quarta-feira, 13 de julho de 2011

Trem bala não decola!

Bola azul na caçapa do meio! Para quem joga um pouco de sinuca ou bilhar, sabe que essa jogada é uma daquelas manobras fáceis de se antever. É uma jogada tão óbvia que nem precisa ser “cantada”! Não houve interessados na licitação do Trem Bala brasileiro, que uniria Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro. Quem conhece o setor de empreiteiras e construção civil já tinha essas informações. Esse projeto, que parece moderno, remonta há mais de 20 anos de história. Foram inúmeras modelagens e são inúmeros os inconvenientes, a começar pelos custos vis-a-vis, o retorno esperado em fluxo de passageiros. Em suma, da forma em que está, não é rentável, e não será objeto de interesse privado. Aliás, não parece haver forma muito alternativa que torne o projeto efetivamente viável.

Essa tentativa de leilão começou a fracassar por ser de característica reversa, ou seja, venceria o leilão a empresa que propusesse a menor tarifa, sendo o teto R$ 199,73 por passageiro. Se ao menos fosse um leilão tradicional, poderia haver quem se interessasse e hoje saberíamos quais seriam os verdadeiros custos e a verdadeira tarifa de mercado. Os estudos que o governo fez para sugerir essa tarifa se mostraram equivocados, a ponto de que nenhuma empreiteira se interessou. Fornecedores de equipamento até que estavam interessados, mas não houve quem aparecesse para construir a estrutura e colocar os equipamentos sobre os trilhos e nas estações.
Conceitualmente, a proposta também não agradava. Se a motivação principal de interligar as cidades de Campinas, São Paulo e Rio de Janeiro era a de desenvolver a região, a escolha recaiu sobre o local errado. Por que o governo federal faria uma obra para desenvolver justamente a região mais desenvolvida do País? Não que a região não precise e nem queira desenvolver-se ainda mais, mas acontece que, como só haveria um projeto de Trem Rápido, se sua motivação fosse mesmo a de desenvolvimento local ou regional existiriam locais mais adequados. Na realidade, o trecho foi escolhido por sua demanda potencial que, em tese, viabilizaria o projeto, que tem mais de marketing e hedonismo do que de prático.

Ter um trem rápido seria de fato um orgulho, mas o País poderia pensar melhor em como investir recursos de infraestrutura, de forma a alavancar melhor o desenvolvimento. Se era uma prioridade de governo, esse projeto não parece uma prioridade popular, ainda mais na ligação entre São Paulo e Campinas, hoje servida por duas das melhores estradas do Brasil, ainda que já saturadas. Talvez um trem veloz, mas não tão rápido, fosse mais adequado ao público que se desloca diariamente entre Campinas e a Capital. Um trem confortável, que atinja 100km/h ou 150km/h seria mais factível de ser executado, num trajeto de 80 quilômetros e a preços que pudessem ser viáveis para viagens diárias ou corriqueiras.  Esse seria sim um projeto que melhoraria muito a vida da população que flutua entre Campinas e São Paulo, talvez o maior volume de deslocamentos diários nas estradas do País, mais do que entre Rio e São Paulo na ponte aérea.
Assessoria Técnica

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