial para garantir que a moeda americana tivesse confiabilidade e se tornasse a moeda de transações globais no pós-guerra. Mas esse lastro em ouro se mostrou problemático e em 1971 os Estados Unidos quebraram unilateralmente a paridade, deixando sua moeda flutuar. Isso, de certa forma está se repetindo, pois o endividamento americano acima dos limites somente será possível se o mundo não tiver alternativa a não ser aceitar mais esse calote disfarçado. E vai aceitar, mas não sem muita turbulência nos mercados. Teremos mais semanas agitadas pela frente, especialmente até dia 2 de agosto, quando em tese a dívida pública dos Estados Unidos atingirá seu teto constitucional. Lá se vai mais uma garantia de “lastro” em uma moeda: a sua confiança!

Assessoria Técnica

Nenhum comentário:

Postar um comentário