terça-feira, 5 de julho de 2011

Uma semana de bons resultados

O principal acordo entre Grécia e seus credores foi assinado. Os ajustes internos devem ser todos aprovados pelo parlamento grego (não sem resistência, é claro) e esse cenário é o menos ruim. Credores abrem mão de parte de seus direitos, a Grécia adota medidas austeras, mas não haverá uma quebra unilateral e total de contrato. O resultado é o que se traduz na menor soma de perdas possível. Esse presente de grego é , na realidade, o melhor que bancos alemães e franceses poderiam esperar. Além disso, enseja uma boa saída para outras economias com exagerado endividamento como a espanhola, a portuguesa, a irlandesa e mesmo a italiana. Isso é importante mais pelo resto das economias de pequeno e médio porte da Europa do que pelo resgate da Grécia em si.

Principalmente por essa razão – do acordo entre “gregos e troianos” (credores) - a Bovespa subiu quase 4% nesta semana. Período que foi repleto de emoções nos mercados brasileiros, principalmente, por conta da novela Pão de Açúcar e Carrefour. A idéia de se criar uma rede de supermercados que detenha 1/3 do setor no Brasil, 2/3 no Estado de São Paulo e quase 90% na RMSP por si só já seria assunto para agitar os mercados financeiros. Essa história, agora que a crise grega começa a ficar no passado, deve tomar conta do cenário nos próximos dias.
Nesta semana em que o Ibovespa subiu 4%, o câmbio voltou a se valorizar. A entrada de dólares é inevitável nesta conjunção de fatores. Europa às voltas com endividamentos elevados, Estados Unidos com fraco desempenho econômico, taxas de juros nominais e reais próximas de zero ao redor do mundo e SELIC em 12,25% no Brasil, com tendência de permanecer elevada por um bom tempo. Só não traz dólar para o Brasil quem não conhece nosso País. Hoje, o Brasil exibe um conjunto de vantagens econômicas e atributos macro que são raridade, para não dizer que é o único do mundo. Não há nenhum outro país com a dívida pública abaixo de 50% do PIB, controlada, com reservas de US$ 300 bilhões, superávit comercial e saldo positivo na balança de pagamentos.

Apesar de tudo isso, o Brasil mantém uma taxa de juros a remunerar os investidores financeiros que é absolutamente incompatível com esse quadro. Ou seja, muita segurança e muito retorno, algo que não se acha facilmente no mercado de títulos. Segundo o ex-ministro Delfim Netto, o Brasil é o último peru com farofa do mundo, e ele tem repetido esse bordão há pelo menos três anos, enquanto os investidores estrangeiros estão se fartando. Se os turistas não querem vir, estão mandando seus dólares para passear aqui. E os dólares estão voltando gordos, bronzeados, e muito bem tratados, sem risco algum.
Para as próximas semanas, a perspectiva é de alguma realização de lucros na Bovespa, até pelo excelente desempenho no curtíssimo espaço de uma semana. Ainda assim, há outros fatores positivos, como, por exemplo, o crescimento da produção industrial um pouco acima do esperado e a manutenção de baixas taxas de desemprego. Esse estado de coisas parece mais perene do que apenas um ciclo curto e permite ao Brasil manter o crescimento acima da média mundial por algo como uma década, ainda que em 2011 haja uma desaceleração. Vamos nos manter atentos à Europa, mesmo com a situação se desenrolando favoravelmente e tenhamos em mente que esse segundo semestre vai ser bastante agitado com muitas facetas na economia nacional que podem e vão deixar o mercado de ações volátil. O câmbio deve seguir da mesma forma, pelo menos enquanto as regras forem as que estão postas!

Assessoria Ténica

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